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04/11/2021 às 09h35min - Atualizada em 04/11/2021 às 09h35min

Sétimo maior produtor agropecuário do país, Mato Grosso do Sul deve se beneficiar com chegada do 5G

Especialistas avaliam que a nova geração de internet móvel vai ampliar a efetividade da agricultura de precisão e da pecuária. Leilão deve garantir chegada do 4G às áreas mais remotas

Felipe Moura
Brasil 61
Soja. Foto: Agência Brasil

  
A chegada do 5G deve impulsionar o agronegócio em Mato Grosso do Sul. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o estado é o sétimo maior produtor agropecuário do país. Entre janeiro e setembro de 2021, os produtores sul-mato-grossenses movimentaram mais de R$ 73 bi. No entanto, as propriedades rurais do estado, em sua maioria, não têm acesso à internet, seguindo tendência nacional, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o último Censo Agropecuário, de 2017, 71,8% dos estabelecimentos rurais do Brasil não possuíam conexão. E, a julgar pelo que os especialistas dizem, a implementação da quinta geração de internet móvel vai causar impactos mais significativos no agronegócio e na indústria, graças à chamada Internet das Coisas, ou IoT (do inglês Internet of Things). 

A Internet das Coisas é o que permite que as máquinas se comuniquem entre si, o que fará diferença no processo de automatização da produção no campo, seja na agricultura ou na pecuária. Gustavo Brito, executivo da IHM, explica que, por meio da tecnologia, um produtor conseguirá monitorar as culturas. “Através de um IoT, eu consigo medir a umidade do solo e identificar a necessidade hídrica de uma cultura de grãos, por exemplo, e por meio de algoritmo se define quais são os parâmetros de irrigação necessários para aquele dia ou para a semana. Eu consigo melhorar a gestão de consumo de água e energia”, afirma.  

A agricultura de precisão não será a única a se beneficiar com o 5G, mas a criação de gado e de outros animais também será mais eficiente. Segundo Antonio Bordeaux, especialista em IoT, será possível, por exemplo, monitorar o gado por meio de pequenos dispositivos eletrônicos e tornar mais efetiva a locomoção dos animais, saber a hora certa do abate e diminuir as perdas por roubo. 

No entanto, para que tudo isso seja possível é preciso garantir que a internet chegue às propriedades rurais de Mato Grosso do Sul. É aí que o leilão do 5G entra, pois as operadoras que conquistarem o direito de explorar o serviço no país terão que ampliar a conexão de 4G para as localidades com mais de 600 habitantes, o que abrange boa parte do campo. 

O deputado Dagoberto Nogueira (PDT/MS), membro do Grupo de Trabalho da Tecnologia 5G, ressalta a medida. “Tem algumas exigências que o governo fez, como a empresa vencedora tenha que levar 30 mil quilômetros para as rodovias para poder facilitar o agronegócio, ou seja, para que as propriedades rurais possam ter acesso à internet”. 

O deputado federal Vitor Lippi (PSDB/SP), que foi relator do Grupo de Trabalho para elaboração do edital do leilão do 5G, destaca que a chegada da quinta geração de internet móvel também vai impulsionar a ampliação do 4G para o campo, por meio da frequência de 700 MHz. 

“Isso facilitará o atendimento das regiões mais distantes, densamente povoadas no Brasil, porque essas antenas permitem um alcance quase dez vezes maior do que as antenas de 4G que nós temos hoje. Ela não serve para os centros da cidade, mas ela serve para regiões de baixa densidade populacional, como é o caso dos distritos e dos bairros mais distantes da cidade, e também para a questão do agronegócio, que é fundamental. Hoje nós temos uma pequena parcela das propriedades produtivas do agro sendo atendidas”, diz. 

Leilão

Previsto para esta quinta-feira (4), o leilão do 5G é considerado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) o maior de radiofrequência da história do país. No certame, serão ofertadas quatro faixas: 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz. Pense nessas faixas como rodovias no ar, por onde passam as ondas eletromagnéticas responsáveis pelas transmissões de TV, rádio e internet. 

A expectativa do governo é que o leilão do 5G movimente R$ 49,7 bilhões. Destes, as empresas vencedoras devem desembolsar R$ 39,1 bilhões em investimentos no setor. O governo, por sua vez, deve arrecadar R$ 10,6 bilhões graças ao pagamento das outorgas, isto é, uma quantia que as companhias pagam para explorar a tecnologia. 

De acordo com o Ministério das Comunicações, o agronegócio poderá crescer até 20% ao ano com a instalação do 5G. Especialistas destacam que a tecnologia é até 100 vezes mais rápida que a geração de internet móvel atual. 
 


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