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01/03/2023 às 13h54min - Atualizada em 01/03/2023 às 13h54min

Livros & Leitura

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Da Redação
GB Edições

Bipolar, Sim. Louca, Só Quando Eu Quero

“Eu sempre soube que tinha uma coisa estranha aqui dentro”. É assim que a escritora Bia Garbato abre as portas da própria mente para que os leitores mergulhem no universo de quem convive com o transtorno de bipolaridade no livro “Bipolar, Sim. Louca, Só Quando Eu Quero”, lançamento da Matrix Editora. Com textos dinâmicos e divertidos, ela tira a doença do armário para educar mais pessoas sobre o tema. Diagnosticada com o distúrbio que afeta cerca de 140 milhões de indivíduos no mundo, a autora contesta os estigmas sociais com bom humor e irreverência. “As pessoas não contam pra todo mundo que têm diabetes? Por que eu não posso contar que sou bipolar?”, questiona. Mesmo aconselhada a esconder sua condição para evitar o preconceito, ela acredita na transparência como o caminho da autoaceitação e da conscientização. Esse empoderamento, claro, foi conquistado a partir de um processo cheio de altos e baixos marcado por episódios de depressão e mania, os dois polos da bipolaridade. O primeiro, bem conhecido, está relacionado com o sentimento constante de tristeza profunda. Já o estado maníaco pode ser traduzido como momentos de euforia expressiva, que geram muita instabilidade emocional, prejudicam o sono, favorecem os comportamentos de risco e intensificam os hábitos compulsivos.  As compulsões, aliás, também são tema do livro. Bebida, cigarro e comida são alguns dos vícios superados pela autora. Na busca por uma vida mais saudável, Bia perdeu 30 quilos em uma dieta transformadora. O processo de emagrecimento está registrado nas páginas a partir de passagens engraçadas que não têm pretensão de defender ou incentivar padrões irreais de beleza. Pelo contrário, a perda de peso é a prova de que ela, com o auxílio de profissionais e uso de medicamentos que estabilizam o humor, conseguiu recuperar o controle da própria narrativa. O livro tem 160 páginas.
 

Pelé, O Rei Visto de Perto

O ano de 2022 estava prestes a se encerrar quando a notícia da morte de Pelé, aos 82 anos, abalou o mundo. A comoção em torno do maior astro que o futebol já viu deixou uma certeza: a de sua imortalidade. Em “Pelé, O Rei Visto de Perto”, primeira biografia publicada após a morte de Edson Arantes do Nascimento, o jornalista Maurício Oliveira faz um relato panorâmico da trajetória do Rei, acrescido de impressões e lembranças pessoais dos contatos que teve com ele. Autor de mais de 30 livros e especialista em temas históricos, o escritor publica agora, no lançamento da Matrix Editora, trechos inéditos de uma entrevista feita com Pelé em 2013 para um projeto editorial. Na época, o trabalho envolveu, também, conversas com pessoas ligadas à trajetória do jogador que consolidou o futebol brasileiro e moveu uma legião de fãs. Muitos, talvez, desconheçam o Edson, o Dico, o homem simples e suas memórias. Os destaques da conversa com Pelé trazem à tona o ser humano, aquele que atende ligação do filho em frente ao jornalista e mostra pulso firme ao negar um pedido; o pai falando em relação às filhas fora do casamento e sobre os motivos para não ter contato com uma delas; a criança atingida pela catapora no dia em que ganhou uma bola e chorou abraçada ao objeto por uma semana, até se recuperar; o menino que treinou sem parar e aprendeu a usar ambas as pernas no futebol, dica do pai, Dondinho, também jogador, a quem admirava demais. O prefácio da obra é do ex-jogador Clodoaldo, o Corró, parceiro no Santos e na Seleção Brasileira. Ele recorda do respeito, carinho e atenção de Dico - apelido de infância de Edson -, com seus admiradores. A humildade do Rei o acompanhou durante toda a jornada, pois sabia a importância da equipe e sempre foi um jogador de grupo. “Algumas vezes, ao longo da vida, eu disse pra ele o quanto o amava e perguntei se ele tinha noção de tudo o que ele havia feito, se ele sabia o tamanho imenso que tinha para o mundo”, declara. A narrativa de “Pelé, O Rei Visto de Perto” desperta emoção mesmo em quem não teve a oportunidade de acompanhar a carreira dessa grande estrela do esporte. Mostra o anônimo por trás de obras voltadas à educação de crianças e ao amparo de idosos e o homem comum em visitas a pacientes em hospitais, a pedido de amigos. É o resgate da trajetória fenomenal do atleta reconhecido mundialmente e também um retrato do homem que irá continuar a inspirar pessoas no mundo todo. O livro tem 160 páginas.
 

