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20/05/2021 às 00h00min - Atualizada em 20/05/2021 às 00h00min

IMGUINORAPULIS

Capítulo VI

JAURO GURGEL

JAURO GURGEL

JAURO José Studart GURGEL, durante muitos anos Editor Regional de O PROGRESSO, em Araguaína (TO),

*Republicado a pedidos
**Publicado originalmente em 30 de setembro de 2012

Nem o vira-lata quis

Ao entrar na churrascaria, constatamos ser o ponto de encontro da sociedade IMGUINORAPULIENSE, com um grande número de pessoas lá presentes, inclusive o senhor prefeito e, como não poderia deixar de ser, alguns militantes do PSP - Puxa Saco do Prefeito. Com uma rápida passagem do olhar em torno do ambiente, avistamos uma única mesa disponível, bem próxima de um local pouco recomendável, que estava identificado por este nome: MIQUITORIO DE HOME. Cumprimentamos com um aceno as personalidades que ocupavam as outras mesas e nos dirigimos à única mesa desocupada, onde fomos atendidos pessoalmente por um dos dois irmãos, não dando para identificar qual deles. Japonês é sempre parecido e quando se trata de irmão, principalmente gêmeo, então é aquela dificuldade.

Solicitamos duas doses da tradicional cachaça SETE QUEDAS, para servir de aperitivo, e o cardápio da casa, para escolhermos o que comer. Enquanto o japonês foi buscar o aperitivo, nos divertíamos com o cardápio que nos foi entregue: um papelão de caixa de sapatos, onde estava escrito a lápis GALIA ACABI DELA TREIS REAL; FRANGU ASSADU NABRAZA A MERMA COISA; MACARRÃO NADA DOIS REAL; BAIÃO DE DOZE CUM PA SOCA UM REAL. E como nada naquela cidade obedecia às regras de ortografia, imaginamos que o tal "Baião de Doze" fosse o nosso conhecido "Baião de Dois", ou seja, feijão com arroz. Como se trata de um prato realmente gostoso e com um preço bem ao alcance do nosso bolso, fizemos o pedido. Não passados dois minutos, o mesmo nos era servido. Ao colocarmos na boca, sentimos que o prato realmente deveria se chamar "Baião de Doze", mas de doze dias.

Apesar da fome que estava nos consumindo, não conseguimos comer, mas como deixar todo aquele conteúdo no próprio prato? Seria uma grande falta de consideração para com a culinária daquela churrascaria, considerada um verdadeiro orgulho do povo de IMGUINORAPULIS. Tínhamos que ser bastante criativos na busca de uma solução para resolver tão angustiante problema. Foi então que observamos que debaixo da nossa mesa se encontrava um magricela e pulguento vira-lata, para quem começamos a jogar a comida que estava no prato. Mas até o cão, depois de cheirar a comida, recusou. Do jeito que estava continuou: deitado e se coçando todo. Tínhamos que nos livrar da comida, e então decidimos que a mesma seria despejada dentro do vaso sanitário, que estava bem à nossa frente. E assim foi feito.

Pedimos a conta, mas antes de pagarmos a despesa nos foi oferecida a sobremesa, cortesia da casa, conforme afirmações do japonês que nos atendeu. Era um pedaço de rapadura acompanhado de um copo de água barrenta. Aliás, foi essa sobremesa que serviu para enganar o nosso estômago, que já roncava com muito mais intensidade do que o vira-lata, que dormia tranquilamente debaixo da mesa onde estávamos.

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