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07/10/2020 às 00h00min - Atualizada em 07/10/2020 às 00h00min

DOIS CRIMES CONTRA RENATO MOREIRA

EDMILSON SANCHES.
Renato Cortez Moreira com seu vice, Salvador Rodrigues de Almeida, no primeiro ano de mandato (janeiro/outubro de 1993). Salvador faleceu em 10/01/2019 - Foto: Divulgação
“Um dia, ainda que regada a sangue de vítimas e lágrimas de parentes, haverá de brotar uma árvore em cujos galhos haverão de ser enforcadas as omissões de todas as autoridades omissas e o mal de toda gente assassina, que ganha a vida fazendo perder outras vidas.”

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Era manhã cedinho, pouco mais das seis horas do dia 6 de outubro de 1993. Na visita habitual que fazia ao Mercadinho Bom Jesus, próximo à sua residência, na Rua 15 de Novembro, hoje Avenida Frei Manuel Procópio, o imperatrizense Renato Cortez Moreira não iria encontrar apenas os produtos e os velhos conhecidos. 

Aos 59 anos, 3 meses e 14 dias, ali, em uma esquina, sua vida encontraria também a morte.

Repentina, brutal, covarde, a morte de Renato Moreira, à época exercendo pela segunda vez as funções de prefeito de Imperatriz, foi seguida de um segundo crime, que se arrasta há 27 anos: a não-solução completa e definitiva de seu assassinato e a consequente prisão e cumprimento de pena de todos os envolvidos, em especial os mandantes.

Renato nasceu em 22 de junho de 1934. Foi desportista (ajudou a fundar o Renner, clube de futebol). Foi de entidades de serviços (um dos fundadores da Loja Maçônica Firmeza e Humanidade e membro do Rotary Club). Foi promotor público, coletor, chefe da Receita Federal.

Foi o primeiro prefeito da década de 1970. Eleito novamente, assumiu em 1993. Não terminou nem o primeiro ano de mandato: a pistolagem e outros interesses escuros, escusos, terminaram sua vida. 
Por ironia  — trágica —  do destino, Renato Moreira foi morto na esquina da Rua Bom Jesus com a antiga Rua 15 de Novembro, próximo ao Mercadinho Bom Jesus, o primeiro mercado municipal de Imperatriz, que ele próprio, Renato, em 1971, havia reconstruído e ampliado. Nas décadas de 1950 e 1960, o Mercado, além de local de venda de aves e de carnes bovinas, suínas e caprinas, era ponto de encontro de sertanejos e agricultores para a venda de cereais e produtos da região. Era, para a época, um centro comercial, que dispunha também de pequenas mercearias e de quiosques onde se vendia a boa comida caseira.

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No primeiro mandato de Renato Cortez Moreira, a bala matou-lhe seu vice-prefeito, o piauiense Dorgival Pinheiro de Sousa, em 12 de novembro de 1971, três dias após completar 32 anos. Dorgival, comerciante, foi presidente da Associação Comercial e Industrial de Imperatriz e foi membro do Rotary Club e da maçonaria. 

No segundo mandato de Renato Cortez, foi ele próprio, prefeito, o atingido mortalmente.

Um dia, ainda que regada a sangue de vítimas, lágrimas de familiares e perplexidade de amigos, haverá de brotar uma árvore em cujos galhos haverão de ser enforcadas as omissões de todas as autoridades omissas e o mal de toda gente assassina, que ganha a vida fazendo perder outras vidas.

Os restos mortais de Renato Moreira jazem inertes no túmulo, mas sua memória ainda não repousa em paz...

EDMILSON SANCHES.
[email protected]

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