Numa das minhas constantes e sucessivas andanças por este mundo de meu Deus, me aconteceu um fato curioso, que embora possa parecer que esteja eu exagerando, tenho como testemunha o meu amigo ZÉ, motorista do carro que me transportava naquela viagem. Infelizmente, não sei onde o ZÉ se encontra no momento para confirmar a veracidade das minhas palavras. Mas, caso você não acredite no que estou dizendo, dou-lhe total permissão para procurar aquele amigo e perguntar se eu estou mentindo.
Como sei o quanto é difícil procurar alguém neste imenso país-continente (a maior prova está no programa Linha Direta, da TV Globo), principalmente se tiver uma única pista, o nome “ZÉ”, vou dar algumas dicas que certamente lhe ajudarão na procura: o seu nome completo é JOSÉ PASSOS DIAS AGUIAR, é nordestino de SERGIPE e a sua profissão é motorista. Você, a partir de agora, tem duas opções: ou acredita na minha história ou então procura o ZÉ para saber se é verdade ou se é mentira.
Mas vamos ao acontecido: na manhã de uma certa segunda-feira, eu e o ZÉ, que dirigia o seu possante fusquinha amarelo, por sinal conhecido por “hepatite”, a uma velocidade de aproximadamente 200 km/h, fazíamos uma rápida viagem com destino a uma determinada cidade, localizada em pleno litoral do planalto central. Era aquela a primeira vez que o ZÉ dirigia no negro asfalto, mas como ele era um excelente motorista, haja vista ter tirado a sua carteira de habilitação através da AUTOESCOLA PORTELE FONE, não me intimidei com tamanha velocidade e, ao mesmo tempo em que me divertia com os nomes pitorescos e estrambólicos dos lugares pelos quais passávamos: PERDIDINHA, COCOLÂNDIA, MATA VIRGEM e alguns outros. De repente, após passarmos sobre a ponte de um tal RIO DESERTO, onde observamos que em seu leito algumas crianças jogavam futebol, nos surpreendemos com uma seta indicativa para a direita, na qual estava escrito desta maneira: VIZITI IMGUINORAPULIS.
“Pare”, pedi ao ZÉ, e o freio do fusquinha amarelo, bem mais rápido que um raio, rasgou o preto chão, justamente no local onde se encontrava a tal seta. Olhamos para a sua direção e constatamos a existência de uma estrada, longa e esburacada, mas que demonstrava ser um caminho para algum lugar.
Combinamos desviar a nossa rota e seguir em direção à seta, pois era grande a nossa curiosidade em verificar de perto do que se tratava e o porquê daquele nome. Inúmeros obstáculos tivemos que ultrapassar nesta nova viagem, inclusive em uma ponte caída, que foi a causa de uma inversão de valores: eu e o ZÉ fomos obrigados a conduzir o fusquinha amarelo... nos ombros.
Uma hora de viagem... duas horas... três... e já estávamos pensando seriamente em voltar ao ponto de partida, quando ao dobrar uma curva perigosa na descida de um morro, avistamos o primeiro sinal de civilização. Era um prédio ainda inacabado ou talvez se acabando, em cuja fachada estava escrito com letras pretas, parecendo carvão: INSCOLA MUNISSIPAU E. REI.
Finalmente, havíamos chegado a IMGUINORAPULIS.