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15/09/2022 às 08h33min - Atualizada em 15/09/2022 às 08h33min

Vítimas de violência de estado ganham rede de atendimento psicológico

O objetivo é ampliar o atendimento psicossocial que já é prestado pelo Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da defensoria em parceria com a sociedade civil e as universidades públicas.

Marina Burck - Estagiária da Agência Brasil */Rio de Janeiro
Agência Brasil - Rio de Janeiro

   
A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro (DPRJ) lançou hoje (14) a Rede de Atenção a Pessoas Afetadas pela Violência de Estado (Raave). O objetivo é ampliar o atendimento psicossocial que já é prestado pelo Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos (NUDEDH) da defensoria por meio de parceria com a sociedade civil e as universidades públicas.

"A gente sempre teve a ideia de fortalecimento das redes públicas, mas para esse atendimento específico às vítimas de violência, a gente sabia que existia uma grande carência, não existia. A nossa preocupação não é só prestar o atendimento jurídico, que é evidente que é relevante, mas a gente sabe que essas pessoas precisam ser abraçadas”, disse a coordenadora geral de Programas Institucionais, Carolina Anastácio, durante o evento de lançamento da rede.

Além da DPRJ, compõem a Raave grupos de psicologia e psicanálise que já atuam com pessoas afetadas por violência no estado. Por meio da rede, a defensoria vai encaminhar as vítimas para uma das instituições parceiras, para receber atendimento psicológico individualizado.

"Essa rede nasce depois do Jacarezinho, depois da operação mais letal da história do estado do Rio de Janeiro", disse o defensor público geral do estado do Rio de Janeiro, Rodrigo Pacheco.

Na operação policial em maio de 2021, na favela do Jacarezinho, zona norte do Rio de Janeiro, morreram 28 pessoas. Na ocasião, grupos de psicologia procuraram a DPRJ se colocando à disposição para atendimento de familiares e vítimas da ação policial.

Para o ouvidor geral da DPRJ, Guilherme Pimentel, a rede é um passo na construção de uma política pública de atendimento para as pessoas afetadas pela violência estatal. “Não é uma rede para substituir serviço público, mas é uma rede para a gente pensar como lidar com essa demanda específica, que não é qualquer demanda, e tentar contribuir para que isso um dia esteja na rede de serviço público, acessível para as massas do Rio de Janeiro", disse.

Letalidade

Segundo o boletim Raio X das Ações de Policiamento, da Rede de Observatórios da Segurança, que comparou o número de operações policiais no período compreendido entre junho de 2020 a julho de 2021 e junho de 2021 a julho de 2022, aumentaram em 5,96% as ações entre os 2 anos.

Apesar da determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) de restringir as operações policiais em comunidades no Rio de Janeiro durante a emergência sanitária, as operações no estado passaram de 2.854 para 3.024 entre os anos analisados. Essas 5.878 operações policiais resultaram em 614 mortes, o que representa uma proporção média de mortes por operação de 10,4%.

* Estagiária sob supervisão de Mário Toledo

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