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09/06/2023 às 22h01min - Atualizada em 09/06/2023 às 22h01min

Nem todo julgamento é justo

Elson Araújo

Originalmente publicado há nove anos, mas ainda muito atual

Entre os muitos ensinamentos do mestre Jesus não duvido que o mais difícil, ou quase impossível de ser seguido, é aquele presente lá em Mateus capítulo 7: 1-2, que diz: “Não julgueis, para que não sejais julgados”.   Diante de tal ensinamento, cheguei à conclusão de que se os homens da terra dependerem desse forte dispositivo bíblico o lugar no Céu reservado a cada um, estará seriamente comprometido.

O homem desenvolveu um espírito julgador superficial. Julga não só pessoas, mas também fatos e coisas. nem a mãe natureza escapa. São julgamentos, na maioria das vezes, sem direito ao contraditório e a ampla defesa onde o indubio pro reo, máxima do direito que diz que na dúvida deve se beneficiar o réu, anda a léguas de distância. As sentenças são sumárias, e quase todas condenatórias.  Coitados de nós!

Que atire a primeira pedra quem hoje, depois de ter acordado não fez um, dois, ou mais julgamentos!   Pouco nos damos conta dessa imperfeição humana.  Jesus tem razão quando, alerta que à medida que julgamos também somos julgados e, sendo assim chegamos a mais uma conclusão: a humanidade é um grande tribunal, onde todos julgam todos.

Já se julgou menos. Hoje, diante do quadro evolutivo da sociedade, julga-se mais.  Tudo é motivo para a emissão de um juízo de valor. O modo de alguém se vestir, o carro que anda, o jeito de falar, a cor da pele, e mesmo o de caminhar, são motivos para a emissão imediata de algum tipo de (pré) conceito. Somos julgados até pelas nossas companhias.  Aquele velho dito popular que assinala “diz-me com quem andas que dir-te-ei que és” confirma o que agora escrevo

Sendo uma característica do exercício humano no seu modo de pensar e interagir, para alguns filósofos o hábito de julgar aparece de várias maneiras dependendo da perspectiva filosófica adotada. Pode se conectar entre à capacidade de discernimento entre o certo e o errado, o bom ou o mau. Comportamento que passaria pela influência de crenças, valores e experiências pessoais.

Daí, não é difícil inferir que nem todo julgamento é justo. Isso porque o hábito humano de julgar também pode levar a generalizações precipitadas, preconceitos e percepções. Às vezes, podemos julgar os outros com base em estereótipos, sem levar em conta a individualidade e a diversidade das pessoas
Por outro lado, do ponto de vista da filosofia do conhecimento, o julgamento humano está ligado à nossa capacidade de avaliar e formar opiniões sobre as coisas com base nas informações disponíveis. Esses julgamentos podem ser influenciados por nossos exames, evidências empíricas, raciocínio lógico e outros processos cognitivos.

Em resumo, o hábito humano de julgar pode ser visto como uma manifestação da capacidade de discernir, avaliar e tomar decisões. Embora seja uma parte natural do nosso pensamento, é importante estar ciente de nossos próprios preconceitos e tentar adotar uma abordagem mais aberta e empática ao avaliar e compreender os outros.

Julgar no aspecto do que hoje abordamos na coluna pode ter seu lado positivo. Um julgamento bem embasado onde se permita deixar de lado nosso subjetivismo, marcado, quase sempre pelos (pré) conceitos, pode contribuir bastante para que nossas escolhas sejam melhores e com isso erremos menos. O impedimento para que alcancemos esse nível é justamente o danado do preconceito com suas variáveis.

Esse nosso defeito de origem, revela mais uma vez que somos uma pedra bruta enorme carecendo permanentemente de polimento e se não temos como nos livrar desse gênesis julgadora que pelo menos aprendamos a julgar melhor, e  dessa forma, errar o mínimo, o máximo possível.
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