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14/10/2022 às 19h34min - Atualizada em 14/10/2022 às 19h34min

Salimp, patrimônio imaterial e cultural do Maranhão

Elson Araújo
Fotos: Hudson Frota

O Salão do Livro de Imperatriz (Salimp) é patrimônio imaterial e cultural do Estado do Maranhão, um reconhecimento da Assembleia Legislativa por intermédio do deputado Professor Marco Aurélio (PSB).  A Academia Imperatrizense de Letras de Imperatriz (AIL) é grata por isso.  

Única feira de livros do Brasil realizada por uma academia de letras, o Salimp 2022, na sua edição presencial 18, termina neste domingo, 16, com a certeza do “dever cumprido” e de que se consolida como um dos eventos que enobrecem a cidade e orgulha uma parcela significativa de seus moradores. Aquela que ama a leitura e as artes de modo geral.

Mais do que ressaltar e incentivar a leitura, o Salimp, na sua composição, se transformou num evento multicultural pela conjugação de várias artes num único espaço. Literatura, dança, teatro, artes plásticas, e muita música. Um pouco de tudo, que no final, em tempos tão difíceis, deixa a alma do visitante mais leve. 

Pelas dificuldades do financiamento de um evento de tamanha grandeza, já há uma corrente dentro da AIL que defende que a feira se torne uma bienal.  Houve, como já era de se esperar, resistências, e todos os indícios apontam que a feira vai permanecer, do jeito que é, anual. 

Sem fins lucrativos, ao final, conforme brinca o presidente Raimundo Trajano Neto, ficam a satisfação pela entrega de um produto que faz a felicidade de todos aqueles que a ele tiveram acesso, e o estresse dos restos a pagar. Mas como diz Edna Ventura, outra acadêmica, “tudo vale a pena”.  

Neste 2022, com orçamento quebrado, o Salão do Livro teve o apoio da Prefeitura, do Governo do Estado, do Governo Federal e da iniciativa privada. Não foi fácil, mas o evento chega a este final de semana com recorde de público, lançamentos de obras, shows, e palestras sobre vários temas; da literatura até sobre trabalhos científicos, o que casou com o tema deste ano: “Imperatriz polo universitário: Ciência, cultura e arte. 

Dito isto, é bom ressaltar um pouco da beleza e da riqueza da produção literária dos nossos escritores, tantos os do passado, já imortalizados como grandes nomes da Literatura Brasileira, quanto os contemporâneos que nos mais diversos gêneros faz da literatura maranhense algo magnifico, e que por conta disso precisa ser dito e mostrado com mais ênfase para o mundo. 

A Casa de Cultura Josué Montello, sediada em São Luís, trouxe para a feira uma exposição sobre a vida e obra desse maranhense que se tornou um dos grandes da literatura brasileira e uma referência para os novos escritores. 

Há de ser dito que o texto literário carrega a magia de promover um agradável encontro íntimo com o autor, e consequentemente por meio da relação leitor-texto-autor alcançar lugares e possibilidades que somente a linguagem pode oferecer. 

Dessa forma, a arte literária termina indo além dos aspectos puramente pragmáticos e reais da vida, já que por meio desta o ser humano satisfaz suas necessidades subjetivas, sendo-lhe permitido assumir uma atitude crítica em relação ao mundo a partir das possibilidades metafóricas da linguagem, como também a partir das indagações que ela oferece. Ressalte-se, algo mais do que necessário no momento presente do Brasil.

Não se pode fugir do fato de que literatura contribui fortemente para a formação integral da pessoa. Ela é imprescindível e deve fazer parte das nossas vidas de maneira constante, uma vez que garante a base cultural necessária ao indivíduo para viver plenamente sua subjetividade integrada à sua vida prática.

A capacidade de expressão é o caminho mais fácil para a libertação das inquietações da alma. Tornar visível o invisível ajuda a amortecer as angústias já que faz bem chorar, orar, cantar, ri, escrever, compor, declamar, pintar o que vier na telha e, utopia ou não, até mudar o mundo. A literatura contribui sobremaneira para a construção desse capital. 

As artes têm esse condão. O de ser um elemento essencial para a liberdade humana.  Não importa qual seja. Não precisa entender só se entregar a ela e começar a viver e transformar vidas.

Trazendo  a sardinha para o nosso lado, será  que seríamos os mesmos, ou  assim permaneceríamos, após a leitura de um  Aluísio Azevedo,  Josué Montello Bandeira Tribuzi,  José Sarney, José Chagas, Arthur Azevedo, Gonçalves Dias, Graça Aranha, Ferreira Gullar, Odylo Costa Filho, João Mohana, Maranhão Sobrinho, João Lisboa, Gentil Braga, Maria Firmina dos Reis, (homenageada  durante o Salimp), Raimundo Correia, Humberto de Campos e tantos outros que deixaram para o acervo maranhense obras que acabam por relatar peculiaridades  tanto do passado quanto do presente do território brasileiro e, principalmente, do Maranhão? Pergunta que só o leitor poderá responder.

Embora nossa literatura esteja visivelmente combalida há uma geração de escritores, anônimos ou não, no interior e na capital que enfrentando todas as durezas peculiares da edição de uma publicação, seja de qual gênero, não perdem a ternura jamais e publicam e publicam.  Se não livros físicos, livros virtuais; os chamados ebooks estão   nas plataformas digitais tentando conquistar leitores, e esse é o maior dos desafios 

Precisamos de leitores se quisermos de fato mudar os mundos, uma vez que é praticamente impossível ser um bom leitor e não querer mudar o mundo, mudar a realidade de uma comunidade, de uma cidade de um país, e o porquê não dizer, nosso   mundo interior. E isso é possível sim. E é por meio da leitura! 

O importante nessa toada é que é que nossa Literatura vive e é viva.  Um viva para as academias de letras do nosso Estado.  Não sei precisar quantas ao todo tem o Maranhão, mas sei dizer que só na nossa região são quatro: Imperatriz, João Lisboa, Açailândia e Grajaú. E sem medo de errar: entre todas, incluindo a Maranhense de Letras, a de Imperatriz é uma das mais importantes. Não só pela qualidade de seus integrantes, mas pelo labor literário que é praticamente diário, fonte de pesquisa e de inspiração e que hoje realiza um dos maiores salões do livro do Brasil e que abriga um dos mais importantes prêmios literários em dinheiro do País, digo isso porque acompanho os concursos literários realizados Brasil afora. 

O Salão do Livro de Imperatriz termina sob aplausos e com aquele gostinho de quero mais. 

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