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03/06/2024 às 18h25min - Atualizada em 03/06/2024 às 18h31min

WILLIAN MARINHO

HISTÓRIA E MEMÓRIA

Edmilson Sanches
Com a família, em seu aniversário em 14/03/2024 - Foto: Divulgação
 
O dia 14 de março não apenas marca o nascimento, em 1962, do jornalista e desportista imperatrizense, gestor de entidades esportivas e classistas e ex-servidor público Willian Cândido Barbosa (ou Willian Marinho, como era conhecido; “Marinho” era sobrenome do pai, seu João). 

Nesse mesmo dia 14 de março, em 1822, 140 anos antes de Willian vir ao mundo, nascia a italiana Teresa Cristina Maria de Bourbon, princesa real das Duas Sicílias, que, ao casar-se com o imperador brasileiro Dom Pedro 2°, tornou-se imperatriz do Brasil e, nesta condição, lá pela década de 1860 a 1869, intercedeu em favor da manutenção da povoação sul-maranhense de Santa Teresa como sede da região (que na época incluía Porto Franco, lugar também interessado em ser sede). 

“Santa Teresa” era, naqueles meados do século 19, o nome de Imperatriz, e o título nobiliárquico de Teresa Cristina terminou por ficar como denominação da nascente cidade e município. Agradecida pela homenagem, Sua Alteza Imperial Teresa Cristina presenteou a cidade com um conjunto de pesos e medidas finamente trabalhado em cobre, cuja maior parte das peças está no Museu Histórico e Artístico do Maranhão, para onde foram ilegalmente destinadas.

O ano em que Willian Cândido Barbosa nasceu, 1962, foi o ano em que a Seleção Brasileira de Futebol sagrou-se bicampeã, jogando no Chile a final contra a Tchecoslováquia, em quem batemos de 3 a 1.

Ainda no futebol, no mesmo dia, mês e ano em que Willian nasceu, 14 de março de 1962, nascia o francês Bruno Bellone, jogador da Seleção Francesa de Futebol. Bellone é aquele que, na final da Copa do Mundo de 1986, no México, chutou um pênalti, a bola bateu na trave, resvalou nas costas do goleiro paulista Carlos Roberto Gallo... e entrou no gol. O Brasil perdeu para França por 4 a 3 e dessa vez sequer passou das quartas de final. 

Como se vê, estava “escrito nas estrelas” – ou pelo menos na História... – que Willian Cândido Barbosa iria ser desportista, inclusive dirigindo entidades desportivas,  e iria ser jornalista, que, com seus registros diários, vincula Willian à História DE Imperatriz e à sua história EM Imperatriz.

Nascido em 14 de março de 1962, Willian Cândido Barbosa era o primeiro filho do casal Maria das Dores Cândida Barbosa e João Marinho Barbosa. Dª Maria, falecida em 5 de agosto de 2012, era gestora escolar, secretária do CESFA, o Centro Educacional São Francisco de Assis, considerada uma das melhores escolas da história de Imperatriz. Seu João, falecido em 18 de novembro de 2018, era servidor público. O casal João & Maria gerou outros dois filhos: Wanderson, vendedor autônomo, e Maria Adélia, que é pessoa com deficiência.

Willian tinha 22 anos quando casou-se em 23 de março de 1984 com Cláudia Regina Sipaúba de Sousa, pedagoga, que na época tinha 17 anos incompletos... e já gestante do primeiro filho do casal. Nascida em 11 de maio de 1967, Cláudia Regina é filha de Dª Carabu Sipaúba Sousa, do lar, e Manoel Faustino Sousa, comerciante. Moravam em Colinas (MA), até que um irmão de Cláudia Regina, Pedro Faustino, à época subgerente da loja local do Armazém Paraíba, pediu ou sugeriu aos pais para que a família se mudasse para Imperatriz. Pedro Faustino, além de reconhecido gestor de empresa comercial, fez história no mundo desportivo imperatrizense, também como gestor. 

