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09/08/2021 às 20h29min - Atualizada em 09/08/2021 às 20h29min

Somatização tem sido frequente durante a pandemia

Iracilda Viana, Psicóloga e Docente UFMA
 
O conceito de somatização ainda é bastante discutido entre estudiosos do assunto. Segundo o médico Avelino Rodrigues do Departamento de Psicologia da USP, em live apresentada em junho de 2021 pela Universidade Virtual do Estado de São Paulo, o conceito se situa entre diferentes saberes de várias ciências. A somatização pode ser compreendida como fenômeno ou como transtorno, envolvendo processos mentais e somáticos. A nível de processos mentais podemos considerar as emoções, o medo, raiva, tristeza, e outros componentes da subjetividade. A nível de processos somáticos temos as disfunções muscular e motora, hormonal, circulatória. A somatização como transtorno tem sido identificada com frequência nesse período de pandemia. Cada vez mais tem chegado pacientes em Unidades de Pronto Atendimento ou Pronto Socorro   hospitalar com queixas somáticas para o qual não se encontra uma explicação orgânica. Os exames em geral se encontram dentro da normalidade. Estudos apresentados na referida live referem que a somatização representa cerca de 26% dos transtornos presentes na atenção primária em saúde.  É importante destacar a importância de estarmos atentos para as manifestações que são expressas no corpo e que não se constituem como doenças, mas que pode alterar a função de um órgão, consideradas como síndromes funcionais. Médicos que atendem em Pronto Atendimento têm identificado com relativa frequência nesse período de pandemia um crescente aumento de pessoas com queixas somáticas que se assemelham aos sintomas da COVID-19. 

Durante uma situação de pandemia especialmente com a magnitude da COVID-19, é esperado que possamos nos sentir ameaçados, amedrontados, confusos e estressados. Parte desses sentimentos deriva da situação real de perigo diante da magnitude da doença e do alto nível de transmissibilidade. Cada um reage à sua maneira, porém estudiosos relatam que há reações que são mais frequentes como: medo de adoecer ou morrer, de ver morrer pessoas queridas, de perder emprego e não ter como manter a subsistência, de ficar isolado dos demais entre outros. Podem ocorrer mudanças em relação ao sono como insônia ou sonolência excessiva, falta de apetite ou comer em excesso, irritabilidade, intolerância e agressividade. O que podemos fazer para lidar com esses sentimentos e reações? O mais importante é reconhecer o que está acontecendo e preferencialmente compartilhar com alguém de sua confiança. Importante lembrar que expressar esses sentimentos é uma das formas de reduzir a possibilidade de somatização; fazer atividades físicas, manter vínculos mesmo que por meios virtuais; praticar ações solidárias, de ajuda a quem precisa, desenvolver a generosidade, cuidar da parte espiritual da maneira que lhe traga sentimentos positivos. Como bem afirma Pierre Weil, renomado psicólogo francês, “O corpo fala”.
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