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02/05/2022 às 22h53min - Atualizada em 02/05/2022 às 22h53min

Comunidade indígena enfrenta possível surto de tuberculose e denuncia água contaminada

Aldeia da Prata em Augustinópolis tem um caso confirmado e três suspeitos

Assessoria
Quirino Dias, ancião apinajé que morreu de tuberculose no início do ano - Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal
 
A aldeia do Prata, comunidade localizada perto do município de Augustinópolis, no Bico do Papagaio, pode enfrentar um surto de tuberculose por causa da demora no diagnóstico de casos suspeitos e no tratamento da doença.

Apresentando sintomas de doença respiratória grave, o indígena Elias Apinajé está atualmente internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de Palmas.

Segundo o cacique Joel Apinajé, a comunidade já registrou três casos suspeitos da doença neste ano. O pai dele, ancião Quirino Dias, faleceu em janeiro, também com suspeita de tuberculose.

“E até hoje nunca o pessoal da saúde veio fazer diagnóstico… A gente fica preocupado com uma situação dessa, a nossa saúde aqui está péssima, o atendimento tá lento, tá devagar, as consultas são lentas, e está cada vez mais desenvolvendo doença na aldeia (sic)”, conta Joel.

ASSOCIAÇÃO CONFIRMA CASOS
Em nota pública, a Associação Pempxà (união das aldeias apinajé), relata que há negligência do Pólo Base Indígena-PBI/SESAI, visto que o primeiro caso confirmado aconteceu em março, com a indígena Ivaneide Dias Apinajé.

Na ocasião foram solicitados com urgência exames laboratoriais de diagnóstico da tuberculose dos familiares e outras pessoas que tiveram contato com a paciente ainda em 30 de março, mas conforme a Associação até o momento os exames não foram efetuados.

A presidente do instituto indígena Narubia Werreria se manifestou sobre a situação. “É muito grave que tenhamos um surto de uma doença que existe um tratamento simples e eficaz. É um atestado do completo descaso com a saúde indígena”, desabafa Narubia.

O integrante da Associação Pempxà, Antônio Apinajé, expõe que as suspeitas são anteriores à confirmação da doença em Ivaneide Dias e reivindica ações. “Diante dessa situação estamos cobrando da SESAI/DSEI-TO [Distrito de Saúde Indígena] que apresente Relatório sobre esses casos e sejam adotadas medidas preventivas para evitar que mais pessoas fiquem doentes”, denunciou o indígena.

ÁGUA CONTAMINADA
O cacique Joel Apinajé também revela que a comunidade é abastecida com água contaminada. “A nossa caixa d’água, a nossa bomba está péssima, porque não está mais segurando na água, a caixa d’água tá suja, a bomba liga direto e nós já solicitamos muito (sic)”, relata o cacique.

Em março a comunidade realizou uma manifestação pressionando que o problema da água fosse resolvido, chegando a aprender um veículo da Saúde para pressionar que a manutenção da bomba fosse realizada, mas as manifestações não surtiram efeito e a aldeia de mais de 250 pessoas segue consumindo água sem tratamento.

EDUCAÇÃO
O povo apinajé, em conjunto com o povo krahô, também enfrenta a falta de escolas, transporte e material escolar, são mais de 200 indígenas sem acesso à educação, por falta de implantação de escolas na comunidade e pela precariedade das estradas até os centros urbanos.

Em janeiro, o povo apinajé realizou uma manifestação em Tocantinópolis expondo a negligência do Governo Estadual que municipalizou o transporte escolar mudando a rota dos ônibus escolares que deixaram de atender as crianças e adolescentes indígenas nas aldeias.

INDTINS
Fundado em 2002, o Instituto Indígena do Tocantins é uma Organização sem fins lucrativos formada por integrantes indígenas de diferentes etnias e luta pela preservação do meio ambiente e a defesa dos direitos dos povos originários tocantinenses.

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