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20/02/2021 às 00h00min - Atualizada em 20/02/2021 às 00h00min

O DEVER DE SER ÚTIL

(a pretexto de um texto)

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.


No ano de 1968, na prova de vestibular para o Curso de Direito “caíram” dois temas. Um deles foi O DEVER DE SER ÚTIL. Na época eu imaginava que, se escrevesse três linhas, o resto viria depois. Enveredei por este e não consegui passar de três linhas. Olha o sufoco! Naquele suor frio e frio na barriga, mudei então, no próprio papel rascunhado com as três linhas e desenvolvi o outro tema: A UNIVERSIDADE QUE EU QUERIA (mais ou menos isso). Acabei galgando o segundo lugar em direito. Acredite se quiser.

Ocorreu entanto que o tema O DEVER DE SER ÚTIL, tornou-se em mim um “tabu”, uma barreira psicológica que durante todos esses anos eu resisti em evitá-lo. Era lembrar e procurar esquecer. Dia desses, ao silêncio de um “frustrado carnaval”, quando dou por mim, lá vem na minha cabeça o velho tema do vestibular. Aí então eu resolvi brandir o “grito de independência”. Vou escrever isso aí! E tome dedos ao teclado, assim... num lampejo. Olha no que deu!!!
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No ano de 1968, quando fiz o vestibular para o Curso de Direito, o tema da redação aplicado pela Universidade do Maranhão, foi O DEVER DE SER ÚTIL. Fui fazer a prova no Colégio Maristas. Maristas de um tempo colegial das minhas lembranças e saudades. Em O DEVER DE SER ÚTIL. Escrevi apenas três ou quatro linhas no máximo. O tema engatou e não saiu do lugar. Como  havia uma segunda opção, fui para  esta e estou aqui, contando a estória.

São decorridos 52 anos e, durante todo esse tempo nunca-jamais tentei fazer/desenvolver a redação que não fiz há mais de cindo décadas. E, quando me lembro do tema, acredite, procuro esquecer. Porque em mim o tema criou um bloqueio, algo como uma barreira psicológica. Daí evitar uma redação ainda que imaginária, sequer.

Hoje, 52 anos depois estou às voltas com aquele velho DEVER DE SER ÚTIL. Aliás que, naquela época comecei com a seguinte redação: ”Faça o bem sem olhar a quem”. E então acho que de saída mandei bem. Mas foi só isso. O tema não deslanchou. E... e... haja suadouro, insegurança, desequilíbrio. Hoje eu penso comigo: acho até que nem seria assim tão difícil escrever sobre o tema. E O DEVER DE SER ÚTIL  dependeria assim um tanto da criatividade.

Pois é. Criatividade... do criador. Tenho então a viva concepção de que DEUS – O Senhor e Criador do Universo e de Todas as Coisas, ao criar o homem à sua imagem e semelhança, criou-o para ser SER ÚTIL. Útil  ao próximo, à sociedade que o rodeia, útil à família, ao trabalho,  e a tudo, enfim. E esse é o caminho. E essa é uma virtude, em meio a outras tantas. O homem entanto, tantas vezes, diverge e se perde desse caminho; debanda e afronta o princípio a que fora criado e posto sobre a face da terra – para amar e servir ao próximo. E nesse mister SER ÚTIL ao universo que o rodeia que é esse mundo com tantos desníveis sociais que o maculam.

O homem útil é como a semente laçada em solo bom -  que germina, que frutifica, que se presta aos seus desígnios e que enfim volta a ser semente para se multiplicar por tantas outras e assim gerar e desenvolver um ciclo  que vai esbarrar no universo da procriação na rota e na roda da boa proliferação – quer dizer da desenvoltura do que enfim servirá a  si, ao próximo  e ao universo social que o rodeia.

SER ÚTIL é como um destino, uma missão a cumprir, um desígnio da Criação. Ser útil  - ouso dizer – é a predestinação da Criação do Criador à  sua criatura. Criador da v ida e de Todas as Coisas. Nesse passo olho a vida e dou uma volta ao meu redor. Tantos seres inúteis que se perderam do quanto destinado, pois que se ainda que na vida cada um tenha a sua missão a cumprir (ou como se dirá: a sua cruz a carregar), faz certo porém que todos nascemos bons, inocentes, puros. E as desvirtudes e os descaminhos e os desvios - esses vêm depois.  Porque o homem não orou, não vigiou. Não plantou a boa semente.

Ser útil é meta; é espiritualidade; é o passo certo; é o rumo a seguir. É o destino a que nos fora traçado, é o caminho a percorrer. Quais os trilhos nas paralelas ou... as paralelas nos trilhos. Mas todas as vezes quando saio rumo ao desconhecido para escrever um texto sobre O DEVER DE SER ÚTIL, sem nunca o concluir; à noitinha quando volto, encontro nas pegadas uns que deram de ombros, outros que se esqueceram, outros que nem lembraram e lembro da Passagem que diz que Cristo curou a dez doentes mas só um deles voltou para agradecer. E segue o DEVER DE SER ÚTIL. E A VIDA CONTINUA”.
 
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