Operários da Fé

Ao longo de dois anos, entre 2019 e 2021, o padre, pesquisador e sociólogo José Carlos Pereira entrevistou 1.858 colegas de clero para investigar o perfil, a rotina e as queixas daqueles que servem a Igreja Católica em diferentes lugares do Brasil. Os resultados surpreendentes dessa pesquisa inédita estão agora compilados no livro “Operários da Fé”, lançamento da Matrix Editora. A obra apresenta informações essenciais para entender o papel do padre, tido como líder e figura de influência nas comunidades onde atua. Além de revelar as opiniões dos sacerdotes sobre temas polêmicos como celibato e sexualidade, o estudo mostra como o dia a dia exaustivo de atendimentos e a solidão constante desencadeiam e agravam quadros de inquietação emocional. A partir dos dados coletados, José Carlos Pereira chama atenção para o índice elevado de suicídios entre os padres, assunto que costuma ser tratado com muita discrição ou simplesmente ignorado pela igreja. Ainda segundo o autor, o transtorno bipolar, a depressão, o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), os distúrbios alimentares, os transtornos de ansiedade, a esquizofrenia, a somatização e a psicopatia estão entre os problemas psiquiátricos mais comuns enfrentados por quem veste a batina. A questão da sexualidade também é abordada no livro. Apesar de 94,4% dos entrevistados afirmarem que não tinham dúvidas sobre a própria identidade afetivo-sexual, Pereira avalia que o número pode não refletir a realidade.  “Desconfio que mais de 50% do clero seja tendencialmente homossexual, mas trata-se de mera suposição, e não há pesquisa confirmando essa conjectura. Ela está baseada em minha convivência de mais de trinta anos com padres e candidatos ao sacerdócio”, explica. Ele lembra também que entre os que responderam não duvidar de sua identidade afetivo-sexual, pode haver tanto homo quanto heterossexuais. Ao serem perguntados sobre o grau de satisfação, 86,4%, ou seja, a maioria dos padres se revela conformada com o celibato. O autor destaca, contudo, que ser celibatário não significa ser casto e que as duas definições costumam causar confusão. Enquanto o celibato está relacionado à condição de se manter solteiro, não casar e nem constituir família, a castidade seria a renúncia completa aos prazeres sexuais. Portanto, nem todos que adotam o celibato fazem votos de castidade, caso dos padres seculares, maioria (78%) entre os que responderam à pesquisa. O livro tem 240 páginas.
 

Crônicas de Um Rebelde

O soco dado por Mário Vargas Llosa a Gabriel García Márquez, dois dos mais importantes escritores da América Latina, a corrupção de empreiteiros nos investimentos hidroelétricos, o corporativismo da classe médica. Fatos ligados à história, política, economia e à própria literatura compõem “Crônicas de Um Rebelde”, lançamento do autor Salatiel Pedrosa Soares Correia. Crítico e experiente, o engenheiro elétrico que atuou por três décadas na ex-estatal de energia de Goiás apresenta, na obra, uma seleção de 60 crônicas publicadas na imprensa nos últimos 30 anos. Diferente dos outros sete livros lançados, de conteúdo técnico, neste o autor visa impactar “pessoas que enxergam na luz da crítica uma arma do verdadeiro cidadão”. Com caricaturas de José Carlos Guimarães, a obra anuncia a visão do autor em títulos provocativos como “Compram-se Teses de Mestrado e Doutorado”, “Enel e o ‘Capitalismo de Motel’” e “Um Mar de Lama”. Motivado pela necessidade de se tornar um sujeito da história, como ensinou o sociólogo francês Alain Touraine, Salatiel Correia apresenta no livro uma visão lúcida e fundamentada de temas e personalidades que foram e continuam relevantes. Ao se distanciar da racionalidade técnica, na busca de uma formação mais humanística, o autor deixa, essencialmente, percepções que fazem o leitor aprender, e questionar. O livro tem 223 páginas.
 

Perfeição Desfeita

Nem toda história precisa ter um protagonista, pode ter vários. Em “Perfeição Desfeita”, o escritor paulista Sidnei Luz traz essa proposta e vai além. Apesar de escrita em primeira pessoa, nenhum dos quatro personagens é o narrador. A consciência coletiva é o “quinto elemento” revelador das nuances nesta ficção cujo enredo se propõe a dialogar sobre as consequências da busca pela perfeição. A narrativa perpassa mais de sete décadas e três gerações de uma família de migrantes nordestinos. De início o leitor é apresentado a Geralda e Francisco, casal do interior de Pernambuco que em 1980 se muda para São Paulo em busca de emprego e melhores condições de vida. O que se apresenta, porém, são problemas como alcoolismo e dificuldades financeiras. Na capital eles também geram Ângela, uma menina albina e de saúde debilitada, que passa a sofrer bullying na escola. No decorrer dos anos, após uma sequência de abusos, ela já adulta decide ser mãe, e opta pela inseminação artificial. O médico, entretanto, propõe uma manipulação genética, a fim de gerar um filho “perfeito”. Assim nasce Ézio. Ao se revelar com uma analgesia congênita, ele passa a ter seu convívio social restrito. A periclitante convivência nas redes sociais é mais uma das problemáticas introduzidas ao enredo, que aborda outras questões inerentes ao comportamento humano e a uma sociedade excludente e preconceituosa. Padrões de beleza, discriminação econômica e social, política, hegemonia de raça e de poder fazem de “Perfeição Desfeita” também uma obra sobre humanidades. Além de adultos interessados em História, Filosofia, o livro é recomendado a todos aqueles que se propõem a pensar sobre problemáticas sociais. Com 162 páginas, o livro é da Editora Kotter Editorial.
 