A história do casal Cláudia & Willian começa com ele acompanhando-a com os olhos e, resoluto, dizendo ao amigo César Valadares, imperatrizense que é jornalista em Manaus (AM): “ — Ela vai ser minha mulher.” Até essa altura, discretamente, só Willian via Cláudia. Os dois se viram a primeira vez na Rua Coriolano Milhomem, do centro de Imperatriz. Mas não se falaram  —  ficou só no olhar... Cláudia Regina conta: “Fui a uma festa na [danceteria] Fly Back com minha irmã Teresa, que me apresentou o Willian como DJ [disc-jockey] da casa. Eu estava com meu namorado, Rubens, e fomos dançar uma música lenta e ele [Willian] olhou da cabine da casa noturna e colocou outro tipo de música. Me apaixonei por ele e terminei com o namorado. Namoramos pouco tempo e nos casamos no Cartório [...]”.

O casal teve dois filhos: Paulo Henrique Sousa Barbosa, que completará 40 anos em setembro de 2024, é graduado em Sistemas de Informação, com pós-graduação em Segurança de Informação e fazendo mestrado em Ciência da Computação. Essa formação e experiência levou o primogênito Paulo Henrique a ser consultor de empresas de Imperatriz na área de Tecnologia, além de professor em cursos de Computação há mais de uma década. Por sua vez, João Victor Sousa Barbosa, de 35 anos, vendedor autônomo, frequentou alguns cursos superiores, mas, ainda sem uma definição de em que quer se graduar, deixou temporariamente os estudos de 3º Grau sem concluir nenhum. Cláudia e Regina têm dois netos: Davi, de oito anos, e Benício, de cinco meses.

A covid-19 foi traiçoeira com Willian Marinho. A partir do primeiro caso da doença no Brasil, em 26 de fevereiro de 2020, até meados de 2022, o jornalista e desportista passou incólume, não pegou a “bicha”. É claro, ele se vacinava; já havia tomado até a quarta dose. Sobreviveu ao auge da pandemia... mas em 2022 a covid-19 veio e o pegou  —  e Willian “escapou”. De qualquer modo, quem sabe, mesmo tendo se curado da covid-19, não haja iniciado com ela e suas sequelas o processo que oportunizou a chegada ou o desenvolvimento de outros males, que foram debilitando o jornalista até seu suspiro final...

Para infundir mais ânimo no espírito do Willian, a família o levava para um sítio em uma ilha do rio Tocantins. E nada. Aí, de mansinho, lhe sobreveio a depressão, e o Willian sequer tinha apetite para sair do quarto de sua casa. Era o início do segundo semestre de 2022. Vieram as consultas com especialistas em Psicologia, Neurologia, em Imperatriz. Antes, já tinha se consultado em São Paulo (SP), no Hospital Israelita Albert Einstein, onde a médica constatou diabetes descompensada. 

Os exames com o neurologista imperatrizense confirmaram que, mesmo sem o paciente Willian o saber, ele já havia tido seis AVCs isquêmicos e um princípio da doença de Alzheimer, em fase moderada ou estádio inicial. O laudo do especialista, datado de 23/11/2023, atesta que “Willian Cândido Barbosa, hipertenso e diabético, com transtorno neurocognitivo em fase moderada, com comprometimento das funções de linguagem, fluência verbal, memória, cálculo, orientação, proxia [capacidade de reconhecer/interpretar informações sensoriais], gnosia [capacidade em executar movimentos e gestos fonoarticulatórios precisos]. // Durante investigação foi identificada doença cerebral vascular isquêmica.” Depois de registrar informações mais técnico-científicas, o laudo encerra de modo desalentador: “Quadro neurológico é compatível com síndrome demencial de origem vascular por isquemias, sem prognóstico de cura.”

