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24/04/2023 às 18h21min - Atualizada em 24/04/2023 às 18h21min

O que é perder um ente querido?

Elson Araújo
Foto: Divulgação
 
A pergunta, por si, já emociona. Quem já não perdeu um amigo, um irmão, o pai, a mãe, ou até mesmo um ídolo do esporte, da música ou da TV? Já passei por isso algumas vezes.

Quando minha mãe faleceu, e depois meu pai, senti um impacto muito difícil de dimensionar.  A ficha custou cair, e até hoje me apanho viajando nas adoráveis lembranças dos anos de convivência com aquelas criaturas maravilhosas, que certamente hoje descansam no Senhor.

Na tarde deste sábado, 22, de um abril meio nublado, fui surpreendido com a avassaladora notícia da morte do amigo/irmão Carlos Brandão, o que reza, falava ele, às vezes, em tom de gozação, numa maneira de se diferenciar, do irmão, Francisco, também carinhosamente chamado de Brandão, e muitos outros homônimos, incluindo o atual governador do Maranhão. Riamos muito dessa saudável confusão!

O Brandão, o Carlos, levava tudo no bom humor. Talvez essa peculiaridade tenha sido o remédio mais eficaz no enfrentamento da POLICITEMIA. Na época do diagnóstico, dizia ele, os médicos lhe “deram, no máximo, seis meses de vida”. Do diagnóstico até hoje, foram cerca de 30 anos, um caso para medicina estudar Ele era assim: não se entregava nunca.

Difícil até de explicar o que é essa tal nefasta POLICITEMIA VERA, mas trata-se de uma doença caracterizada pela expansão clonal de célula hemopoética primitiva pluripotente com proliferação desregulada das linhagens granulocítica, megacariocítica e eritrocítica. O diagnóstico é feito mediante achados como a presença de poliglobulia, leucocitose e plaquetose. Trocando em miúdos, nosso irmão Carlos tinha um problema seríssimo no fígado.

Contrariando a medicina, da maneira dele, foi vencendo o tempo.  E teve tempo! Tempo de acompanhar a formatura do filho, o jornalista Carlos Henrique, de quem morria/vivia de orgulho e admiração, e ainda, com muita tristeza sepultar a sábia mãe, a professora Maria Luísa, a quem eu costumava de chamar “mãe Luíza Brandão”. 

Inquieto, ainda teve tempo para escrever uma prestigiada coluna no Jornal O PROGRESSO onde resgatava fatos e personalidades da história da cidade - “Passado, teu nome é saudade”. Gostava de dividir comigo o sucesso da coluna e ressaltar a generosidade do dono de O PROGRESSO, Sergio Godinho, pelo espaço cedido.

O Brandão era uma fonte importante da história da cidade. Era sempre procurado por estudantes, principalmente de jornalismo. Recebia a todos com carinho e atenção. Tinha uma verdadeira paixão pelo jornalismo. Um imperatrizense de coração, apaixonado pela cidade e seus personagens.

Há muito o que escrever sobre o Carlos Brandão da antiga Cemar, empresa pela qual se aposentou, do Carlos Brandão, da Renovação Carismática, do Carlos Brandão historiador, mas vou ficando por aqui, com os olhos cheios de lágrimas, lágrimas de saudade.

Vá com Deus, queridão!

Você fará muita falta!

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