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18/12/2020 às 00h00min - Atualizada em 18/12/2020 às 00h00min

Sagrima e Embrapa Cocais assinam acordo de cooperação técnica com foco na cadeia produtiva do arroz

Representantes da Sagrima e Embrapa Cocais assinam acordo de cooperação técnica

Assessoria
Foto: Divulgação
A Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Pesca do Maranhão (Sagrima) e a Embrapa Cocais (São Luís, MA) estabeleceram um termo de cooperação técnica com foco na cadeia produtiva do arroz para alavancar a produtividade e a qualidade do arroz produzido no município maranhense de São Mateus. O convênio foi assinado, na semana passada, pela chefe-geral da Embrapa Cocais, Maria de Lourdes Mendonça, e pelo secretário da Sagrima, Sérgio Delmiro.

A Embrapa Cocais irá transferir tecnologias da Embrapa disponíveis para a cultura do arroz por meio da implantação de Unidades de Referência Tecnológicas (URTs) como vitrines tecnológicas da Embrapa e de capacitações de multiplicadores. 

“Esperamos contribuir para a retomada da rizicultura maranhense, que tem grande importância socioeconômica e cultural e já esteve em primeiro lugar na produção do país. Será uma troca muito profícua: o Estado entra com os técnicos, produtores e a área de plantio e a Embrapa com as tecnologias disponíveis, inclusive cultivares de arroz adaptadas para as variadas condições edafoclimáticas regionais do nosso estado”, explicou Maria de Lourdes. 

A cooperação iniciará com planos de ação na área de rizicultura, mas depois será ampliada. “Mais para frente, a próxima linha de trabalho será na área de fruticultura em Sistemas Agroflorestais [SAFs]”, adiantou a chefe da Embrapa Cocais.

Para o secretário da Sagrima, Sérgio Delmiro, o acordo de cooperação técnica vem em um momento muito especial. “Estamos na retomada do Projeto Salangô II e pensamos em algumas bases para que a iniciativa tivesse sustentabilidade. Uma delas é a pesquisa agropecuária de excelência da Embrapa, porque acredita-se que a agricultura não pode se desenvolver sem o conhecimento científico e tecnológico”, declarou.

Ao todo, serão três URTs implantadas nos próximos dois anos (safra 2020/2021 e safra 2021/2022), cada uma para os sistemas tecnológicos propostos: inundado (várzea), arroz de sequeiro e sequeiro favorecido (irrigado) e Consórcio Rotacionado para Inovação para a Agricultura Familiar (Criaf), todas conduzidas com tecnologias de manejo da cultura do arroz. 

Serão organizados treinamentos para multiplicadores no formato de dias de campo realizados nas URTs, para que possam verificar na prática os conhecimentos a serem adquiridos. “Técnicos e produtores poderão verificar no campo as tecnologias disponíveis para a rizicultura e o manejo da cultura desde o preparo do solo até a colheita”, comentou o analista da Embrapa Cocais, Carlos Santiago, responsável pela execução das atividades de transferência de tecnologia. 

O técnico José Benício dos Santos, da Embrapa Cocais, também participa da condução dos trabalhos.

Saiba mais sobre as tecnologias
O Maranhão é o 1º estado produtor de arroz da Região Nordeste e o 5º produtor nacional, porém não é autossuficiente na produção deste cereal. No entanto, tem grande potencial de desenvolvimento, áreas, solo, clima, além de ser o arroz um alimento tradicional no estado. 

A Embrapa Cocais, em parceria com outras Unidades da Embrapa, instituições estaduais e municipais, universidades e ainda iniciativa privada, vem desenvolvendo grande esforço para alavancar a cadeia produtiva do arroz no Maranhão. Para isso, tem feito a transferência do conhecimento científico e tecnológico da Embrapa, especialmente de princípios e práticas agronômicas recomendadas para manejo integrado. São tecnologias sustentáveis de manejo adaptadas à realidade do Maranhão que vêm promovendo a gradativa elevação da produtividade dessa cultura e melhoria da qualidade dos grãos produzidos. Denominada Lavoura de alta tecnologia (LavTec), o acesso a esse conhecimento científico e tecnológico passa pela construção de Unidades de Referência Tecnológica (URTs), instrumento que permite a produtores e técnicos vivenciarem, na prática, os efeitos das tecnologias aplicadas. 

As culturas são beneficiadas por arranjos de produção que englobam correção do solo, preparo de área, adubação equilibrada, espaçamento, densidade de semeadura, uso de cultivares mais adaptadas e rústicas, rotação de culturas, delineamento de cultivo, controle de plantas invasoras, manejo de pragas e doenças, colheita e pós-colheita. Entre as cultivares de arroz recomendadas para as variadas condições edafoclimáticas do estado estão a BRS Pepita, BRS Monarca, BRS Sertaneja, BRS Esmeralda, BRS MA 357, BRS Catiana e BRS Pampeira. Esse conjunto de informações tecnológicas ajudam o produtor na tomada de decisão e promovem o uso racional dos insumos com elevação da produtividade e da qualidade do arroz, com redução de custos e consequente melhoria da sua renda.

Já o Consórcio Rotacionado para Inovação na Agricultura Familiar (Criaf) é uma tecnologia que busca a diversificação da produção na propriedade do agricultor familiar e permite organizar a produção da família em faixas, separando as espécies cultivadas de forma que não haja competição entre elas por nutrientes, água, luz e espaço. Planta-se arroz, milho, feijão-caupi, mandioca e batata doce, com ênfase nas variedades em uso na região e incluindo variedades bioforticadas. Além do consórcio, o sistema preconiza a rotação de culturas com uso de “safrinha”, prática que intensifica o uso da terra e maximiza o aproveitamento do período chuvoso. São repassadas a pequenos produtores técnicas de manejo do solo, manejo de pragas e doenças, fertilidade e arranjos espaciais, permitindo o uso mais eficiente da terra com sustentabilidade, conservação e manejo adequados do solo. 

A adoção do Criaf propicia também a redução da carga de trabalho. A transferência da tecnologia é feita diretamente nas comunidades rurais familiares por meio de Unidades de Referência Tecnológica (URTs) e com a participação dos técnicos e produtores das regiões. O objetivo é a construção do conhecimento e a promoção do desenvolvimento regional pelo empoderamento dos atores locais envolvidos. O retorno social é a melhoria da produtividade, segurança alimentar e renda do pequeno produtor familiar. Em termos ambientais, ao incentivar o consórcio e a rotação de culturas, a tecnologia permite incremento na ciclagem de nutrientes, melhor e maior manutenção da biodiversidade, melhoria da conservação do solo, controle de ervas daninhas, manejo de pragas e doenças das culturas. Essa é a grande lógica do sistema: diversificar com sustentabilidade e aprender fazendo.

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