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico ocorre quando há ou diminuição ou suspensão do fluxo de sangue (irrigação sanguínea), reduzindo ou impedindo a chegada de oxigênio para as células do cérebro. Há números que dizem que o AVC isquêmico é o mais comum, com 85% dos casos, ficando os demais 15% para o AVC hemorrágico, que é quando há rompimento do vaso sanguíneo no cérebro, provocando hemorragia  —  é um Deus nos acuda... Já o Mal de Alzheimer é doença neurodegenerativa ainda sem causa definitivamente estabelecida, tendo a ver com genética e com problemas no processamento de proteínas. Reconhecida pelo psiquiatra e neuropatologista alemão Alois, ou Aloysius, Alzheimer (1864—1915), a doença causa, entre tantas coisas mais, perda de memória e mudanças no humor ou na personalidade, resultando, até, em afastamento de familiares e amigos. Era por isso que o Willian tanto queria permanecer em seu quarto, quietinho...

Como se disse, parece que a covid-19 “abriu as portas” para outras doenças amigas dela e inimigas nossa. Vieram alterações na pressão, descompensação na diabetes... Mais consultas com médicos da Cardiologia e Neurologia... 

Willian Marinho parou de escrever. Era óbvio: cuidar da saúde e ficar quieto em seu canto era o mais recomendável, pois afastava o estresse da busca de fatos e a produção de textos, o esgotamento do tempo industrial para preparar e enviar a notícia, a coluna de jornal... A direção do jornal fazia visitas regulares ao antigo colaborador e providenciou aparelho para auxiliar em exercícios e na locomoção, pois era alto o risco de quedas.

Mas há males que vêm... para abrir portas para outros males. Em dezembro de 2022, William Marinho passou o período de Festas (Natal e Ano Novo) internado no Hospital Macrorregional de Imperatriz e também sendo atendido em UBS (Unidade Básica de Saúde) do bairro Vila Nova. Desta vez, eram os pulmões que estavam com problemas...

Em junho de 2023 o quadro melhorou um pouco. Mas, voltar a trabalhar, nem pensar  —  embora o sangue jornalístico de Willian pedindo o tempo todo. A esposa, Cláudia Regina, confirma: “Ele tinha vontade de trabalhar; a mente estava ativa mas o corpo não acompanhava.” Sim... Mente sã em corpo são  —  era a resposta/recomendação do poeta romano Décimo Júnio Juvenal, que viveu no 1º e 2º séculos de nossa Era. Juvenal respondia à questão acerca do que as pessoas deveriam desejar na vida: “Deve-se pedir em oração que a mente seja sã num corpo são” (“Orandum est ut sit mens sana in corpore sano”).

Dando um salto no tempo, no dia 19 de maio de 2024, um domingo, os males de que padecia Willian Marinho preparavam-se para o golpe final, fatal. Ali, no corpo do Willian, nos escondidos mundos de órgãos, tecidos, células, organelas, compostos, moléculas e átomos, esta hierarquia físico-químico-biológica dentro de cada um de nós, nesse universo interior e íntimo que não é visto a olho nu nem vestido, só com ajuda de aparelhos potentes, ali, nos 20 bilhões de quilômetros de DNA, 110 quatrilhões de células e 7 octilhões (ou 7.000.000.000.000.000.000.000.000.000) de átomos, tudo isso que constitui cada ser humano começou, em parte, uma conspiração contra Willian Marinho  —  conspiração que o derrubaria no dia seguinte, tão fragilizado se encontrava o jornalista.

Cláudia Regina conta: “No dia 19 de maio de 2024 senti que o Willian estava ‘aéreo’, sem vontade de comer e com as feições estranhas, como se estivesse tendo um infarto. Liguei para meu filho João Victor, que veio de imediato e levamos Willian para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Teve atendimento e exames. Aferição de pressão e glicemia estavam normais. Tomou soro e, posteriormente, fomos para o Socorrão [Hospital Municipal de Imperatriz]. Foram feitos exames e só deu uma alteração  —  seria uma possível infecção. Passamos na farmácia e compramos remédios pra ele; daí fomos pra casa. Tomou vitamina e sopinha batida no liquidificador, pois se recusava a comer. Eu e meu filho João Victor ‘forçamos’ ele a comer. Tomou os remédios e depois dormiu. Fiquei de observação durante a noite e constatei que ele dormiu bem. Pela manhã, chamei ele para tomar café com vitamina, fibras, frutas, e ele comeu bem.”

