04/08/2021 às 19h17min - Atualizada em 04/08/2021 às 19h17min
Frei Deusivan dos Santos Conceição
“Esperança é como planta que você tira do vaso”
Raimundo Primeiro
Frei Deusivan dos Santos, pároco da Igreja São Francisco de Assis - Foto: Maurício Martins
A seguir, a íntegra da entrevista com o frei Deusivan dos Santos
O PROGRESSO – Sobre esperança em tempos de pandemia? O que o Sr. tem a falar?
FREI DEUSIVAN – Esperança é como uma planta que você tira do vaso, coloca na terra, faz uma proteção, coloca adubo, e rega todos os dias. Proteger, adubar e regar todos os dias a esperança que existe em cada um, em cada uma de nós, é o princípio básico para se manter de pé nestes tempos de pandemia, onde as sombras insistem em ocupar espaços da luz; onde o ódio insiste em querer reprimir a alegria; onde o fanatismo insiste em suprimir a razão.
A covid-19 forçou o ser humano a encarar o maior desafio de sua existência: conhecer e reconhecer a si mesmo, sem maquiagem, sem máscara; a entrar em contato com a compaixão, com o perdão mútuo; e reencontrar a sua identidade, enquanto seguidor/a de Jesus de Nazaré, enquanto guardião/ã da Casa Comum, sua verdadeira vocação, a tanto tempo esquecida. O momento pede vigilância aos pedidos desesperados de saúde, da própria Organização Mundial da Saúde.
O PROGRESSO – Conscientização em defesa da vida?
FREI DEUSIVAN – A conscientização em torno da defesa da vida deve ser refletida ao redor das mesmas. Estamos tendo a grata oportunidade de, em família, refletirmos sobre nossa culpa nesta pandemia. Os seres humanos são os únicos culpados por tudo o que está acontecendo, pois estamos destruindo a natureza.
O Papa Francisco alerta-nos: o cuidado dos ecossistemas requer uma perspectiva que se estenda para além do imediato, porque, quando se busca apenas um ganho econômico rápido e fácil, já ninguém se importa realmente com a sua preservação. Mas o custo dos danos provocados pela negligência egoísta é muitíssimo maior do que o benefício econômico que se possa obter benefícios significativos, fazendo o restante da humanidade, presente e futura, pagar os altíssimos custos da degradação ambiental.