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14/09/2022 às 19h16min - Atualizada em 14/09/2022 às 19h16min

Mais um índio da etnia Guajajara é morto na Terra Indigena Arariboia

O indígena Antônio Cafeteiro Silva Guajajara foi morto com seis tiros no domingo (11), no município de Arame

Geisa de Almeida, g1 MA
Janildo Oliveira Guajajara e Israel Carlos Miranda Guajajara foram assassinados no dia 3 de setembro - Foto: Arquivo/O PROGRESSO
 
Mais um caso de violência contra a etnia Guajajara foi registrado no Maranhão. O indígena Antônio Cafeteiro Silva Guajajara foi morto com seis tiros no domingo (11), na estrada do Povoado Jiboia, no município de Arame, a cerca de 313 km de Imperatriz. Esse é o terceiro assassinato de indígenas da etnia Guajajara em menos de duas semanas no estado.

No dia 3 de setembro, Janildo Oliveira Guajajara, que já foi Guardião da Floresta, foi assassinado com tiros nas costas, em Amarante do Maranhão. Já no município de Arame, Israel Carlos Miranda Guajajara morreu após ser atropelado e a polícia confirmou que se trata de um caso de homicídio.

O delegado da Polícia Civil de Arame, Tiago Castro, informou que Antônio Cafeteiro Silva Guajajara morava na aldeia Lagoa Vermelho, na Terra Indígena (TI) Arariboia. A polícia segue investigando o caso, mas ainda não deu detalhes sobre as circunstâncias do crime.

Segundo o Instituto Socioambiental, os Guajajara são um dos maiores grupos indígenas do país e vivem em diferentes regiões do estado do Maranhão. Na Terra Indigena Arariboia, indígenas da etnia participam do grupo conhecido como Guardiões da Floresta, criado pelos próprios indígenas para proteger seu território. Os guardiões atuam para identificar e vigiar as trilhas abertas por madeireiros ilegais e flagrar a ação dos criminosos.

Violência contra os Guajajara
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), nos últimos 10 anos já foram registrados 35 casos de assassinatos de indígenas no Maranhão, muitos deles na região da Terra Indígena Arariboia, onde moram os Guajajara.

Um caso de grande repercussão aconteceu em novembro de 2019, quando o indígena Paulo Paulino Guajajara, também conhecido como o “Lobo Mau”, foi morto em uma emboscada. Um madeireiro identificado como Márcio Gleik Moreira Pereira também morreu em uma troca de tiros, e o indígena Laércio Sousa Silva sobreviveu.

Sobre este caso, Justiça Federal determinou que Antonio Wesly Nascimento Coelho e Raimundo Nonato Ferreira de Sousa, acusados do crime, irão a júri popular. Eles se tornaram réus após uma denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) e respondem por homicídio qualificado por motivo fútil e eventual emboscada.

A dupla também responde pela tentativa de homicídio por suposto motivo fútil e emboscada contra o indígena Laércio Sousa Silva, com agravante de ofensa indígena. Além disso, poderão ser condenados pelo porte ilegal de arma fogo. ‘Enquanto estivermos vivos, vamos lutar’, disse Laércio

Para o MPF, os crimes contra a vida foram agravados por terem atingido a comunidade indígena, uma vez que foram cometidos contra aqueles que lá estavam para proteger a terra e cultura indígenas.

Além disso, foram cometidos também por motivo fútil, com a finalidade de reaver uma motocicleta, e de forma que dificultou a defesa da vítima, tendo em vista o elemento surpresa destacado no contexto em que foram efetuados os disparos de arma de fogo.

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