Mas já era o dia 20 de maio de 2024... Dia do enfrentamento do Grande Mistério  —  a morte e o após ela. Cláudia Regina descreve os instantes finais da vida de Willian Marinho: “Ele foi pro quarto, sentei ele em uma cadeira e dei os remédios receitados pelo médico. Passados alguns minutos, ele começou a ficar pálido, sem cor e fechando os olhos. Vi a temperatura dele e constatei que os braços estavam gelados. Pedi a ele pra falar comigo. Neste momento meu neto Davi disse: ‘ — Vovó, ele está dormindo e parece que não quer acordar’. Minha cunhada disse: ‘ — Manim, fala com a gente’. Foi quando liguei para o pastor Enoque Felício e pedi pra ele vir à minha casa. Quando ele chegou, disse: ‘ — É, irmã Cláudia, o irmão Willian está sem funções vitais. Vou chamar o SAMU [Serviço de Atendimento Médico de Urgência]’”.

O óbito foi confirmado pelos profissionais do SAMU. “Não estava preparada para isso”, confessa Cláudia Regina  — (e quem está, meu Deus?!). “Fiquei sem chão  —  continua —, mas confiando em Deus, que Ele sabe o que faz. Perdi o marido, pai presente, avô maravilhoso e uma pessoa inesquecível, que vou amar para sempre. A Igreja perdeu um diácono e obreiro exemplar. A sociedade foi calada sem a voz e a presença de um homem trabalhador.“

A Certidão de Óbito registra que a morte se deu na residência do falecido. Também traz, como “causas da morte”, indicando o número da CID, a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde: “Hipertensão essencial (primária); Acidente vascular cerebral, não especificado como hemorrágico ou isquêmico; Sequelas de infarto cerebral; e Diabetes Melittus insumo-dependente (sem complicações)”. Um verdadeiro “motim” de doenças levou Willian Marinho à morte. 

Até 2010 Willian Marinho professava a religião católica. Era amigo de muitos sacerdotes, entre os quais padres, como Felinto Elisio Correia Neto, um dos mais antigos da Diocese de Imperatriz, e bispos como Dom Felippe Affonso Gregory e Dom Gilberto Pastana. Depois de quase meio século no Catolicismo, Willian, em 2010, converteu-se para o Evangelismo. Ele congregava na Igreja Evangélica da Assembleia de Deus, Congregação Betel, na Rua Tamandaré, no bairro Jardim São Luís, que fica próxima à residência do casal. Não foi por influência da esposa, que já era evangélica (após tratamento de saúde que a levou a São Paulo). Não foi a convite de nenhuma pessoa. Como diz Cláudia Regina, foi uma conversa íntima entre Deus e ele. Aqui e acolá, Willian acompanhava a esposa aos cultos. Em 2010, após uma pregação, onde sequer houve pedido de conversão, Willian simplesmente foi para a frente e disse claramente que queria “aceitar Jesus”. Em 14 anos, a Igreja ordenou-o diácono, que é um dos principais cargos na Igreja Evangélica  — Pastor, Bispo, Presbítero/Ancião, Diácono e Missionário. (Entretanto, diferentes Igrejas, diferentes hierarquias; há distinções de ordem, dependendo da Igreja e Congregação). Entre as atribuições dos diáconos, em geral baseadas na Bíblia, estão ensinar, pregar, oficiar cerimônias, oferecer cuidado pastoral e ajudar o presbítero.

Willian era torcedor, primeiro, da Seleção Brasileira; depois, do Sociedade Imperatriz de Desportos, o “Cavalo de Aço”, que ele dirigiu; e ainda, de São Paulo, a Sociedade Esportiva Palmeiras, e, do Rio de Janeiro, o Club de Regatas Vasco da Gama. Com a mulher, e depois da pandemia de covid-19, esteve no Allianz Parque, a arena multiuso construída pelo Palmeiras e inaugurada em novembro de 2014, onde se realizam espetáculos artísticos, concertos musicais, eventos corporativos e, é claro e principalmente, partidas de futebol do time do Palmeiras.

