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09/06/2023 às 22h04min - Atualizada em 09/06/2023 às 22h04min

Dia dos Namorados (12/06). Dia de Antônio de Pádua, o Santo Casamenteiro (13/06)

Tem algo a ver?

Maria Helena Ventura
Namoro significa a relação afetiva mantida entre duas pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas e partilharem novas experiências.

O namoro ao longo do tempo recebeu um sinônimo: paquera. Mas dá-nos a impressão de que paquera seria mais um pré-namoro. Antes de um casamento, o relacionamento teria de passar pelo período de namoro, normalmente. Em alguns casos, esse período é bem demorado. Quando acontecia de um namoro já avançar no tempo, o moço resolvia noivar, mais para agradar ao pai da moça, do que a ela propriamente dita, porquanto isso significava, e ainda significa até hoje, uma manifestação de intenções sérias, rumo ao futuro casamento. Com os nomes previamente grafados nas alianças, o casal exibia essa conquista na mão direita, especificamente no dedo anelar que, vulgarmente por ironia, ou não, era chamado, “seu-vizinho”. Em contrapartida, isso dava direito ao casal de usufruir um pouco mais de liberdade para as manifestações de amorosidade.

Em muitos casos o período de namoro era bem curto. Eu, por exemplo, lembro-me bem que recebi o convite de casamento de uma amiga com quem estava sempre em contato, e qual não foi a minha surpresa quando li: “Após três longos meses de curtição, resolvemos casar”.

Os tempos mudaram e o estímulo à sexualidade foi se tornando mais precoce estimulando, inclusive com o auxílio da mídia, manifestações em que o senso de responsabilidade anda longe. O exemplo disso é o” ficar”. Já houve o caso em que eu perguntei a um dos meus sobrinhos mais jovens: “você está namorando com fulana?” – “Não, tia, tô só ficando” – respondeu. Eu fiz que entendi, para parecer mais “moderna”.

Emmanuel, com muita propriedade, já chamou o namoro de “doce encantamento”. O adolescente dos anos 90, contudo, não parece ser mais o jovem “encantando” de antes e sim o garoto ou a garota que “fica”, que “transa” com camisinha (às vezes) e que discute a própria sexualidade em plena adolescência.

Falando em namoro, a Igreja de Santo Antônio, em Salvador – BA, nesse dia, fica repleta de cartas de moças casadouras pedindo ao Santo a providência de um bom marido. Vamos entender um pouco dessa história.

Antônio de Pádua (também chamado de Santo Antônio de Lisboa) nasceu com nome de Fernando de Bulhões, em Portugal, na cidade de Lisboa, em 15 de agosto de 1195. Entrou para o Convento aos 15 anos, vestindo o hábito franciscano.  Faleceu e foi sepultado em Pádua, Itália, em 13 de junho de 1231, muito jovem, aos 36 anos.

Antônio de Pádua, no Mosteiro, observou que a força política da Igreja suplantava a força religiosa. O Papa Gregório IX, muito temido na época, recebe a visita de Antônio de Pádua após conceder-lhe audiência. Os outros padres temiam que a visita de Antônio provocasse no Papa uma reação de repudio. Pelo contrário, o nomeou Orador-mor e Doutor da Igreja. Os demais padres indagaram-lhe sobre a sua decisão, ao que o Pontífice respondeu: “quem estava à minha frente era Jesus”.

Em uma outra ocasião, Santo Antônio de Pádua estava em Milão, na Itália, pregando na Igreja. Teve uma visão de seu pai sendo levado à Câmara para depor. As pessoas que fizeram um serviço coordenado por seu pai, negaram-se a assinar recibos, dificultando a prestação de contas ao Rei, ficando assim o coordenador como desonesto. Antônio de Pádua, após a visão, transporta-se em espírito para Pádua e se torna visível relatando a verdade e salvando o pai de uma prisão.

De outra feita, Santo Antônio estava pregando em Pádua na Itália, quando teve outra visão de que o seu pai estava, em Portugal, sendo conduzido para a forca acusado de ter assassinado um homem. Mais uma vez Santo Antônio se desloca de seu corpo e consegue se materializar levando as pessoas até ao local onde o corpo da vítima estava enterrado. Deu-se então, um fenômeno que a Ciência materialista ainda não sabe explicar: o espírito do morto “ressuscita” e conta quem foi o assassino, isentando o pai de Santo Antônio de qualquer culpa. As investigações concluíram que o verdadeiro assassino enterrou o corpo em terras do pai de Santo Antônio. O espírito do Santo, após isso, retorna ao seu corpo em Pádua, dando continuidade à sua pregação. No outro dia a imprensa noticiou o fato.  

Por que Santo Antônio de Pádua é chamado de santo casamenteiro?

No século XII, uma moça para casar tinha que dar o dote (transferência de propriedades dos pais, como presentes, dinheiro ou outros bens quando ocorre o casamento de uma filha). As que não tinham recursos não eram lembradas. Então, Santo Antônio coletava doações no valor de 400 moedas para ajudar essas moças.  Certa vez, Santo Antônio deu um papel para uma moça pedir a doação a um comerciante que lhe deu a seguinte resposta: “Vou lhe dar o que esse papel pesar”. Colocado o papel na balança, o peso ficou equivalente às 400 moedas.   

Nos dias de hoje é possível que Santo Antônio de Pádua fosse tido como “louco”, por ele produzir o que a Doutrina Espírita chama de fenômenos mediúnicos, dons perfeitamente normais em algumas criaturas.

Por causa de sua magnifica oratória as Igrejas de Pádua tornaram-se pequenas para comportar o povo que queria ouvi-lo. Quando seu corpo foi exumado em 1263, descobriu-se que sua língua e garganta estavam intactas. Esses órgãos encontram-se em exposição na igreja de Pádua, até hoje, para visitação dos fiéis.
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Maria Helena Ventura é membro da AIL – Academia Imperatrizense de Letras.
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