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10/06/2021 às 00h00min - Atualizada em 10/06/2021 às 00h00min

IMGUINORAPULIS

Capítulo XII

JAURO GURGEL

JAURO GURGEL

JAURO José Studart GURGEL, durante muitos anos Editor Regional de O PROGRESSO, em Araguaína (TO),

*Republicado a pedidos
**Publicado originalmente em 11 de novembro de 2012

Meu primeiro pronunciamento na Câmara Municipal

Sentado ao lado do presidente FURTUOSO VALADRÃO, eu testemunhava a aprovação de requerimentos solicitando das autoridades competentes a construção de uma caixa d'água flutuante, a aquisição de um PABIXIS para a Câmara Municipal e um deles me causou espanto: dirigido ao Poder Judiciário, pedindo a aplicação da Pena de Morte em IMGUINORAPULIS, através da "Cadeira Elétrica". No auge da discussão sobre tão polêmico requerimento, totalmente inconstitucional, pois a Constituição Brasileira não permite a pena de morte no Brasil, um dos vereadores lembrou que tal aplicação era inviável, pois como era um fato normal na cidade, poderia faltar energia elétrica na hora da execução. O vereador TONICO LEITOSO, autor do requerimento, foi categórico e taxativo em defesa do seu requerimento: "ENTÃO, NOIS SENTA O CONDENADO NUMA LAMPARINA!".

Antes de encerrar a sessão, o presidente FURTUOSO VALADRÃO me convidou a usar a tribuna para um pronunciamento a respeito dos meus planos à frente da Secretaria de Educação. Embora não seja do meu feitio a oratória, não me foi possível recusar o convite, e com as formalidades de praxe saudei a todos os vereadores presentes, ao público que assistia à sessão das galerias, e passei a falar sobre a minha chegada a IMGUINORAPULIS, e talvez já contagiado pelo vírus da demagogia, afirmei que estava amando a cidade, chegando a declarar na tribuna que "sinto-me imguinorapuliense desde o tempo de espermatozoide!", com os vereadores se postando de pé, em calorosos aplausos.

Na minha modesta e simples oratória, procurei reforçar e embelezar o meu discurso com várias citações de consagrados autores nacionais, e no momento em que eu falava sobre as dificuldades da vida e dos obstáculos que encontramos pela frente, declamei um conhecido poema do consagrado e saudoso poeta mineiro de Itabira, Carlos Drummond de Andrade. "No meio do caminho tinha uma pedra / Tinha uma pedra no meio do caminho!".

- O SIO ME DA UMA APARTE? Perguntou o nobre vereador TONICO LEITOSO. Ante a minha concordância, comentou: - O SIO ME DIGA AGORINHA EM QUE DIABO DE RUA TA ESTA PEDRA, QUE EU MERMO VOU JÁ PRA LA, PRA TIRAR DO SEU CAMINHO. Para piorar ainda mais o meu espanto, o vereador PARAIBA, que - repito - fazia oposição ao prefeito, contestou o seu colega afirmando: - NOIS, VEREADOR, PRECISA SER MAIS VALORIZADO. ISTO É TRABALHO DO PREFEITO, E NÃO NOSSO. INTÃO, ELE QUE VÁ TIRAR ESTA TAL PEDRA, PRO NOSSO SECRETARIO PODER CAMINHAR DIREITO PELA RUA.

Como não poderia deixar de ser, fiquei ainda mais "abestalhado" com tamanha falta de conhecimento, de inteligência, sei-lá-de-que, dos vereadores locais. Mas continuei o meu pronunciamento, sempre interrompido por perguntas idiotas e imbecis. Felizmente, chegou o momento em que o presidente FURTUOSO VALADRÃO declarou encerrada aquela sessão ordinária legislativa, e com tal atitude eu pude respirar um pouco mais aliviado.

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