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24/01/2023 às 18h32min - Atualizada em 24/01/2023 às 18h32min

“Muitas pessoas pensam que reter conhecimento é o melhor para que se tornem superior aos outros, mas não é”, revela professora destaque nacional de robótica

Da Assessoria
Imprensa/FIEMA
Conceição Oliveira compartilha como sua trajetória impacta a vida de jovens - Foto: Divulgação
 
Apaixonada por robótica, Conceição de Maria dos Santos Oliveira conta que todo esse amor veio a partir de um convite para participar de treinamento na área, em São Luís. Desde que esse mundo lhe foi apresentado, ela coleciona várias premiações e muitas histórias. Graduada em Matemática pela Universidade Federal de Santa Catarina, já trilhou pelos cursos de Administração de Empresas, Contabilidade e Engenharia. Mas foi na robótica educacional e de competição que se encontrou.

 Desde 2015, já circulou por vários estados, e juntamente com seus alunos e robôs, participou de três temporadas nacionais e várias regionais, alcançando premiações nas mais diversas categorias em 1º lugar. Recentemente, foi reconhecida nacionalmente com a premiação de Técnica Destaque, no Torneio SESI de Robótica Nacional - Temporada 2021/2022. 

 Natural do Pará, mãe de três filhos, decidiu fazer da robótica sua família e como ela mesmo diz, segue “adotando milhares de jovens” que têm suas vidas impactadas.  
 
Veja a entrevista que enfatiza o poder transformador da robótica na vida da professora do SESI Imperatriz e de seus alunos. 
 
Como a robótica passou a fazer parte da sua vida? 
 
Após seis meses no SESI, fui convidada para participar de um treinamento de robótica em São Luís, que, na época, ainda era trabalhada de forma interdisciplinar, e posteriormente virou matéria. Em 2012, conheci a robótica de competição, e daí, pronto, me encontrei. Até então, eu era professora de matemática e trabalhava muito sozinha, o meu mundo era muito menor. Depois da robótica eu vi que eu preciso de outras pessoas, outras disciplinas, porque na robótica, ninguém trabalha sozinho e nem pode deter conhecimento, tem que compartilhar. Na vida pessoal também houve mudanças, construí um leque de amizades e hoje converso com alunos, equipes e técnicos de outros estados e até países. 

 Como você, inserida neste contexto, vê o futuro dessa área? Qual a importância de trazer robótica para as escolas? 

Desde a sala de aula, o impacto é muito grande, porque a gente passar a trabalhar e desenvolver habilidades que os alunos acham que não vão utilizar ou que só vão utilizar daqui há 10, 15 anos, já é um desafio. Mas eles utilizam essas competências, sem perceber, no dia a dia. Um exemplo é trabalhar em equipe. Qual empresa não quer um trabalhador com essa habilidade, que se tornou primordial? Então, por meio da robótica, preparamos esses alunos para o mundo do trabalho. Muitas pessoas ainda pensam que reter conhecimento é o melhor para que eles se tornem superiores aos outros, mas não é isso, é necessário compartilhar e se aprimorar do que o outro tem. 
 Hoje, eu tenho alunos que chamo de “nômades digitais”, que começaram nas primeiras equipes de robótica e trabalham em diversos países com programação. Tenho um aluno que ganhou o mundo e hoje me diz: “professora o que a senhora leva um mês para ganhar, eu ganho em duas horas de atendimentos”. É tão gratificante, porque eu não estou construindo um futuro só para mim, mas também para eles. 

 
De que forma a robótica nos beneficia e está presente em nossas vidas? 
 
Ao falarmos em robótica, o que vem na cabeça das pessoas são robôs, mas ela é muito mais que isso. O robô é só uma parte desse mundo maior. Quando você adoece e precisa fazer um exame tem robótica, na academia, na alimentação, em absolutamente tudo, basta olhar em sua volta.  
A robótica também é empreendedorismo. Ao longo da preparação dos alunos para as competições, eles acabam por trabalhar com atividades que envolvem marketing, educação financeira e planejamento de negócios. 

 
 Como foi receber a premiação de melhor técnica na temporada nacional 2021-2022? 
 
Me senti realizada por ter minha trajetória reconhecida no mundo da robótica, mas essa conquista considero do SESI e de meus alunos.  Aquele momento é almejado por todo técnico, porque você é reconhecido no seu país e por contribuir para mudar a vida de jovens.  É como se eu estivesse enchendo um copo de água ano a ano, e aquele copo transbordou na nacional. A partir daquele momento, todo mundo passou a conhecer a história da professora ‘Conceição do Maranhão’. Hoje já sou referência na minha cidade. Já fui convidada para ministrar palestras na cidade, região e até de forma remota para outros professores. E me sinto ainda mais na obrigação de impactar a vida de mais pessoas para que elas possam impactar outras.  
 
Dentro da sua trajetória quais momentos considera mais marcantes? 
 
Primeiro a premiação na nacional, porque quem recebeu minha premiação foi quem realmente tinha que receber, meus alunos. Eles que subiram lá, receberam e apareceram nas fotos oficiais. E isso me marcou muito, porque não era para eu estar naquele momento, era para eles receberem e me entregarem. E quando eles chegaram gritando e falando que eu havia ganho uma premiação, automaticamente, se abriu uma roda e eu fiquei no meio e recebi das mãos de quem deveria receber o prêmio e todos os reconhecimentos. Essa cena nunca sai da minha cabeça. 
 O segundo momento foi conhecer a vencedora na categoria técnica destaque da Open do Brasil, reconhecida internacionalmente. Fiquei muito honrada porque ela também é uma mulher e um dos juízes fez o intercâmbio para que eu pudesse dialogar com aquela mulher. Ela conheceu a minha história e para mim foi gratificante por saber que o que eu estou fazendo em Imperatriz é o que aquela mulher está fazendo do outro lado do mundo. E quantos mais pessoas tiverem meu pensamento e o daquela mulher, o mundo será bem melhor. 

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