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27/05/2022 às 22h37min - Atualizada em 27/05/2022 às 22h37min

EMOÇÃO É QUASE TUDO

Elson Araújo
 
Se os corpos sofressem apenas com a ação natural do tempo, e se limitassem a receber os beijos do sol, do vento, do frio, e do calor, talvez durassem mais um pouco. Mas eis que fomos temperados com uma coisa chamada emoção, que a depender do contexto, aceleram o processo de desgaste corporal e pode nos aproximar antecipadamente do fim. Se o bombardeio fosse apenas das boas emoções, o jogo poderia ser diferente, até porque elas, já foi provado, também prolongam a vida. O problema é que, infelizmente, no mundo moderno vivemos sob o império das emoções ruins.

Pensei muito sobre este tema na semana que termina. Como seria o homem, e consequentemente o mundo, sem as emoções? Os corpos (a vida) poderiam durar mais um pouquinho, mas aí apareceria um sério problema: É que Privados das emoções despencaríamos da escada da evolução. Seriamos igualados aos irracionais. Penso, logo me entristeço, me alegro, fico zangado; amo e odeio. Eis-me aqui humano, em carne, sangue, ossos e emoções e brindado, conforme o pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia, ser a imagem e semelhança de Deus.

Humano sim, mas tem momentos em que o humano desce do salto, não é mesmo? É quando as feras que habitam na gente se libertam. Aí, saia da frente! Transborda a irracionalidade. Já pensou matar pelo simples prazer de matar? Os brutos não fazem isso. Ou atacam, ou matam para se defender, ou para matar, matar a fome.

Nessa batalha permanente entre o ser racional e o ser irracional, aparece a real necessidade da busca pelo autoconhecimento, um caminho inicial para a gente aprender a lidar com as emoções, domá-las, se preciso for. Que como já se sabe, salva, mas também mata.

Não há como fugir: somos serem racionais com inúmeros gatilhos para a irracionalidade. Há séculos essa faceta humana foi percebida. Em 2008, ousei escrever um pequeno texto sobre o tema. Relendo esta semana vi que ainda tem muita coisa de atual nele. O texto, que ainda pode ser acessado na internet, carrega o título de Emoção é quase tudo e foi dividido em duas partes. Destaco a seguir um pouco do primeiro trecho.

Tenho observado a instabilidade emocional que toma conta, às vezes, de diversas pessoas com quem convivo, incluindo eu mesmo. Essa observação fez com que chegasse à seguinte conclusão: de todos os aprendizados um dos mais importantes é o aprendizado emocional; ainda não priorizado como deveria, mas que a cada ano, com a evolução ou involução da sociedade, faz –se necessário. As emoções, não é nenhuma novidade, formam o mote que desencadeia os sentimentos que movimentam a vida.

O homem é carne, osso, sangue, mas também é emoção. Talvez o grande drama da humanidade seja não somente o controle, mas a educação das emoções. Haward Gardner, o estudioso das inteligências múltiplas, e Daniel Golemam (inteligência emocional) são gurus dessa tese; no entanto, há 2300 anos o filósofo grego Aristóteles já defendia a necessidade de o homem se educar emocionalmente ao dizer, certa vez que “qualquer um pode zangar-se, isso é fácil, mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa e da maneira certa, não é fácil”.

O grego tem razão...Não é fácil se adequar, ou se educar a esse sistema; sendo mais um motivo para que o homem, de forma consciente, lute para ser mais inteligente emocionalmente, aprenda a lidar com suas emoções, e assim viver melhor e evitar injustiças consigo e com os outros.

As emoções matam, mas também salvam vidas! O filme da sociedade moderna revela a dificuldade que a as pessoas têm de lidar com suas emoções e de se reeducarem emocionalmente. Como já afirmava Aristóteles, isso não é nada fácil, mas vale a pena tentar.
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