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12/05/2023 às 22h42min - Atualizada em 12/05/2023 às 22h42min

Maio, Mês das Mães, Mês de Maria.

Maria Helena Ventura
“Maria ao pé da cruz, relembrava as circunstâncias maravilhosas em que o nascimento do seu filho fora anunciado, a premonição de Isabel, as profecias do velho Simeão. Repassou as cenas de infância do filho. Que fizera Jesus para merecer tão severas penas? – Pensava. Quantas vezes não o vira consolando os tristes que transitavam nas ruas empedradas. Lembra-se de um dia em que Ele havia convidado a ir a sua casa, dois conhecidos malfeitores do Vale de Mizhep e com que solicitude cuidará dos malfeitores como se fossem irmãos. Seus pensamentos foram cortados pelos gritos exaltados de populares que proferiam ameaças e ironias mordazes dilacerando sua alma delicada.

Após a morte de Jesus, Maria retirou-se para uma cidade chamada Bataneia. Passado algum tempo João, filho de Zepedeu, vai buscá-la, lembrando das palavras de Jesus na cruz: ‘Mãe, eis aí o teu filho; filho eis aí tua mãe’, para morarem numa casinha doada por um dos membros da família real de  Adiabene em cima de uma colina em frente ao mar Mediterrâneo, distando 3 léguas da cidade de Éfeso.

Ao cabo de algumas semanas, a casa se transformou num ponto de assembleias memoráveis. Maria relembrava a bondade de Jesus e João comentava as verdades evangélicas. Sua casa passou a ser chamada ‘Casa da Santíssima’. Ao ouvir os lamentos dos infelizes costumava dizer: “Isso também passa; só o Reino de Deus é bastante forte para nunca passar de nossas vidas”.

As pessoas começaram a construir suas choupanas perto de Maria. De Roma chegam notícias de que os cristãos estavam sendo queimados ou jogados como alimentos às feras em horríveis espetáculos. Uma tarde, quando orava, já avançada em idade, Maria viu quando aproximou-se o vulto de um pedinte. Minha mãe, disse o recém-chegado - como todos que a procuravam: ‘Venho receber a tua benção’. Maternalmente ela o convidou a entrar. O peregrino lhe falou do céu, das bem-aventuranças. Que mendigo seria aquele que lhe acalmava as dores secretas da alma? Nenhum lhe surgira, até então, para dar. Sempre para pedir alguma coisa. Onde ouvira noutros tempos aquela voz meiga e carinhosa? Foi quando, num transporte de ventura, ouviu o peregrino dizer: ‘Minha mãe, venho buscar-te pois meu Pai quer que sejas, no meu Reino, a Rainha dos Anjos!’.

O seu Espírito, liberto do corpo, ao sobrevoar o Tiberíades, lembrou-se que naquele recanto da natureza Jesus cantara o mais belo poema de vida e amor em homenagem a Deus e à humanidade. E nesse momento ela lembrou-se dos discípulos perseguidos e desejou abraçá-los nos calabouços sombrios. Maria se aproximou de um a um, participou de suas angústias e orou com suas preces, cheias de sofrimento e confiança. Sentiu-se MÂE daquela assembleia de torturados pelas injustiças do mundo. Viu anciães que confiavam no Cristo. Viu mulheres que por Ele haviam desprezado o conforto do lar. Jovens que colocavam no Evangelho toda a sua esperança. Os condenados experimentaram no coração um consolo desconhecido. Aproximou-se de uma jovem encarcerada, de rosto magro e macilento e disse-lhe ao ouvido: ‘Canta, minha filha!’. A triste prisioneira nunca saberia compreender por que a emotividade lhe fizera vibrar subitamente o coração. E através das grades poderosas ignorando a razão de sua alegria, cantou um hino de profundo e enternecido amor a Jesus. Daí a instante seu canto melodioso era acompanhado pelas centenas de vozes que, do cárcere, aguardavam os gloriosos testemunhos. Maria, então, alça voo rumo ao infinito acompanhada de centenas de espíritos angelicais que a rodeavam.  

Logo, a caravana majestosa conduziu ao Reino do Mestre a bendita entre as mulheres e, desde esse dia, nos tormentos mais duros, os discípulos de Jesus têm cantado na Terra, exprimindo o seu bom ânimo e a sua alegria, guardando a suave herança de nossa Mãe Santíssima.”

Boa Nova / pelo Espírito Humberto de Campos; [psicografado por] Francisco Cândido Xavier. – 36.ed. 7. Imp – Brasilia: FEB, 2013.

Em 1944 a viúva do escritor Humberto de Campos, D. Catharina Vergolino de Campos, ajuizou uma ação contra o médium Chico Xavier, reclamando direitos autorais sobre a obra e demais ditadas por seu falecido marido. O juiz do caso, Dr. João Frederico Mourão Russell estabeleceu que: “a existência da pessoa natural termina com a morte; por conseguinte, com a morte se extinguem todos os direitos e, bem assim, a capacidade jurídica de os adquirir”.

A mãe de Humberto de Campos, dona Ana Campos, em entrevista a O Globo de 19 de julho de 1944: “Não conheço nenhuma explicação científica para esclarecer esse mistério. Segundo ela, se a justiça reconhecesse o conjunto da obra psicografada como sendo realmente de Humberto de Campos, haveria de se pagar o direito autoral à família do escritor. Caso contrário, ‘os intelectuais patriotas’ fariam ato de justiça aceitando Francisco Cândido Xavier na Academia Brasileira de Letras.”
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Maria Helena Ventura é membro da AIL – Academia Imperatrizense de Letras.
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