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08/01/2022 às 00h00min - Atualizada em 08/01/2022 às 00h00min

Além do ter

Elson Araújo
 
Na sociedade planetária O TER domina o mundo material. Não importa a etnia ou classe social. Com o ter as portas se abrem, os sorrisos se libertam, e se brincar até a alma, contudo é necessário compreendê-lo.

Num entendimento livre e superficial, O TER se resumiria ao poder de cada indivíduo conquistar, reter e suprir, ou não, suas necessidades materiais. No entanto, ao dissecá-lo é possível compreender que essa variável é apenas um dos elementos dessa grande equação.

O TER, portanto, transcende ao material. É só pensar um pouquinho que a gente chega a essa conclusão, aparentemente óbvia.  

Em “Comida”, o ator, cantor e compositor Arnaldo Antunes (Titãs) ressalta bem essa verdade da vida.

 
 
A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...

 
 
É perfeitamente compreensível a síntese que o compositor quer ressaltar na sua famosa canção: que o SER é maior do que o TER. Ter ou não ter, portanto, é uma questão de sobrevivência. Isto é um fato!   
Tem aquele tipo de desejo pelo TER que se desenvolve naturalmente porque já nascemos com ele. Faz parte do viver humano. É intrínseco dele. É da sua essência como ser social. Há outros um pouco mórbidos. Que são aqueles que levam à morte. E há aqueles que a vida exige da gente. O escritor mineiro João Guimarães Rosa ressalta um deles na sua obra Grande Sertão: Veredas.

Para o criador de Diadorim, “o correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. ”  
.
E ele tem razão. Sem coragem o SER fica como um pássaro aprisionado numa gaiola que mesmo com a porta aberta fica ali, quieto, num estado letárgico, sem força à espera de um impulso, interno ou externo para poder voar. Com isso, o entendimento de que para ser livre é preciso TER atitude.

A coragem, ressaltada por Guimarães Rosa na sua obra mais famosa, é uma virtude mais do que necessária nos dias atuais, contudo cada vez mais escassa. E se é uma virtude é preciso, num entendimento aristotélico, retê-la, não como mero conhecimento, mas como uma prática constante.

Perceba como o caldeirão do TER é gigantesco. Mas não se resume ao material. É muito maior do que isso. Portanto, surge a necessidade de na relação consigo o ser humano estabelecer um vínculo harmonioso, e de interdependência, entre O TER e o SER para que não se perca a preciosidade do SER, humano, e um não atropele o outro.
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