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27/02/2023 às 19h09min - Atualizada em 27/02/2023 às 19h09min

Quaresma e os hábitos que impactam nossa saúde

Ludmila Pereira de Araujo Souza *
Na última quarta-feira – a de Cinzas – demos início à Quaresma, que corresponde ao período que antecede à Páscoa. Durante esse tempo, a igreja católica relembra os 40 dias que Jesus Cristo passou no deserto, além do seu sofrimento na cruz.

No decorrer da Quaresma, os cristãos adotam alguns hábitos como forma de penitência, reflexão e remissão de seus erros, tendo em vista que Jesus Cristo sofreu e morreu crucificado por causa dos pecados da humanidade.

Entre esses hábitos, está o do jejum; da abstinência de alguns prazeres, o que muitas vezes, incluem alimentos mais apreciados; além do consumo de carne vermelha que é deixado de lado às quartas e sextas, dando maior espaço ao consumo de carne branca.

Essas práticas geram uma certa discussão entre quem concorde ou não; quem ache exagero e quem respeite; entre quem é católico que adere com quem não o é; ou mesmo com quem “não sabe de nada”, mas decide dar o seu pitaco…

Sou católica, fui criada nessa religião desde o meu nascimento e por orientação, convicção e principalmente incentivo da minha mãe, aderimos a esses costumes na Quaresma durante toda nossa vida. Então, para mim, tudo ok.

Mas hoje, não estou aqui para “causar” com esse assunto, nem muito menos, polemizar e provocar discussões sobre a fé e/ou religião de ninguém. Apenas, decidi falar sobre como esses costumes (ainda que momentâneos) impactam – positivamente, diga-se de passagem – na nossa saúde. Isso mesmo que você leu, caro leitor: impactam positivamente.

A prática mais conhecida da Quaresma mesmo entre quem não é católico, realmente é o de não consumir carne vermelha nos dias de quarta e sexta-feira.

Sendo assim, abre-se a chance de consumir principalmente o peixe, inclusive aquela sardinha, para quem tanta gente vira a cara no dia a dia, mas que é de grande valor nutricional.

Os pescados são boas fontes de ômega 3 – aquela gordura que faz bem ao coração – e o seu consumo deve acontecer de 3 a 4 vezes por semana para que consigamos atingir com sucesso a recomendação desse nutriente, mas é fato que rotineiramente, a grande maioria das pessoas passem semanas e até meses sem comer peixe. De fato, a carne vermelha é a grande campeã no nosso cotidiano.

Outro hábito a que se adere, como dito anteriormente, é o de se abster de algum prazer durante os 40 dias e muitas vezes, escolhe-se algum alimento do qual goste muito.

Comumente, exemplificando, são doces, chocolate, refrigerantes, café, bebida alcoólica, pães e arroz (para um bom nordestino faz tanta falta). Enfim, alimentos tidos como não tão saudáveis ou que provocam grandes exageros ao comer, além do prazer do consumo, e por isso, a escolha de retirá-los. Então, convenhamos, isso também é ótimo para a saúde, não é?!

E por último, o tão polêmico jejum, que são as muitas horas sem comer, além da pequena quantidade de comida na janela alimentar (período em que a alimentação é liberada).

Atualmente, inúmeras pesquisas já mostram os benefícios do jejum intermitente para o aumento da qualidade de vida, dentre eles: emagrecimento, otimizando a queima de gordura corporal; melhora da resistência à insulina e/ou controle da diabetes; prevenção do envelhecimento precoce; além do aumento da disposição e energia.

É fato que o grande objetivo dos hábitos realizados durante a Quaresma não é em busca de melhora da saúde física. E sim, melhora da saúde espiritual, fortalecendo a fé em Deus, alimentando principalmente a alma. Mas é muito bom saber que as ações praticadas nesse período impactam de forma tão positiva a vida do indivíduo como um todo.
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 * Ludmila Pereira de Araujo Souza   é Nutricionista, especialista em Nutrição Clínica com ênfase nas enfermidades renais
Instagram: @ludmilapasouza.nutri - Email: [email protected]
 

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