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20/02/2023 às 19h37min - Atualizada em 20/02/2023 às 19h37min

Espaço de redução de danos acolhe intoxicados no carnaval de Brasília

Iniciativa fornece água, glicose e local de descanso e ainda recebe quem sofrer dor no pé ou algum mal-estar. Voluntários também distribuem camisinhas.

Wellton Máximo
Agência Brasil - Brasília
Iniciativa fornece água, glicose e espaço de descanso - © Antonio Cruz/Agência Brasil

  
Próximo à entrada do Setor Carnavalesco Sul, espaço instalado no Setor Comercial Sul de Brasília, no centro da capital, um estande chama atenção. Batizada de espaço de redução de danos, uma área fornece água, alimentos, glicose e espaço de descanso a pessoas intoxicadas durante o carnaval brasiliense.

“Trabalhamos o autocuidado por meio da desintoxicação natural”, explica a ativista Beatryz Madelayne, que se define como mulher trans redutora de danos. “Tomou uma cachacinha a mais ou consumiu alguma substância, vem descansar aqui por alguns minutos.”
 


O espaço não ajuda apenas pessoas intoxicadas. Quem sofrer de alguma dor no pé ou mal-estar associado ao sol ou à lotação também pode descansar na área. Os redutores de danos também promovem o sexo seguro, fornecendo camisinhas e gel lubrificante.

Ampliação

A ação policial na noite de sábado (18) no Setor Carnavalesco Sul, que dispersou uma tentativa de invasão da área do bloco com spray de pimenta, fez o espaço ampliar a estratégia de redução de danos. Desde o domingo (19), os ativistas fornecem água com gás e limão e vinagre para pessoas atingidas por gás de pimenta.

“No sábado à noite, isto aqui encheu de gente intoxicada com o gás que desceu e tomou conta do Setor Comercial Sul”, diz Madelayne. “A gente teve de adaptar nossa atuação para a violência policial.”

Além do Setor Comercial Sul, informou a ativista, existem espaços de redução de danos em pelo menos quatro pontos carnavalescos do Distrito Federal: Brazlândia, Ceilândia, Paranoá e Vila Planalto. Segundo Madelayne, o grupo, que nasceu há cerca de 20 anos para reduzir danos causados pelo consumo de drogas sintéticas em raves, expande a atuação para o carnaval e a periferia. “O maior índice de consumo de álcool está nas periferias. Além das raves da classe A, atuamos no samba e no carnaval”, destaca Madelayne.

Até o fim desta tarde, a folia no Setor Carnavalesco Sul ocorria sem incidentes. No palco Amstel, o Bloco Divindades apresentava números de música eletrônica e de acrobacias aéreas. Uma chuva de cerca de 20 minutos fez os foliões correrem para debaixo das marquises da área. O público, no entanto, voltou para a frente do palco assim que o temporal passou.

O publicitário Vinícius Pontes, 25 anos, o Setor Carnavalesco Sul elogiou a infraestrutura do local, principalmente o espaço de redução de danos. Para ele, a área ajuda a prevenir casos de assédios a foliões bêbados ou intoxicados, principalmente mulheres. “No pós-pandemia, é necessário um espaço de acolhimento psicológico e social, não apenas em casos de intoxicação, mas de assédios”, diz o folião.
 


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