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10/12/2021 às 21h43min - Atualizada em 10/12/2021 às 21h43min

UM GOL DIFERENTE

Phelippe Duarte
 
Quando moleque, na casa dos meus pais, lembro de uma cena que talvez tenha sido o que realmente mudou e moldou parte do meu caráter solidário e de meus princípios como ser humano. O caminhão do lixo na época passava segunda, quarta e sexta, e às vezes eles após coletarem o lixo, batiam a porta pedindo uma água. Apenas isso nada mais. Meu pai, certa vez ao pedir pra eu levar a água, disse o seguinte: paizinho, vem cá! Leva essas bolachas, esse refrigerante (deve ter me dado algo a mais, porém não me recordo. Mas um dos pacotes de biscoito, era bolacha creme craker) e tem outras coisas ali. Eu perguntei: Ué pai, isso tudo? Ele respondeu: Sim meu filho, e ainda é pouco. Dali em diante, uma semente foi plantada na minha cabeça. Aos poucos florescendo me fazendo prestar atenção em tudo ao meu redor. No que as pessoas tinham, no que as pessoas querem ter, a diferença de futilidade e necessidade, o que realmente importava para um ser humano, quando pedia algo ou parecia precisar de algo... fui entendendo aos poucos, que cada um de nós temos um mundinho, e mesmo reclamando desse mundo que tem tudo o que precisamos  e descartamos, existem pequenos outros mundinhos que não tem nada. Comecei a entender, que podemos fazer alguma coisa pelo próximo, até quando o próximo não espera e não pede. 

Meu pai faleceu em 2009, já contei essa história aqui algumas vezes. É inevitável não lembrar dele e do seu jeito único de ser. Desde que ele mudou de casa, fiz uma promessa comigo mesmo e com Deus: todos os anos, farei um jogo beneficente. Posso estar sem condições para realizar, mas vou fazer. Meu mundinho está bom. Existe uma realidade fora do meu universo. Pessoas com câncer, que não tem como se cobrir a noite. Pessoas com fome, que não tem nem restos para comer. Então fiz a promessa. Em 2012, faleceu Luis Brasilia, um mentor que tive na minha vida profissional. Inclui o velho Luis nessa parada de promessa. E hoje, neste domingo, realizo o 12 torneio beneficente, que fora dos campos, chamo carinhosamente de torneio Ferreira Brasília, em homenagem a dois caras que me ensinaram tudo o que podiam, em sua rápida e intensa passagem por aqui na terra. Agradeço aqui aos amigos que sempre me acompanham nessa jornada. Aos amigos que cedem o espaço, aos amigos que jogam bola num domingo cedo, até depois de uma noite de sábado daquelas. Esses caras, compraram meu sonho e a minha promessa, sem obrigação nenhuma, somente pelo simples fato, de compartilhar comigo, a vontade de mudar vários mundinhos. Obrigado turma. Você que reclama da sua vida, para e pensa: caramba, vou dormir tão bem. Vou acordar, tomar café. Vou almoçar. Fim de semana tomar uma gelada. E estou aqui, achando tudo ruim. Faça essa oração comigo, uma prece que eu faço, há algum tempo: 

Obrigado Meu Deus por tudo o que eu tenho e por tudo o que eu não tenho. 

Obrigado pelo que sou, e pelo que eu não sou. 

Obrigado pelas oportunidades dadas, e pelas oportunidades não dadas. 

Obrigado pela força, pela fé e por me permitir respirar. 

Obrigado pela minha saúde e pelo meu trabalho. Amém. 

Não importa se você não sabe jogar bola. A doação é o maior gol que você pode fazer na vida. Torne-se um Pelé da doação. Deus continue nos abençoando nesta caminhada, e que o seu mundinho, invada o mundinho de quem realmente precisa de ajuda. 

Phelippe Duarte administrador e publicitário
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