04/04/2023 às 18h40min - Atualizada em 04/04/2023 às 18h40min
Venceu e agora?
Ludmila Pereira de Araujo Souza *
Essa semana, interrompendo a sequência de temas que eu vinha abordando sobre a saúde da mulher e como a nutrição pode impactá-la, irei falar de um assunto que chamou muita atenção da população no último dia 30.
É que a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – suspendeu a fabricação e o uso de alimentos de uma determinada empresa, alegando uma série de falhas relacionados à higiene, controle de qualidade e segurança de matérias-primas, além do controle de pragas e rastreabilidade.
A indústria alimentícia apontada produz molhos diversos e conserva de vegetais, como milho, azeitona, ervilha e seleta de legumes e a principal queixa que pesa contra a empresa diz respeito ao uso de um corante alimentar vencido em maioneses.
De fato, todos esses erros observados podem comprometer a segurança e a qualidade final do produto e, consequentemente, ocasionar problemas de saúde.
Mas agora, a pergunta que não quer calar: devo jogar os produtos da empresa fora?
E a resposta, conforme orientação da Anvisa, é “sim”. Apesar de não terem sido identificadas substâncias danosas em seus alimentos, mas devido às inúmeras falhas encontradas nos diversos processos de fabricação, há riscos à saúde do consumidor, necessitando de atenção ainda maior com a maionese.
A empresa afirma que já foram realizadas alterações em alguns de seus processos e procedimentos internos e ressalta que, exceto a maionese, não há lotes com recall e que a comercialização e consumo dos produtos seguem normalmente. Enfatiza ainda que já foram tomadas medidas cabíveis, como recolhimento de lotes afetados, bem como readequação de sua escala de produção.
E quais os perigos que o consumo de um alimento vencido pode trazer a saúde de quem o consome? E eu respondo a você, meu caro leitor.
Um dos principais riscos de um produto alimentício vencido é a proliferação de microrganismos, como fungos e bactérias, principalmente em ambientes úmidos. Eles podem alterar a textura, o sabor e o aroma daquele alimento.
Por estarem em meio favorável, no caso à temperatura ambiente, eles se multiplicam com muito mais facilidade, liberando toxinas e gerando um grande risco de intoxicação alimentar grave.
E quando se trata de alguém com um sistema imunológico mais debilitado, essa pessoa tende a ficar ainda mais vulnerável, justamente por ter uma capacidade menor para combater infecções. Nesses casos, pode haver necessidade de internação e chegar acontecer inclusive um quadro de septicemia, que se trata de uma infecção generalizada, levando o indivíduo, inclusive, à morte.
Obviamente, sei que citei uma situação extrema de possível letalidade, mas importante de ser destacada, já que ainda é comum vermos pessoas consumindo produtos vencidos e achando que não acontece nada.
Existe algo chamado “shelf life”, que é justamente o prazo de validade dos alimentos, sua “vida de prateleira” e ele precisa ser respeitado, tendo em vista que a indústria alimentícia se vale de uma série de critérios para definir esse tempo adequado para consumo.
Portanto, respondendo ao título desse texto – venceu e agora? – E endossando o posicionamento da Anvisa, sem dúvida alguma, a orientação é não consumir.
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* Ludmila Pereira de Araujo Souza é Nutricionista, especialista em Nutrição Clínica com ênfase nas enfermidades renais