O Segredo do Rei

Do Paraná à Bahia, o engenheiro civil Douglas Portelinha morou em diferentes estados brasileiros. Por conta da profissão, também viveu em outros seis países: República Dominicana, Nicarágua, Honduras, Panamá, Angola e Argentina. A experiência com tantas viagens serviu de inspiração para o enredo de “O Segredo do Rei”. A trama internacional é ambientada nas Grandes Navegações. No meio do processo de exploração do Oceano Atlântico e Pacífico, datado entre os Séculos XV e XVI, uma peripécia envolve a chefe de uma agência de espiões, um cavaleiro templário e um rei ambicioso. Todos lutam pelo controle de dois livros importantes: “Mundus Novus”, com propagandas do Novo Mundo, e “Summa Oriental”, que contém registros de portos e regiões com especiarias. Fatos históricos estão presentes durante a narrativa. Há, por exemplo, a introdução sobre o “Robô de Leonardo”, criado por Leonardo da Vinci. Em 1495, o pintor, arquiteto e engenheiro apresentou ao tribunal de Milão uma máquina robótica operada por roldanas e cabos. O objeto era funcional e podia replicar alguns movimentos. A trajetória de Fernão de Magalhães, navegador português conhecido por ter realizado a primeira viagem marítima ao redor do mundo, também aparece no romance. Um ano após entrar no navio, ele morreu em Mactan, nas Filipinas, depois de se envolver em um combate com os moradores da ilha e ser preso em uma emboscada. Mas uma personagem-chave do enredo é a filha de Américo Vespúcio, explorador responsável por escrever sobre o então “Novo Mundo” para os reinos da Espanha e de Portugal. Na narrativa, a sucessora do navegador comanda uma agência de espiões que tem por objetivo proteger os livros “Mundus Novus” e “Summa Oriental” dos inimigos. Com 490 páginas, o lançamento é do Grupo Editorial Atlântico.
 

Um Burnout para Chamar de Seu

“Qual o preço do sucesso?” Essa é uma pergunta clichê que, muitas vezes, passa desapercebida, porém é algo determinante para qualquer pessoa seja em qual área for: profissional, amorosa, familiar... Para muitos, o assunto ainda é algo estereotipado, mas a Síndrome de Burnout é real e já está tomando proporções epidêmicas, com diversas vítimas em todo o mundo. A dermatologista Paula Sian Lopes sempre acreditou que dedicar-se incansavelmente à sua carreira era a escolha mais inteligente. A profissional almeja grandes voos, e muitos deles já foram realizados. O trabalho sempre foi uma válvula de escape para fugir de aflições pessoais e, por esse motivo, não percebia que a cada dia estava mais imersa neste quesito. Até que em 2020, entre seus atendimentos e sob pressão, teve um ataque de pânico. Sua crise foi tão intensa, que após um atendimento médico, foi imediatamente afastada por tempo indeterminado de suas funções. “Minhas jornadas de trabalho eram intensas, sem contar os intermináveis cursos e especializações que me matriculava a todo momento. Essa dedicação era um mecanismo de defesa para fugir de um relacionamento amoroso abusivo em que estava e atender as expectativas dos meus pais ao longo de minha vida”, relata a dermatologista. Paralelo aos problemas pessoais, Paula também estava enfrentando uma relação tóxica com sua chefe no ambiente corporativo. A exaustão foi tanta que seu cérebro literalmente ‘pifou’. Segundo a dermatologista, seus dias eram aterrorizantes, com episódios longos de muitas lágrimas, tristezas e melancolias. Uma de suas primeiras decisões foi pedir demissão do trabalho e, na sequência, sair do relacionamento abusivo. De acordo com a autora, passar pelo processo foi doloroso, porém transformador a ponto de tornar-se um livro onde relata sua trajetória - desde os gatilhos de infância, até os problemas que, como diz, “foram a gota d’água para sua primeira e mais grave crise”. Sua intenção nunca foi escrever uma obra científica sobre diagnóstico e tratamento, e sim proporcionar uma experiência de vivência real da doença do ponto de vista do ser humano. Com 170 páginas, o livro é um lançamento da Editora Viseu.

 
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