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25/12/2020 às 00h00min - Atualizada em 25/12/2020 às 00h00min

A incompreendida Covid-19

Mario Eugenio Saturno*
Trabalhar em uma instituição de pesquisa tem suas vantagens: o acesso a informações, especialmente as novas pesquisas da Covid-19. E são muitas as pesquisas desmentindo qualquer eficácia da família da cloroquina, coisa que muitos médicos negadores não aceitam... Como se resultados científicos fosse algo da opinião médica pessoal. Aliás, negar a realidade não é uma doença mental? É de assustar a quantidade de médicos que parece não entender o método de teste duplo-cego, o uso do placebo, etc.

A Covid-19 causou mais de 170 mil mortes, mas muitas pessoas ainda não entendem a gravidade da doença e agem como quando diziam que morreriam “somente” oitocentas pessoas e não seria mais que uma gripezinha. E, mesmo com vacina, devem morrer ainda mais de 130 mil brasileiros, ainda assim sem comover os chamados negacionistas.

Procurando compreender o porquê de a doença matar mais velhos do que jovens e mais homens do que mulheres, eu analisei os dados do Registro Civil dos Cartórios e descobri que isso não é verdadeiro. Eu não sou cientista médico, mas sei matemática, sei metodologia e sei analisar dados. Análise que pode salvar vidas.

De 01/01 a 24/11/2020, entre aqueles com idade entre 20 e 39 anos, vê-se que a Covid ceifou 6.390 vidas, mas entre 70 e 79, foram 41.733 mortos, 6,5 vezes mais mortos. Só que, se observarmos os mortos por todas as causas, dos 20 a 39 anos, morreram 47.108 pessoas, e dos 70 a 79, foram 211.201, uma proporção de 4,5, não muito diferente da observada para a Covid. Ao montar uma tabela com as quantidades de mortos por faixa de idade de dez em dez anos, por todas as causas e por Covid-19 e calcular a relação, descobre-se coisas interessantes.

A primeira é que morreram mais crianças menores que dez anos (25.874) do que dos 10 aos 19 (4.978) e dos 20 aos 29 (16.875), somados. Este último, explica-se por acidentes de veículos e violência, mas o que mata tanto as crianças?

Nas faixas de idade seguintes, vê-se que morrem muito mais velhos do que jovens. Por esta razão, olhar os números de mortes por Covid-19 por faixa sem uma ponderação, uma razão, uma proporção matemática é ser enganado como todos estão sendo e falo de jornalistas, cientistas e pessoas em geral, especialmente os jovens.

A proporção de mortes por Covid em cada faixa, dos 30 aos 89 anos, difere pouco. Das mortes observadas na faixa dos 30 a 39 anos, são 15,9% de Covid, dos 40 a 49, são 17,9%, dos 50 a 59, 18,5%, dos 60 a 69, 20,1%, dos 70 a 79, 19,8% e dos 80 a 89, são 16,9%. E outra coisa interessante, dos 90 a 99 anos, morreram 12,7% de Covid e acima de 100 anos, a proporção cai para 8,5%. De 0 a 9 anos, 2,3%, de 10 a 19, 7,9% e de 20 a 29, 9,4%. Percebe-se que morrem mais adultos jovens que idosos mais velhos.

Comparando as mortes por faixa e por sexo, a planilha mostra que, antes dos 40, proporcionalmente, a Covid mata mais mulheres do que homens, chegando ao dobro na faixa dos 20 aos 29 anos, com 14,5% contra 7,1%. Mais um mito que cai quando analisado corretamente, ou seja, contra o total de mortes por faixa de idade.
*Mario Eugenio Saturno (cientecfan.blogspot.com) é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano
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