MENU

23/01/2023 às 12h41min - Atualizada em 31/01/2023 às 00h01min

Diogenes Moura lança MINHOCÃO - Editora NOIR - no Aniversário de São Paulo

Em seu novo livro, Diógenes Moura apresenta contos sobre os inescapáveis destinos dos que vivem às margens do mais famoso viaduto de São Paulo.

Silvia Balady
SALA DA NOTÍCIA
Daniel Kfouri
MINHOCÃO
DIÓGENES  MOURA

Lançamento em o Paulo
dia 25 de Janeiro de 2023,  das 15h às 18h
Livraria Martins Fontes, Avenida Paulista, 509


Em seu novo livro,  Diógenes  Moura apresenta contos sobre os inescapáveis destinos dos que vivem às margens do mais famoso viaduto de São Paulo.
 
Em capítulos curtos, secos, vastos, e em situações limites e tragicômicas, Minhocão faz da arquitetura do seu elevado de concreto a geografia dos que habitam os dois lados da cicatriz” urbana, com suas vidas recônditas e alquebradas, dentro e fora dos seus apartamentos, com vistas para o vazio e o nada da metrópole.

“Este livro traz uma coleção de gente que habita a veia desalumiada do centro da cidade. Uma anomalia encravada, onde resta  um grau de vaidade, o enfeite na fala, no corpo e na casa. O mundo em ruínas e a redenção vaza, tímida, entre os escombros”.
Beto Brant (Cineasta)
Trecho da orelha do livro

O escritor Diógenes Moura  é um observador e perscrutador da região em que mora em São Paulo, o bairro Campos Elíseos e seus entornos, deste 1989, vindo de Salvador, a cidade que primeiro o recebeu com sua família pernambucana.

Na metrópole onde  os homens quase  não mais conseguem desafiar os deuses, o autor construiu e alargou sua literatura, demarcada por  personagens que  lidam com  seus abismos,  abandonos e loucuras, tendo no retrovisor suas vidas  atordoadas e/ou desfeitas em seus lugares  de origem, restando à cidade de São Paulo a missão de perpetuar ou encurtar suas existências.

Em seu novo  livro  de contos MINHOCÃO (Editora NOIR),  Diógenes  Moura aproveita a experiência de ter frequentado por  sete anos o Elevado Presidente João  Goulart, com  uma  caderneta, um  lápis  e um  olhar  muito atentos não  somente para  o que acontecia em seus caminhos de concreto, mas, principalmente, para os habitantes dos apartamentos que margeiam os dois lados do viaduto.

Ao longo desse  período e de  uma  pandemia no  meio,  ele [Diógenes Moura] se sentou no meio-fio do Minhocão e passou  a buscar  vidas  dos dois  lados  daquelas pistas elevadas que escondem a miséria  sob seus pés e que passam a impressão de levar  todos a qualquer lugar.  Mas a sensação  é de um enorme presídio de desejos, sonhos  e fantasias, de onde  não se sairá jamais”,  escreve  o jornalista, escritor e editor Gonçalo Junior,  na quarta capa do livro.

Com sua dicção peculiar, sua geografia humana  muito particular e uma escrita concisa  e abundante em  acontecimentos, Minhocão faz um  retrato devastador  sobre  s  mesmos,  o  que  o  enxergamos e o  que  tentamos  esconder, com  personagens ordinários, vivendno  limite de  suas condições materiais, desejos  e frustrações, tendo como refúgio, seus apartamentos-cubículos, com seus  objetos envelhecidos e resquícios de  vidas  natimortas. Um  retrato sem arrodeio de uma sociedade high  tech que teima em se autopropagar moderna, civilizada e bondosa.
Trechos do livro:

“Em um dia de domingo qualquer, tantos uns, tantos outros, Cesário  Triste saiu de casa com  uma  caderneta e um lápis  e entrou na padaria da esquina.  Tomou café com  leite, engoliu três bolinhas embranquecidas para não endoidar, subiu  a rampa em direção ao viaduto, sentou-se na listra branca que divide as duas pistas  e mor- reu. Em outro domingo qualquer, arregalou os olhos  e começou a girar  a cabeça de um lado  para  o outro como se estivesse sendo  exorcizado. Com  as pupilas dilatadas  pelo  susto, dedicou-se a invadir os apartamentos dos outros, aqueles  que moram nas duas margens da imensa serpente de concreto que corta uma parte da cidade, onde  os homens desafiam o que resta dos deuses”.

“Cada replicante que Ambrósio Terminante das Tripas Enfim  descongela para colocar em cima dos ombros e pedir dinheiro entre  os carros  no semáforo, embaixo do viaduto, leva pelo menos seis horas para a carne ficar no ponto e voltar a ter a respiração natural, o piscar dos olhos, remover a memória embutida, as lembranças dos que ficaram para trás, imaginar um rosto vivo  de alguém que o sabe se um dia terá amanhãs”.

Sobre o autor:

Diógenes  Moura é escritor, curador de fotografia, roteirista e editor independente. Nasceu  na Rua do Lima, em Recife,  Pernambuco. Morou durante quase  17 anos em Salvador, na Bahia.  Desde  1989, vive  em  o Paulo,  no  bairro de Campos Elíseos. Com o livro  Vazão 10.8 – A Última Gota de Morfina (Vento Leste Editora, 104 págs.), lançado em  2021, entrou na lista  dos  Semifinalistas do  Prêmio Oceanos  em  2022. Com  11  livros  publicados entre  romance, contos, crônicas e poesia,  já recebeu um prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), em 2010, de melhor livro de contos/crônicas por  Ficção Interrompida [Uma  Caixa de Curtas], também finalista do Prêmio Jabuti de 2011. O seu primeiro romance autoficcional Vazão 10.8 – A Última Gota de Morfina está sendo adaptado para o cinema  pelo diretor Beto  Brant.

MINHOCÃO: Diógenes Moura
Editora NOIR  (163 págs., R$: 49,90)
Textos: Beto  Brant (Cineasta) e Gonçalo Júnior (Jornalista, escritor e editor)
Fotos-fuligem Daniel  Kfouri

Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »