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09/11/2022 às 19h39min - Atualizada em 09/11/2022 às 19h39min

Do sertão a amazônia: uma história traduzida em cristais

Assessoria
Foto: Divulgação
 
A Universidade Federal do Maranhão do Campus de Ciências e Tecnologia em Imperatriz acaba de conceder pela primeira vez em sua história o grau de doutor a João de Oliveira Gomes Neto que se torna, no Brasil, o segundo mais novo a concluir o curso de doutorado, com apenas 25 anos. 

Nascido em Quixadá, no Ceará, filho de Maria das Graças Inácio Clemente e Francisco Germano de Oliveira, recebeu dos pais o apoio para que estudasse e pudesse sonhar com uma vida diferente para si. O agora aclamado pelos amigos e familiares como Doutor João terminou o ensino médio com apenas 15 anos após conseguir nota pelo Enem e iniciou o curso de química no Instituto Federal de Ciências e Tecnologia na sua cidade natal. 

João recorda que foi durante a graduação que surgiu o interesse em seguir a carreira acadêmica e buscar caminhos que jamais imaginara, “pois vim de uma família que ninguém tem título de mestrado e doutorado e não era um assunto em casa”.

A paixão por cristais sintéticos o motivou a buscar um mestrado que tivesse como linha de pesquisa a síntese e caracterização de cristais orgânicos e inorgânicos e se deparou com o campo de estudo restrito disponível no país, haja visto que “essa linha só existem em duas cidades brasileiras, Rio de Janeiro e Imperatriz”, após uma rigorosa seleção, chegou a essa cidade em 2017 para cursar o Mestrado com apenas 20 anos. 

E apesar de não conhecer a região quando decidiu vir e das inúmeras dificuldades que existem ao renunciar à companhia diária da família, João atribui às bolsas de pesquisa que recebeu das instituições de fomento a pesquisa a possibilidade de se estabelecer e criar laços com a cidade, o que permitiu que os sonhos que existiam somente dentro de si pudessem se materializar em cristais, tornando-os visíveis para aplausos de todos.

Com o título de Obtenção e caracterização das propriedades físico-químicas de sais duplo sulfatados para uso em dispositivos ópticos e termoquímicos sob a orientação do Dr. Adenilson Oliveira dos Santos, concluiu o doutorado com 27 patentes registradas no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e 14 artigos publicados em revistas de impacto internacional abrindo a possibilidade para que esses cristais desenvolvidos no laboratório possam vir a ser utilizados na aviação para detecção de mísseis e segurança aérea e em diversos dispositivos ópticos. 

Com uma caminhada incansável até aqui, João conseguiu sobrepor as dificuldades que vieram com a pandemia, como o fechamento do laboratório e agora decide qual caminho seguirá, pois já recebeu convite para fazer o pós-doutorado na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra, em Portugal e por meio da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo, na Universidade Federal de São Paulo ou no Instituto de Tecnológico de Aeronáutica (ITA). João acredita que essa trajetória educacional foi capaz de mudar suas perspectivas e deseja continuar contribuindo com a UFMA e a sociedade brasileira. 

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