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14/02/2023 às 00h15min - Atualizada em 14/02/2023 às 00h15min

Fumacinha da saúde: será?

Ludmila Pereira de Araujo Souza *
Semana passada, falei sobre o fumo e seus malefícios para a saúde e apesar de o cigarro eletrônico estar bastante em alta, preferi não falar sobre ele na ocasião e decidi me ater somente ao cigarro comum, até para que eu não me estendesse tanto, deixando assim para outra oportunidade.

E acho que esse momento oportuno chegou mais rápido do que eu esperava.

Conhecido também por “VAPE”, o cigarro eletrônico virou uma febre nos últimos tempos. É socialmente mais aceito, já que seu odor não é tão desagradável quanto o cigarro tradicional e justamente por isso, chega inclusive a ser considerado “menos nocivo”. Ledo engano… ou não.

A verdade é que já se sabe que esse tipo de cigarro apresenta os mesmos ou até mais malefícios que o tradicional. Inclusive, já existem estudos que afirmam que seu poder viciante é ainda maior e mais rápido e que muitos danos ainda nem conseguem ser mensurados fielmente, devido ao (relativo) “pouco tempo” do produto no mercado.

No Brasil, por meio de uma resolução da Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – de 2009, sua comercialização, importação e propaganda são proibidas, mas sua venda ilegal segue acontecendo em tabacarias e principalmente pela internet e alcança usuários cada vez mais jovens, incluindo adolescentes.

E o que já parecia absurdo, conseguiu se tornar ainda mais surreal: é que surgiu um cigarro eletrônico que promete alta performance nas atividades diárias, gerando mais energia e melhora na saúde por supostamente conter vitaminas, hormônios e “produtos naturais”, sendo tratado inclusive como “suplemento alimentar”.

O “health-vape” ou “vape de vitaminas” foi apresentado nas redes sociais na semana passada e o seu vídeo muito rapidamente viralizou.

Mas tão logo o devaneio se espalhou e a Anvisa já se manifestou, dizendo que “não é possível a apresentação de vitaminas em forma de vaporizadores e que o produto não pode ser comercializado como suplementos alimentar”

A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) também se pronunciou, alertando que “não há evidências científicas que comprovem que a inalação de vitaminas promovidas pelos ‘health-vapes’ seja segura e eficaz”

O fato é que por mais informações que se haja sobre os malefícios do cigarro, seja ele o tradicional ou eletrônico, e que se saiba ainda que a verdadeira fórmula para a saúde, que contemple as vitaminas de que precisamos está no “básico que funciona”, com o consumo diário e rico principalmente de frutas, verduras e legumes, infelizmente, ainda existe um comércio ilegal gigante e que movimenta bilhões às custas do vício dos seus usuários.

Portanto, respondendo à pergunta do título, fumacinha da saúde: será? Jamais!
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 * Ludmila Pereira de Araujo Souza   é Nutricionista, especialista em Nutrição Clínica com ênfase nas enfermidades renais
Instagram: @ludmilapasouza.nutri - Email: [email protected]
 

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