Em vida Willian foi alvo de diversas homenagens em sua terra natal. Entre elas, em 2016, foi-lhe concedido, pela Prefeitura Municipal, o “Troféu Jurivê de Macedo”, por haver se distinguido “por serviços de excepcional relevância prestados à Cidade de Imperatriz, concorrendo para o bem-estar social e grandeza material e espiritual de seu povo”. 

Willian Cândido Barbosa graduou-se em Direito. Em dezembro de 2020 defendeu o tema de sua monografia, na área do Serviço Público: “A Gestão Pública e o Crime de Concussão”. A concussão é o crime que um servidor público comete ao receber dinheiro indevido ou ao obter vantagens, serviços ou qualquer outra coisa, sejam esses dinheiro e vantagens destinados para o próprio servidor ou para terceira pessoa. Os professores avaliadores que formaram a banca foram Wilker Batista Cavalcanti, também o orientador, e Marilene Sousa Santos.

Em março de 2023 Willian Marinho deixou de escrever no jornal “O Progresso”, do qual era funcionário há décadas. Na mesma época deixou de apresentar seus programas na TV Cidade Esperança. Dez anos antes, em 2013, saíra da Rádio Mirante e foi assumir a TV Tocantins, do grupo empresarial do médico e empreendedor Antônio Leite Andrade e sua mulher, a professora doutora Dorlice Souza Andrade  —  o casal também amigo de Willian.

Homem de palavra  —  escrita e verbal, no jornal e em rádio e TV —, Willian Marinho, pode-se dizer, morreu mudo, “bem quietinho”, como lembra a mulher, Cláudia Regina. Foi pro quarto e, depois de sentado em uma cadeira, como disse o neto Davi, estava dormindo e não queria acordar. Sim, daquela vez, o lugar de acordar seria outro... 
Willian humanamente não “deu trabalho” em sua morte e jornalisticamente não deixou palavras finais para a posteridade. Apenas suspendeu suavemente a agulha que tocava a canção da sua vida  —  assim como, quando era DJ em danceteria, ele de repente fazia...

...Sobretudo se fosse para chamar a atenção de alguém no salão  — a mulher com quem queria se casar...

***

Durante décadas Willian Marinho fez notícia. Com sua morte, é a notícia que o faz. Willian deixou de escrever para ser (d)escrito.

Pelo mais indesejado dos motivos  — e, ao mesmo tempo, o mais certo e inescapável deles: a morte —, William Marinho, jornalista, radialista, desportista, gestor de Entidades desportivas e classistas, bacharel em Direito, colega, amigo e parceiro em diversos ideais e lutas, deixou de, jornalisticamente, contar histórias e passou, historicamente, a ser uma delas.

Em 20 de maio de 2024, morreu Willian Cândido Barbosa, o Willian Marinho. Nascido em 1962, ninguém imaginaria que esse ano não apenas anunciava a chegada de Willian ao mundo como, também, por misteriosos arcanos, “embutia” nele, ano, um presságio com tempo certo para acontecer: Willian viveria 62 anos. 

William Marinho deixou viúva Cláudia Regina Sousa Barbosa, com quem estava casado há 40 anos, desde 23 de março de 1984. Do casal sobrevieram os filhos Paulo Henrique Souza Barbosa e João Victor de Souza Barbosa e netos.

Na Imprensa, Willian Marinho teve contínua e grande participação profissional. Ingressou no jornalismo em 1979, na “Gazeta de Imperatriz”, jornal que começou a circular em Imperatriz em 25 de fevereiro daquele ano, na direção o empresário do ramo imobiliário Gerardo Marinho Lopes e, na edição, Wilton Alves Ferreira (o Coquinho). Depois, Willian, trabalhou na Rádio Imperatriz, cobrindo o setor de Esportes; no “Jornal do Tocantins”, também de Imperatriz. Em São Luís (MA), Willian Marinho trabalhou nas rádios Timbira e Difusora e no jornal “Diário do Povo”. De volta a Imperatriz, em 1980, foi para a sucursal do “Jornal de Hoje”, diário de São Luís, e para o jornal “O Progresso”, onde se manteve como repórter e colunista até o final da carreira. Em 1987, foi diretor e editor do “Jornal da Cidade”, que ele publicava em Açailândia (MA). 

