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12/08/2020 às 08h17min - Atualizada em 12/08/2020 às 09h03min

Como ficam as relações afetivas no período de isolamento social?

É um paradoxo que contraria o pensamento humano, uma vez que se é um ser social

DINO


Desde o início da pandemia de COVID-19, a partir de março de 2020, duas expressões se tornaram populares entre as mais diversas pessoas: "isolamento social" e "relações afetivas". A princípio, poucos sabiam ao certo o real significado delas. Foi preciso vivenciá-las para começar a compreendê-las - e é justamente vivenciando que se aprende.

Neste período, aprendeu-se que se isolar é, ao mesmo tempo, distanciar-se da rotina e se aproximar da família. É um paradoxo que contraria o pensamento humano, uma vez que se é um ser social. Como resultado, famílias inteiras começaram a buscar ajuda psicológica atrás de respostas para a seguinte questão: o que se pode fazer para conviver com pessoas que compõem o núcleo familiar, dia após dia, semana após semana, mês após mês?

Entretanto, não há fórmula a ser seguida para obter sucesso ao fim da quarentena. Cada família buscou uma forma de entender e de lidar com tais obstáculos. Diversos estudos mostram que as relações afetivas estão sendo fortemente testadas nas atuais circunstâncias, uma vez que o medo, a angústia, a solidão, a tristeza e a incerteza rondam os pensamentos incessantemente. Pais se questionam sobre quais atitudes devem tomar, enquanto família, para que os filhos não sofram impactos significativos durante o isolamento.

Não cabe aqui associar o isolamento social com sofrimento social. Contudo, o quociente emocional não deve ser desprezado neste momento, pois se precisa do equilíbrio interno para transmitir a quem convive consigo, principalmente aos filhos, a segurança que eles buscam, ainda que não verbalizem essa necessidade. Uma relação familiar saudável exige rotina, distribuição e valorização das tarefas realizadas individualmente. As atividades devem despertar o sentimento de pertença na criança. É preciso manter a motivação, exercitar a empatia e, principalmente, buscar o diálogo - habilidade que só se adquire praticando.

Outro desafio da pandemia é as aulas remotas. É novidade para os alunos e também para os pais. Para que este "novo" seja mais prazeroso, é importante que a família acompanhe as aulas com os filhos, incentivando-os e ajudando-os, quando necessário. Dessa forma, gradativamente os pais contribuirão para a construção da autonomia da criança.

É importante, ainda, a manutenção da rotina familiar, ou seja, acordar no mesmo horário, alimentar-se com a refeição matinal e até utilizar o uniforme escolar se for o caso. O horário do intervalo entre as aulas precisa ser respeitado, assim como o horário de estudo no período fora das aulas. Se os pais estiverem trabalhando em home office, a rotina também deve ser seguida à risca. Aproveitar o período de descanso para se aproximar dos filhos, colocando-se à disposição para ajudá-los. Ao fim do dia, todos poderão compartilhar as alegrias, as atividades realizadas, as frustrações e, com isso, planejar um amanhã melhor.

A pandemia do novo coronavírus pegou todo mundo desprevenido e exige preocupações. Mas é importante ter em mente que vai passar. Assim, quando terminar a fase do isolamento social, tem-se a certeza de se foi protagonista da própria história. As lembranças tristes e as amarguras ficarão, mas também vai ter boas memórias de que se irá orgulhar no futuro.

* Marta Maria Pasquali é mestre em Educação, pedagoga, psicopedagoga, educadora sexual e coordenadora dos cursos de Pedagogia nas unidades de Americana e Campinas - Centro Universitário Salesiano de São Paulo - UNISAL.

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