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15/08/2022 às 23h09min - Atualizada em 15/08/2022 às 23h09min

“Beijo do Gordo”

Com esse bordão, Jô Soares terminava as atrações que comandava. O cenário artístico brasileiro perdeu seu grande humorista

Da Redação
GB Edições
O ator, escritor, apresentador e comediante Jô Soares faleceu aos 84 anos, deixando uma lacuna no cenário artístico brasileiro / Foto: Zé Paulo Cardeal-RG
  
Ele sempre foi cheio de graça. O humor na ponta da língua, a inteligência aguçada, o raciocínio rápido e o amor pela arte eram suas marcas registradas. Chorava pelas coisas boas, nunca pela tristeza. Vaidoso, chegou a dizer que “já nasceu querendo seduzir o mundo”. E assim o fez, em mais de 60 anos de carreira, com personagens históricos na TV brasileira, mais de 200 personagens e 14.000 entrevistas. Jô Soares morreu aos 84 anos na madrugada da sexta-feira, dia 5. O ator, diretor, escritor e humorista estava internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, desde o fim do mês de julho e a causa da morte não foi divulgada. Como ele mesmo dizia, “a morte é a única coisa que não se pode repetir”.  

Filho único do empresário paraibano Orlando Heitor Soares e da dona de casa Mercedes Leal Soares, José Eugênio Soares nasceu no Rio de Janeiro em 16 de janeiro de 1938. Teve um único filho, Rafael Soares, que era autista e morreu em 2014, aos 50 anos. Rafael era fruto do relacionamento com a atriz Therezinha Millet Austregésilo, com quem Jô Soares foi casado entre 1959 e 1979. Em 1987 casou-se com Flávia Junqueira, separando-se em 1998.

Ainda pequeno, Jô Soares morou no anexo do hotel Copacabana Palace e aos 12 anos mudou-se para a Europa, onde viveu por cinco anos. Estudou na Suíça, aprendeu vários idiomas e queria ser diplomata. Mas a arte falou mais alto. Em 1958 voltou com a família para o Brasil e começou a frequentar aulas de teatro.

Após estrelar inúmeros filmes de comédia, Jô estreia na televisão escrevendo os textos de programas para a TV Rio. Em São Paulo, foi responsável pelos textos de humor do programa “Simonetti Show”, na TV Tupi. Na década de 60, transferiu-se para a Record TV onde ganhou seu primeiro programa – “Jô Show” – e tornando-se ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega, responsável por um dos maiores sucessos da década: “A Família Trapo”.

Em 1970, estreou na Globo em “Faça Humor Não Faça Guerra”, e fez também “Globo Gente”, “Satiricom”, “O Planeta dos Homens”, até ganhar seu humorístico “Viva o Gordo”, em 1981, no qual desenvolveu uma galeria de personagens que ficaram para a história do humor.

Em 1988, Jô chegou ao SBT para renovar as noites de segunda-feira com o sofisticado humor, agora rebatizado de “Veja o Gordo”, carregando consigo personagens de suas atrações anteriores, e criou novos que foram sucesso na emissora, dentre eles a economista Lilia Bife Quibe no jornal “Gordo Economia”.

Mas foi em agosto de 1988, que uma revolução acontece na carreira de Jô, e na história da televisão brasileira. Jô ganha de Silvio Santos a oportunidade de realizar seu sonho ao comandar um talk show que mesclasse entrevistas, música e humor, inovando com vanguarda os finais de noite da TV brasileira, criando uma fórmula inesgotável que até hoje reflete-se em sucesso absoluto. Estava lançado “Jô Soares Onze e Meia”.

Durante a Copa do Mundo dos Estados Unidos, em 1994, comandou uma mesa redonda direto de Los Angeles batizada de “Jô na Copa”, com a participação de ex-jogadores, celebridades e, inclusivo e antenado, convidou pela primeira vez mulheres para debater a performance da seleção.

Em 2000, Jô retorna para a Globo, mantendo o estilo de talk show criado no SBT, em “Programa do Jô”, permanecendo no ar até 2016.

Paralelo a televisão, fez sucesso nos palcos em shows de humor ao estilo “one man show”, shows tocando bongô ao lado do Quinteto Onze e Meia, na década de 1990, e escrevendo e dirigindo importantes espetáculos teatrais. Como escritor, lançou best sellers de ficção como “O Xangô de Baker Street” e “O Homem que Matou Getúlio Vargas”.

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