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17/03/2023 às 22h41min - Atualizada em 17/03/2023 às 22h41min

Com faixas e cartazes, estudantes fazem protesto contra o Novo Ensino Médio em Araguaína

Alunos do Colégio Guilherme Dourado realizaram protesto contra o novo ensino médio

Assessoria
Foto: Divulgação
 
Estudantes da Escola Estadual Guilherme Dourado, em Araguaína, realizaram uma manifestação na tarde da última quarta-feira (15/03), pedindo a revogação do Novo Ensino Médio.

O protesto foi organizado pelo Grêmio Estudantil da unidade escolar e teve o apoio do Centro Acadêmico de História Zumbi dos Palmares da UFNT, do Movimento de Juventude Kizomba e da Associação da Diversidade de Araguaína (ADIARA).

O estudantes se concentraram em frente à escola com faixas e cartazes pedindo a revogação imediata do Novo Ensino Médio. “É praticamente unânime em todos os setores da Educação que esse novo modelo que está sendo colocado em prática só acentua as desigualdades e precariza o ensino público”, afirmaram os organizadores da manifestação.

Pela lei, aprovada em 2017, as escolas devem oferecer diferentes itinerários formativos para os estudantes, dentro de quatro grandes áreas: ciências humanas e sociais, linguagens, ciências da natureza e matemática. A ideia é atualizar e aproximar o conteúdo escolar da realidade dos estudantes de hoje, mas a prática vem mostrando que esse modelo impõe muitos desafios às redes públicas de ensino.

Entre as principais críticas ao novo modelo estão a sua aprovação sem ampla discussão com a sociedade, a redução de disciplinas das ciências básicas em favor de uma profissionalização empreendedora de baixa complexidade e, na prática, a baixa oferta de opções de áreas do conhecimento que os estudantes agora precisam escolher.

“Essa reforma foi construída pelas mãos de pessoas que nunca pisaram numa escola pública e não entendem a realidade da nossa educação”, critica Yasmin Barreto, diretora de comunicação da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES).

Com este novo modelo tem mais aulas de matérias específicas e práticas e menos de formação básica, que inclui língua portuguesa e matemática.

“Retiraram matérias básicas da nossa base curricular. Eu acho que nós não deveríamos priorizar os itinerários, e sim essas matérias, porque essas matérias vão estar no vestibular”, afirmou uma estudante.

O governo federal reconhece que o novo ensino médio precisa de correções. Abriu, na semana passada, uma consulta pública por 90 dias para avaliar e reestruturar o modelo.

Pesquisadores que estudam a educação concordam que, da forma que está, não dá para continuar. Para Fernando Cássio, professor de políticas educacionais da Universidade Federal do ABC, a lei deveria ser revogada.

“Nós estamos vendo falta de professor e essa falta de professores, claro, atinge mais fortemente àquelas escolas mais vulneráveis. A reforma do ensino médio prejudica mais os estudantes mais pobres, aqueles que mais precisam de uma escola pública”, destaca ele.

SOBRE O NOVO ENSINO MÉDIO
O Novo Ensino Médio foi aprovado por lei em 2017, durante o governo do ex-presidente Michel Temer, com o objetivo de tornar a etapa mais atrativa e evitar que os estudantes abandonem os estudos.

A implementação vem ocorrendo de forma escalonada e deve ser concluída até 2024 em todos os estados, mas o Tocantins se antecipou e já implantou a nova modalidade de ensino em 100% da rede estadual.

Diferente da divisão por disciplinas, o Novo Ensino Médio prevê que a educação, nesta etapa, seja dividida por grandes áreas do conhecimento. Entre elas: matemática e suas tecnologias, linguagens e suas tecnologias, ciências da natureza e suas tecnologias e, por último, ciências humanas e sociais aplicadas. Tornando obrigatório apenas língua portuguesa e matemática, o novo sistema reduz drasticamente o acesso dos jovens a matérias como sociologia, filosofia, artes, biologia ou química.

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