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23/11/2022 às 17h52min - Atualizada em 23/11/2022 às 17h52min

Shell investe R$ 30 milhões no Projeto de maranhense para transformar agave na “cana do sertão”

Programa de pesquisa quer desenvolver planta do semiárido, da qual são feitas a tequila e o sisal, para produção de etanol

Da Assessoria
Helbert de Oliveira, idealizador do projeto - Foto: Divulgação
 
Helberth de Oliveira, juntamente com o Consultor Internacional do Projeto Bill Wason, comemoraram a celebração de acordo sobre produção de biocombustível através da Shell Brasil, que já fechou uma parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) para um projeto de pesquisa e desenvolvimento que quer utilizar o agave, uma planta típica de regiões semiáridas, para a produção de etanol representada no Brasil pelo maranhense Helberth de Oliveira, que terá abrangência nacional. “A partir dessa variedade pode se extrair álcool, açúcar, fibras naturais e biomassa a um custo mais baixo”, disse o autor e idealizador do projeto no Brasil, Helbert de Oliveira, lembrando que a cana-de-açúcar, que também produz álcool, requer uso intenso de irrigação e o agave, não. 

Helberth de Oliveira reitera ainda que o objetivo do acordo é o de fazer pesquisas para verificar a adaptação no Brasil do agave, na variedade azul tequilano, utilizado para fabricação de tequila, e que foi introduzida na Austrália a partir de importação de material genético do México. 

Com financiamento de R$ 30 milhões, o programa quer estudar e desenvolver variedades de agave com propriedades bem adaptadas à realidade brasileira. Se bem sucedida, a empreitada tem potencial para transformar o sertão brasileiro em uma nova fronteira para a produção de biocombustíveis, sem competir. 

“Na Austrália, essa variedade foi bem adaptada em pesquisas voltadas para produção de etanol e fibra em regiões com condições de solo e clima semelhantes às do semiárido nordestino”, assevera Helberth de Oliveira. 

“A ideia é ir desde a planta até o processo industrial de produção de etanol de primeira geração, segunda geração [feito a partir de resíduos] e biogás. É um projeto totalmente inovador e com um potencial transformador enorme para uma região hoje muito carente”, afirma Marcelo Medeiros, coordenador da Shell Brasil. 

Em 2011, o ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra esteve na Austrália. De volta ao Brasil, ele incentivou a Embrapa a pesquisar o agave azul tequilano no país. “Darei todo apoio para a realização das pesquisas que visam trazer alternativas inovadoras de produção e renda à população do semiárido brasileiro, permitindo um grande salto na pesquisa”, afirmou. 

O agave já é utilizado para produção de tequila no México: é da pinha, a parte central da planta, que sai o sumo doce que é transformado em álcool. A partir dele é produzido também um xarope adoçante. No Brasil, as folhas viram sisal, fibra natural utilizada na produção de cordas, cestarias e tapete. 

“Dá para fazer tudo o que a gente faz com a cana e muito mais”, diz Gonçalo Pereira, coordenador do Laboratório de Genômica e Bioenergia da Unicamp e líder do projeto de pesquisa.  

 

Potencial

Há diversas variedades de agave, mas sua principal característica interessante à produção de biocombustível é a capacidade de gerar grandes quantidades de biomassa mesmo em locais com baixa incidência de chuva.  

No México, há plantas que chegam a pesar mais de 400 quilos.  

A capacidade do agave para produção de biocombustível é alvo de pesquisas também no México e na Austrália, todas recentes, mas até agora nenhuma delas tinha olhado a realidade brasileira.  

“Temos tanto as terras no semiárido para produção do agave quanto as experiências com a indústria canavieira e com a produção de etanol que já nos dão vantagem”, diz Pereira. 

Uma das principais diferenças do agave é que ele demora entre 3 a 5 anos para a primeira colheita, contra 12 meses da cana. Mas, após cinco anos, ele pode render até dez vezes mais biomassa que a cana por hectare, segundo uma pesquisa feita na Austrália.  

Esse mesmo estudo mostrou que a produção de etanol seria de 7,4 mil litros por hectare. Por essa matemática, seria possível produzir 3,3 bilhões de litros de etanol de agave ao ano – a mesma quantidade hoje produzida no Brasil de etanol de cana – utilizando 3,3 milhão de hectares. 

 

Projeto Brave 

Na primeira fase, o projeto, batizado de Brave – de Brazilian Agave Development, mas também uma alusão aos produtores de sisal do interior da Bahia, que se intitulam “bravos sisaleiros” – vai fazer toda avaliação da biologia e fisiologia da planta, para chegar até a produção de etanol em escala de laboratório.  

Nessa etapa, que terá duração de até cinco anos, estão envolvidos cerca de 50 pesquisadores, da Unicamp, Esalq/USP, e Universidade Federal do Recôncavo Baiano. 
 
O plano é fazer estudos de solo e genética das plantas para maximizar a produção de biomassa. 

Quando você começa a trabalhar com genética, aumenta muito o potencial dessas plantas reterem CO2 e produzirem biomassa”, diz Pereira. Ele faz um paralelo com a chamada cana energia, uma variedade utilizada na produção de biocombustíveis no Brasil e que chega a ter produtividade três a quatro vezes superior à cana convencional.  

A verba para o financiamento do projeto da Shell vem de recursos oriundos da cláusula da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) que determina a aplicação de um percentual da receita em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação.  

 

Mecanização e industrialização

Em uma segunda etapa, o projeto Brave prevê também o desenvolvimento de técnicas de mecanização de plantio e de colheita para a cultura do agave, além de desenvolvimento de plantas-piloto de processamento e refino, a serem instaladas na Bahia.
  
Segundo Helberth de Oliveira, a CoopEthanol é parceira e representante do Brasil da empresa Ausagave da Austrália, país que já utiliza a planta como matéria-prima do etanol. A planta poderia ser uma alternativa viável para a produção de etanol na região Nordeste. 

Dados coletados pelos técnicos da comitiva do Ministério da Integração Nacional indicam que a planta, quando cultivada para a produção do biocombustível, apresenta produtividade por hectare superior à da cana-de-açúcar. “Outra vantagem é que o agave possui aptidão para regiões de clima semiárido”, afirma Oliveira. 

Helberth de Oliveira, esclarece que já recebeu uma cópia do MoU (Memorandum de Entendimento) assinado pelos governos dos Estados Unidos da América e do Brasil no sentido de formatar uma parceria para o desenvolvimento do projeto no Maranhão (região de Imperatriz) e nos demais estados que formam a região nordeste do Brasil focado para a produção do mais novo biocombustível avançado para aviação comercial. 

Projeto a ser implantado em parceria com a Byogy Combustível avançado para a Aviação Comercial e Militar dos USA. Helberth de Oliveira conclui que a matéria sobre o assunto foi oficialmente publicada no Diário Oficial da União datada de 24 de abril de 2013.

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