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27/02/2021 às 00h00min - Atualizada em 27/02/2021 às 00h00min

Não se mate por “chifre”

Ricardo Coelho
Talvez alguns estranhem o título, mas o certo é que muitos se matam quando não são correspondidos em seus amores, principalmente quando envolve traição - o vulgar “chifre”. A história está cheia de casos de homens e mulheres que em algum momento da vida, quando foram traídos ou traídas, não resistiram as dores da paixão e deram cabo à própria vida. Na literatura alemã tem um caso muito conhecido de um jovem chamado Werther que não foi correspondido em seu amor e se matou na frente de todos.

Mas o que a filosofia diz sobre os “chifres”? Vale a pena alguém se matar quando se sente traído por seu parceiro/a? A resposta é não! Voltemos à Grécia Antiga, berço dos grandes filósofos. Lá, Aristóteles afirmava que ninguém pode se matar por “amores”, pobreza e dores, conforme afirma Puente: “O homem que se degola o faz por causa da ira, agindo, por conseguinte, contra a reta razão e, por isso mesmo, contra a lei. Morrer para fugir da pobreza, dos amores ou das dores não é sinal de coragem, mas antes, de debilidade”.

É possível que as dores do “chifre” seja uma das piores(talvez seria interessante as pessoas que têm essas dores nos contar em detalhes), mesmo assim elas não revelam sinais de coragem. Se não é sinal de coragem, pode ser de covardia consigo mesmo. Primeiro, ninguém é proprietário de ninguém. Mas quando alguém perceber que não dá mais pra caminhar com seu parceiro/a, essa pessoa tem o direto de fazer suas escolhas e o seu parceiro/a não pode pensar que o mundo desabou sobre sua cabeça.

Sendo sinal de debilidade, conforme nos mostra Aristóteles, necessário será entendermos melhor essa palavra. No latim está relacionada com falta de firmeza. Ora, claro que o termo debilidade se refere a falta de forças físicas também, mas não somente isso, pois pode envolver franqueza moral, ou seja, atitude não coerente com a realidade. Mas a palavra nos remete a frouxidão, característica marcante de quem é fraco, mas no sentido de convicção, de clareza do certo e errado, já que pode significar “fraqueza moral”. A moral já sabemos: “é disposição do espírito para agir com maior ou menor rigor diante de circunstâncias difíceis”. Logo, a fraqueza disso, leva o indivíduo a não agir com maior ou menor rigor diante de circunstâncias extremas, como é o caso do “chifre”, conclui-se, portanto, que não devemos nos matar por causa dele, caso tenhamos.
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