Em “O Progresso” destacou-se como colunista social e, na coluna “Fora da Pauta”, de política e cidade. (Em 1999, cheguei a substituir o Willian nessa coluna, em suas férias, quando também substituí, na coluna “Bastidores”, o à época editor do jornal, Luiz Duarte, por licença-paternidade. 

Willian Marinho entrevistou-me diversas vezes em seus programas em redes locais de televisão. Em suas colunas (social e política) fez registros sobre diversas ações que empreendi em e por  Imperatriz. Chegou a dispensar para mim diversas manifestações de apoio, como, por exemplo, na histórica campanha que, quase solitariamente, por meio do jornal “O Progresso”, empreendi em 1999 contra a extinção do núcleo de Imperatriz do Hemomar (banco de sangue do Governo do Maranhão). 

Mais de 20 artigos escrevi após saber da terrível pretensão e quase crime de pessoas bem-postas na sede do Hemomar em São Luís, que queriam porque queriam transformar o hemonúcleo imperatrizense em apenas um posto de coleta de sangue (que depois seria analisado e classificado em São Luís, de onde só depois viriam para Imperatriz, com todo custo de burocracia e de vidas. Esse brutal “nonsense” quase se materializou. Gente de Imperatriz morreu em hospital em razão disso. Consegui atestado de óbito e outros documentos que comprovavam o desleixo homicida daquela parte da burocracia estatal. Por fim, meus textos, via “O Progresso”, chegaram ao conhecimento de quem mandava mesmo no Governo estadual. Resultado: assessores foram demitidos na capital e o Hemomar de Imperatriz se manteve. E o Willian Marinho, à época assessor na estrutura estadual do Governo maranhense em Imperatriz, estava nos bastidores, dando-me, e a Imperatriz, o apoio possível. Relatei no dia 6 de outubro de 1999, em “O Progresso”, no primeiro parágrafo do artigo “Final (ou um novo começo) de uma história de sangue”:

“Durante a inauguração do “Farol da Educação” ontem, 5 [de outubro de 1999], eu não sabia que estava sendo alvo das (boas) preocupações do jornalista William Marinho, desde as 6 horas da manhã. O esforçado assessor de imprensa da Gerência de Desenvolvimento Regional de Imperatriz (Gedrim), todo pressuroso e demonstrando um contentamento próprio de quem, sem trocadilho, vai dar uma boa notícia, procurou-me e anunciou: “Por determinação do Gerente Antônio Carlos Frota, quero levar você para apresentar ao gerente estadual João Abreu”. Disse mais: “A última pessoa de São Luís que não queria a autonomia do Hemonúcleo de Imperatriz foi exonerada.” E resumiu, com o exagero que a alegria dessas horas concede: “Teus artigos derrubaram o pessoal de São Luís”. [...]”.

Além de assessor da Gerência Estadual de Desenvolvimento Regional do Tocantins, órgão do Governo do Maranhão, Willian Marinho foi assessor de Comunicação Social da Prefeitura de Açailândia (administração Raimundo Pimentel Filho) e, com espírito sociocomunitário, desportivo e classista, foi também presidente da Associação de Imprensa da Região Tocantina, entidade que fundei em Imperatriz em meados dos anos 1980, e foi vice-presidente e presidente da Sociedade Atlética Imperatriz (time de futebol profissional fundado em 1962 com o nome de Imperatriz Atlético Clube, hoje Sociedade Imperatriz de Desportos, também conhecida carinhosamente “Cavalo de Aço”). Willian também já havia dirigido equipe de futebol de salão (futsal).
A melhor definição de Willian Marinho foi feita por... Willian Marinho  —  que, sobre si mesmo, resumiu:

“Bom, sou jornalista, radialista e  bacharel em Direito. Gosto de tudo um pouco e quero um novo estado para Imperatriz continuar crescendo. Sou Palmeirense e Cavalo de Aço. Casado e pai de dois rapazes.”

 
EDMILSON SANCHES
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