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17/09/2022 às 13h19min - Atualizada em 17/09/2022 às 13h19min

Afegãos acampados no Aeroporto de Guarulhos serão acolhidos na capital

Negociação entre prefeitura e governo estadual possibilita busca de uma solução para afegãos que chegam ao Brasil à procura de refúgio depois da volta do Talibã ao poder.

Daniel Mello
Agência Brasil - São Paulo
Solução resulta de negociação entre prefeitura e governo estadual - © Rovena Rosa/Agência Brasil

   
Vão ser acolhidos na cidade de São Paulo os 93 afegãos que estavam acampados no Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo. Segundo a prefeitura de Guarulhos, a ação foi possível após negociação com o governo estadual para tentar resolver o problema das pessoas que chegam ao terminal em busca de refúgio após a volta do Talibã ao poder.

Para tentar atender a demanda, a prefeitura instalou no aeroporto um posto avançado de atendimento humanizado ao migrante e uma residência transitória para migrantes no município. No entanto, a residência, que conta com 27 vagas, já está lotada.

De acordo com a Polícia Federal, chegaram ao Brasil pelo Aeroporto de Guarulhos 407 afegãos em julho, 292, em agosto e 459, até o dia 14 de setembro. Em setembro de 2021, entraram no Brasil pelo aeroporto 12 afegãos e, em outubro, 57.

No início de setembro, os ministérios das Relações Exteriores e da Justiça editaram uma portaria para facilitar a concessão de visto humanitário às pessoas que vêm do Afeganistão. Segundo o Itamaraty, já foram autorizados 6,1 mil vistos a partir dessa nova política. “Parcela minoritária não conta com esse apoio prévio da sociedade civil organizada e chega ao país em situação de vulnerabilidade”, ressalta nota divulgada pelo ministério.

Talibã

Faz um ano que os Estados Unidos retiraram as tropas do Afeganistão depois de 20 anos de ocupação. Na ocasião, o presidente afegão, Ashraf Ghani, deixou o país, e o controle do palácio presidencial foi assumido pelos talibãs.

O Talibã se tornou conhecido como um grupo religioso fundamentalista na primeira metade da década de 1990 e foi organizado por rebeldes que haviam recebido apoio dos Estados Unidos e do Paquistão para combater a presença soviética no Afeganistão, que durou de 1979 a 1989, em meio à Guerra Fria. A chegada ao poder foi consolidada em 1996, com a tomada da capital, Cabul.

Uma vez no controle do governo, o Talibã promoveu execuções de adversários e aplicou sua interpretação da Sharia, a lei islâmica. Um violento sistema judicial foi implantado: pessoas acusadas de adultério podiam ser condenadas à morte e suspeitos de roubo sofriam punições físicas e até mesmo mutilações. O uso de barba se tornou obrigatório para os homens, e as mulheres não podrim ser vistas publicamente desacompanhadas dos maridos. Além disso, elas precisavam vestir a burca, cobrindo todo o corpo. Televisão, música e cinema foram proibidos, e as meninas não podiam frequentar a escola.

A ocupação dos americana foi uma reação aos ataques às torres gêmeas do World Trade Center, arranha-céus situados em Nova York. Dois aviões atingiram os edifícios em 11 de setembro de 2001, levando-os ao chão e causando quase 3 mil mortes. Os Estados Unidos acusaram o Talibã de dar abrigo ao grupo terrorista Al Qaeda, que assumiu a autoria do atentado. Em outubro de 2001, tiveram início as operações militares no Afeganistão.

Os radicais, entretanto, conseguiram retomar o controle do país no ano passado, implantando um novo governo fundamentalista. 


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