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24/09/2021 às 23h32min - Atualizada em 24/09/2021 às 23h32min

PM diz que vai pedir exoneração após tratamento de saúde

Tatiane Alves, de 32 anos, foi presa por não concordar em trabalhar após o seu horário por ter de amamentar o filho

Dema de Oliveira
Tatiane Alves vai deixar a Polícia Militar após tratamento psicológico - Foto: Divulgação/Redes Sociais
 
Quase 20 dias após ter sido presa ao ter se recusado a fazer hora extra para amamentar o filho, a soldada da Polícia Militar do Maranhão (PM-MA), Tatiane Alves, de 32 anos, anunciou que vai pedir exoneração do cargo. 

Após o episódio, Tatiane Alves disse que teve de realizar tratamento psicológico e não vê outra alternativa senão a de pedir exoneração, tendo em vista que teme novas retaliações. Tatiane tem oito anos de trabalho na Polícia Militar do Maranhão.

“Considero a Polícia Militar muito importante para a sociedade, mas o militarismo eu acho muito defasado, que não precisa ser modelo. Eu não me vejo mais na PM, porque eu não aceito mais algumas situações, então sei que vou sofrer ainda mais retaliação ali. Eu prefiro pedir exoneração e procurar outro meio de trabalho. E vou fazer isso após o fim do meu tratamento”, revelou.

O caso de Tatiane Alves virou alvo de um Inquérito Policial Militar (IPM), que apura conduta dela ao se recusar permanecer no posto de trabalho. A Promotoria de Justiça Militar, que responde em casos de prisão, também abriu um inquérito para investigar o caso.

A soldada diz que se sentiu injustiçada e afirma que, por muitas vezes, os direitos dos policiais militares são negados diante aos superiores.

“Mesmo sendo vítima dessa situação, eu fui colocada como acusada. Então, de acordo com o Código Penal, a minha conduta seria ilegal. Eu me senti injustiçada, mas não é primeira vez que esse tipo de situação acontece comigo. Eu achei necessário mostrar para a sociedade como é dentro dos portões da instituição, infelizmente a gente é muito oprimido e nossos direitos são negados em várias situações”, disse.

O relato da soldada Tatiane Alves se juntou aos tantos outros que revelam casos de assédio, opressão e humilhação dentro da Polícia Militar do Maranhão. Ela afirma que não esperava que o caso tivesse tanta repercussão, mas espera que a partir disso, algo possa ser feito para evitar que casos como o dela se repitam.

Tatiane Alves já passou por Imperatriz e denunciou que teria sido vítima de assédio, onde trabalhava. 

De acordo com Tatiane, mesmo com a repercussão do caso, muitos colegas de corporação prestaram apoio a situação.

“Recebi muito apoio, não só das policiais femininas, que sofrem assédio sexual desde o curso de formação, onde muitos já tem um pensamento machista de que a gente entra na corporação para servir de objeto. Mas os homens também sofrem assédio moral e muitos entraram em contato comigo. Muitos falaram sobre a perseguição velada, onde muitos usam o próprio sistema militar para nos punir por algum questionamento, já que não podemos questionar nada na PM”, afirmou. 

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