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03/05/2023 às 19h18min - Atualizada em 03/05/2023 às 19h18min

No meio do caminho tinha uma pedra...

Ludmila Pereira de Araujo Souza *
  
“No meio do caminho tinha uma pedra... Tinha uma pedra no meio do caminho...”

Bem já dizia o grande Carlos Drummond de Andrade e ainda hoje utilizamos trecho de seu poema quando queremos nos referir a um problema em nosso dia a dia. Mas é fato que apesar do sentido conotativo usado pelo poeta, podemos dizer que temos, sim, algumas pedras “reais” que podem surgir na nossa vida e que dificultam o nosso bem-estar.

Há algumas semanas, eu falei sobre a pedra nos rins e hoje, irei falar sobre a pedra na vesícula. Quantas pedras no caminho hein, meu caro leitor?!

Litíase biliar é o nome técnico dado à doença que é popularmente conhecida como “pedra na vesícula” ou ainda cálculo biliar. Mas antes que sigamos falando da patologia em si, vamos conceituar esse órgão e discorrer sobre sua função.

A vesícula é um órgão em forma de saco, que fica logo abaixo do fígado. Sua função é armazenar bile, que é um líquido produzido pelo fígado e que auxilia na digestão das gorduras.

Esse produto – a bile – é a mistura de várias substâncias, entre elas o colesterol, que acaba se tornando o grande responsável pela maioria das pedras formadas.

Acredito que com esse pouco que falei, você já tenha percebido que a nossa alimentação pode interferir diretamente na formação desses cálculos biliares, não é?! E é isso mesmo. Um dos principais fatores para o surgimento da litíase biliar são os maus hábitos alimentares: dieta rica em gorduras e carboidratos refinados, além de pobre em fibras.

Vida sedentária, elevação do colesterol e LDL, diabetes, obesidade, hipertensão arterial, fumo também são algumas causas para aparecimento do cálculo biliar.

Algumas pessoas vivem bastante tempo com pedra na vesícula e não sentem nada. Muitas vezes, descobrem por acaso quando fazem uma ultrassonografia.

Já outras pessoas sentem uma dor bastante intensa do lado direito superior do abdômen e que literalmente, vai irradiando aos arredores.

Geralmente, a dor aparece uma meia hora após uma refeição, principalmente depois daquelas “mais pesadas” e mais ricas em gorduras. Atinge um pico de intensidade e vai diminuindo aos poucos.

Algumas pessoas vão levando a vida e até suportando algumas crises, tomando medicamentos paliativos para alívio da dor. Mas o tratamento ideal mesmo é o cirúrgico, que consiste na retirada da vesícula biliar (colecistectomia).

A não remoção da vesícula nesses casos unida à tentativa de seguir a vida “fugindo” de uma cirurgia é perigosa, já que as chances de desenvolver outras patologias mais graves e necessitarem de uma cirurgia de emergência são bem maiores.

Passada a retirada da vesícula, alguns cuidados em relação à alimentação precisam ser ainda maiores, tendo em vista que agora o corpo não conta mais com o “apoio” desse órgão para digestão das gorduras, então, obviamente, o trabalho para “dar conta” desse nutriente se torna ainda maior.

Normalmente, os pacientes deixam de tolerar a alta ingestão de alimentos e preparações muito gordurosas e quando o fazem, podem sofrer episódios de diarreia, além de desconforto gástrico. Então, o ideal mesmo é diminuir esse consumo, além de fracionar mais as refeições no decorrer do dia.

“No meio do caminho tinha uma pedra... Tinha uma pedra no meio do caminho...”
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* Ludmila Pereira de Araujo Souza é Nutricionista, especialista em Nutrição Clínica com ênfase nas enfermidades renais
Instagram: @ludmilapasouza.nutri • Email: [email protected]
 
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