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21/11/2022 às 21h48min - Atualizada em 21/11/2022 às 21h48min

“A maldita estatística dos ultraprocessados”

Ludmila Pereira de Araujo Souza *
Insistentemente, ao longo do período em que estou escrevendo a presente coluna, venho falando sobre o excessivo consumo de industrializados e citando os seus malefícios.

E hoje, para corroborar esse meu constante discurso, trago a você, caro leitor, um estudo recente realizado por pesquisadores da USP, da Unifesp e da Universidade Santiago de Chile, que, pela primeira vez, calculou o número de mortes prematuras (de 30 a 69 anos) associadas ao consumo de ultraprocessados no Brasil. Eles afirmam que são aproximadamente 57 mil óbitos por ano, baseado em dados de 2019.

Só pra se ter uma ideia, esse número chega a ser maior do que o total de homicídios no país no mesmo período - 45 mil em 2019. Ou seja, de fato é um número bastante alarmante.

Os ultraprocessados são produtos alimentícios criados pela indústria contendo muitas vezes um alimento como referência e acrescido de uma série de aditivos alimentares, como corantes, conservantes e aromatizantes.

E pra exemplificar e facilitar seu entendimento a respeito de quem os são, cito os salgadinhos de pacote, refrigerantes, balas e guloseimas, biscoitos recheados, macarrão instantâneo tipo miojo, gelatinas, nugget’s, salsichas e pratos prontos congelados, como pizzas e lasanhas.

A lista referida é extensa, eu sei, mas está bem longe de ser “só isso” e está mais presente na vida da população do que possamos imaginar.

Crescentes e robustos são os estudos que apontam que a ingestão desses produtos está ligada diretamente ao aumento de peso e ao risco de doenças crônicas, como diabetes, problemas cardiovasculares e até de câncer.
Percebe-se que o consumo desses alimentos é exponencial na vida da população, mas se nota também que a chegada das enfermidades citadas está cada vez mais precoce na vida das pessoas, assim como, obviamente, o número de óbitos em jovens, já confirmado pela pesquisa citada anteriormente.

É considerada uma fala clichê de nutricionista, mas segue sendo a máxima a se adotar: “descascar mais e desembalar menos”. Esse é o segredo para fugir da maldita estatística dos ultraprocessados.
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* Ludmila Pereira de Araujo Souza é Nutricionista, especialista em Nutrição Clínica com ênfase nas enfermidades renais
Instagram: @ludmilapasouza.nutri - Email: [email protected]

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