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30/06/2024 às 08h16min - Atualizada em 30/06/2024 às 08h16min

Desinformação sobre quebramento da haste da soja e de podridão de grãos foi desafio da última safra de soja

Lebna Landgraf (MTb 2903/PR)
Embrapa Soja
Neucimara, Karla e Brommonschenkel durante o painel - Foto: Claudio Nonaka/Arquivo Embrapa Soja
   
Em decorrência de uma indefinição sobre as causas dos problemas de quebramento da haste da soja e de podridão de grãos, na safra 2023/2024, houve muita desinformação circulando nas redes, afirma o  professor Sérgio Brommonschenkel (UFV), que participou de painel sobre o tema na Reunião de Pesquisa de Soja, promovida pela Embrapa Soja, de 26 a 27 de junho, em Londrina (PR). “Minha principal questão foi mostrar os diferentes sintomas que têm sido relatados e apontar os causados por fungos e aqueles causados por outros fatores (não biológicos)", esclarece o professor.

As ocorrências de quebramento de haste e podridão de grãos na cultura da soja têm sido relatadas com maior frequência nos últimos anos, sendo a podridão de grãos, desde a safra 2018/2019 na região médio-norte de Mato Grosso e em Rondônia, enquanto o quebramento de haste desde 2020/2021, também nessa região mato-grossense, assim como nos estados do Paraná e de Santa Catarina na safra 2023/2024.

Brommonschenkel afirma que os fungos que predominam, no caso da podridão de grãos e vagens são espécies de Diaporthe, Fusarium, Colletotrichum. “Esses fungos podem ser encontrados de forma latente nas plantas e causam sintomas na fase final do enchimento de grãos, em determinadas condições climáticas", explica.

Segundo ele, o problema da podridão ocorre em Mato Grosso, especialmente na BR 163, por conta da proximidade com o bioma amazônico que proporciona maior frequência de chuvas, ocasionando em maiores períodos de acúmulo de umidade no final enchimento de vagens. “Quando esses fatores coincidem, temos maior incidência da podridão de grãos e vagens”, diz.

Apesar dos desafios que envolvem a podridão de grãos e vagens, na safra 2023/2024, houve menor incidência do problema por conta da menor pluviosidade, em decorrência do fenômeno El Nino. “Desde que começamos a tentar identificar as causas e as estratégias de manejo para esses problemas, tínhamos o clima como fator determinante. A presença de molhamento na finalização do enchimento de grãos e na maturação é preponderante para se observar os sintomas”, explica a fitopatologista Karla Kudlawiec, da SLC Agrícola.

Tanto em Mato Grosso quanto no Paraná, dois importantes estados produtores de soja, na safra 2023/2024, os levantamentos demonstraram que a área de ocorrência de quebramento da haste foi pouco expressiva. No Paraná, o quebramento da haste foi constatado com certa intensidade na região do Vale do Ivaí, em áreas de baixa altitude, inferiores a 500 m, onde via de regra as temperaturas são mais elevadas. 

Quanto a podridão de grãos, Karla explica que não foi possível avaliar se a estratégia de manejo definida seria eficiente. “Não pudemos avaliar se os manejos estabelecidos, com a rotação de diferentes princípios ativos dos fungicidas, foi eficiente porque houve baixa incidência do problema”, ressalta.

Para abordar a seleção de cultivares para quebramento da haste e podridão de grãos, o painel contou com a participação de Neucimara Ribeiro, da GDM Genética. “Já fizemos vários testes para identificar a causa e tentativas de seleção de genótipos para o problema. Mas, como ainda não há certeza das causas, ainda precisamos aguardar para avançar”, explica.
 

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