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01/11/2022 às 00h00min - Atualizada em 01/11/2022 às 00h00min

“A emboscada das embalagens”

Ludmila Pereira de Araujo Souza *
Há algumas semanas, escrevi sobre a mudança na rotulagem dos produtos alimentícios e falei sobre a vitória da população a partir dali, de ter em mãos, de forma mais explícita, algumas informações a respeito da composição daquele industrializado. De fato, repito, é sim uma grande conquista.
 
Mas, infelizmente, ainda não é o bastante, tendo em vista que a indústria alimentícia vem utilizando de algumas artimanhas que acabam ludibriando a população. E vou já contar a você como.
 
Alguns produtos mudaram a sua composição de ingredientes, mas seguem sendo vendidos como se fosse aquele alimento de costume que o consumidor quer e rotineiramente compra. Exemplos disso: leite em pó sendo substituído por composto lácteo; creme de leite virou mistura de creme leite; leite condensado se tornou mistura láctea de leite, soro de leite e amido; manteiga agora é creme vegetal à base de manteiga; e requeijão cremoso não está mais sozinho, agora ele tem amido adicionado à sua composição.
 
Ou seja, estamos comprando gato por lebre. E o pior: estamos pagando o mesmo valor ou mais por um produto nutricionalmente inferior. A indústria alimentícia barateia seus custos, aumenta seus lucros e ainda engana seus consumidores, já que as embalagens são idênticas e muitas vezes, o que muda é somente o nome do produto, mas que acaba passando despercebido pela população. Ou mesmo quando o cliente nota essas pequenas mudanças, mas desinformado, ele não sabe o que significa, acha que é a mesma coisa e acaba levando pra casa esse produto de valor nutricional bem aquém.
 
Outro equívoco comumente também cometido pelas indústrias é de afirmar que um produto é integral, quando, na verdade, ele não o é. Um pão, por exemplo, para que ele seja verdadeiramente integral, ele precisa ter entre os primeiros ingredientes da sua lista, farinha de trigo integral e não a farinha branca.
 
A lista de ingredientes é de suma importância para que o consumidor saiba o que está consumindo e obrigatoriamente, ela deve ser apresentada em ordem decrescente, ou seja, de maior quantidade para menor quantidade daquele componente. 
 
Caro leitor, percebe como a falta de informação faz com que sejamos tão reféns das indústrias?
 
Que cada dia, possamos nos informar ainda mais do que de fato traz saúde à nossa mesa e que o conhecimento nos permita fugir dessa emboscada que são as embalagens.

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* Ludmila Pereira de Araujo Souza é Nutricionista, especialista em Nutrição Clínica com ênfase nas enfermidades renais
Instagram: @ludmilapasouza.nutri - Email: [email protected]

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