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10/06/2023 às 00h00min - Atualizada em 10/06/2023 às 00h00min

Caminhos por onde andei

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.

DEZESSEIS ANOS DE PÁGINA DE SAUDADE

ESCREVO há dezesseis anos, fiel e assíduo, a Crônica PÁGINA DE SAUDADE, na Rádio Mirante/AM, na capital, no programa CLUBE DA SAUDADE, manhãs de domingo às oito horas. A crônica é seguida de uma ou duas músicas - estas que completam e integram o enredo, a mensagem do texto.

O Programa CLUBE DA SAUDADE está no ar faz 34 anos, começa às cinco e vai até às nove. É o dono da audiência no horário. Então eu pego carona, brisa e janela na audiência do “Trem da Saudade”, ao comando do locutor/maquinista JOSÉ SANTOS em interpretação fiel dos meus textos e um dos mais expressivos e mais longevos talentos do Rádio AM, na capital. Vamos à crônica de DEZESSEIS ANOS de PÁGINA DE SAUDADE:

Era o ano de 1965 e mais adiante. Faz 58 anos E eu aos 20 anos e mais adiante era um novato morador da Casa do Estudante, na Rua do Passeio, esquina de Vila Bessa, na capital. Por conta desse endereço, quase todas as manhãs eu cruzava com um moço à altura da Rua do Norte, quando eu ia pegar o ônibus, ali próximo, na subida das Cajazeiras. Enquanto ele, a pé, singrava pela Praça da Misericórdia, rumo ao centro. Nunca tecemos um único bom dia, embora eu soubesse que ele era o JOSÉ SANTOS, voz-padrão e locutor no Rádio/AM, época em que o rádio AM estava na onda! E ditava as cartas...

E então lá se vão 58 anos (58 anos) daqueles indiferentes cruzamentos no São Pantaleão. Certo dia, por aqui, meados de junho de 2007, manhã de sol, dez do dia, quando eu estava na minha Rua Manoel Bandeira, eis que lá vem do outro lado da rua, aquela velha estrela dos cruzamentos silenciosos de outrora, no São Pantaleão. E então atravessei a rua e resolvi quebrar o silêncio. Já fui tratando o moço pelo seu nome à guisa da aproximação, oportunidade em que lembrei os antigos cruzamentos na Rua do Norte, no alto do São Pantaleão. E então engatamos um papo ali mesmo, sobre a calçada.

Em seguida, a meu convite, atravessamos a rua e fomos conversar no nosso escritório. O assunto era um só: O velho rádio/AM - as pessoas, os programas, a magia do rádio. Enfim, o rádio em suas velhas lembrança e sedução. Era por volta das onze e meia quando então convidei o meu interlocutor para um almoço. Ele topou. Então liguei: "Patroa, ÁGUA NO FEIJÃO que eu tenho um amigo que vai nos dar a honra de almoçar com a gente!!!" E assim se fez... Mais tarde quando José Santos e eu nos despedíamos, eis que me veio uma inusitada ideia: "Santos, eu quero escrever uma crônica para o teu programa". Santos topou!

Foi preciso 42 anos (42 anos), depois dos nossos cruzamentos mudos no São Pantaleão, para eu falar pela primeira vez com o José Santos. E a lição insiste em me ensinar que “tudo na vida tem o seu tempo”. E, por conta desse tempo, estou agora (agora!), há 16 anos (16 anos) neste Clube da Saudade. Nem parece! Faço as contas e vejo que se foram nada menos que uns 800 textos. Nem parece! Então agradeço à Rádio Mirante, que nem me conhece.

*Agradeço ao José Santos, comandante e maquinista do trem-da-saudade que me dá passagem e janela todos os domingos às oito horas, neste trem que viaja das cinco às nove da manhã. Passagem essa que a mim me honra e prestigia.  Agradeço ao Carlito, o operador sempre de plantão na Estação/Saudade. Agradeço ao Silas, o decano deste Clube, o estafeta que carrega a mala, o piano e as minhas mensagens. Agradeço à audiência do Clube da Saudade pela carona que me levam. E aos ouvintes que acompanham e toleram a minha bagagem. Talvez por isso que Tereza Haidar, a musa deste clube, um dia me disse: "O Clube da Saudade é o clube da Saudade, mas a Página Saudade, é a menina dos Olhos do Clube da Saudade”.

Agora eu faço uma prece: Meu Senhor e Meu Deus, vós que criastes o Céu, a Terra e o Mar e tudo o que neles há;  Vós que me destes e me dás tudo – mais do que eu preciso, mais do que eu pedi e mais do que eu mereço, então eu vos peço SENHOR que me dê mais tempo por cá, me dê o ar da vida e a inspiração da alma que faz a palma, para que eu continue somando, multiplicando e dividindo com os nossos ouvintes os escritos e as mensagens desta PÁGINA. E que ela leve a construção, o entretenimento, a edificação e a reflexão à nossa audiência. Tudo sob as Vossas Bênçãos e sob a Vossa Graça, meu Senhor e meu Deus.

E vou lembrando 16 anos atrás quando eu liguei à minha companheira: “Água no Feijão que tem um amigo para almoçar conosco.” E então sob as bênçãos divinas, há 16 anos (16 anos), no Trem-horário das oito, na Estação do Clube da Saudade – eu componho esta... PÁGINA DE SAUDADE.

* Viegas interpreta e questiona o social
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