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19/05/2023 às 10h08min - Atualizada em 19/05/2023 às 10h08min

Quanta Testosterona faz um homem?

Médicos da Academia Sul-Rio-Grandense de Medicina escrevem sobre hormônio visto como "mágico" Daniel de Freitas G. Soares e Cláudio Telöken

NAILTON LYRA

NAILTON LYRA

O Doutor ​NAILTON Jorge Ferreira LYRA é médico e Conselheiro do CRM/MA e Conselheiro do CFM representando o Estado do Maranhão

  
A medicina é repleta de fatos interessantes e, às vezes, podemos considerar de absurdos. Em 1889, em Paris o fisiologista francês Charles Édoard Brown-Sequard usou em si mesmo um composto feito a partir do sêmen e testículos de animais. 
 
Sentindo os efeitos do envelhecimento, cansado e improdutivo, partiu em busca do “elixir da juventude” que resultou em melhora de sua capacidade intelectual e na sua disposição geral. Pronto! Uma série de experimentos foram iniciados a partir desse fato.
 
Finalmente em 1935 foi descoberta a Testosterona, e produzida industrialmente, levando a ser considerada como “mágica”; melhorava a libido, aumentava a força física, afastava fadiga e dores, restaurava a sanidade, levando-se à sua procura e uso indiscriminado.
 
Começaram os problemas!
 
A Testosterona é naturalmente produzida nos testículos desde à puberdade levando ao bem-estar no funcionamento cardíaco, da medula óssea, do cérebro, dos órgãos sexuais, manutenção de músculos e ossos. A maioria dos homens mantém sua produção mesmo após os 65 anos, lógico em percentual menor. Diferente da mulher que tem uma interrupção abrupta da síntese hormonal a partir da menopausa
 
O consumo mundial de Testosterona segue crescendo. Seus efeitos anabólicos aceleram o ganho muscular e a perda de gordura, tornando-a super popular não só entre homens maduros, mas também entre jovens saudáveis, atletas e mulheres, em busca de vantagens estéticas e de performance. Em academias, são frequentemente utilizadas em doses excessivamente altas e em criativas combinações com outras substâncias
 
Então... sinais do uso abusivo.
 
A aparência saudável adquirida esconde muitas vezes esconde graves consequências. O uso prolongado e em altas doses se associa a hipertrofia cardíaca, hipertensão, infarto, transtorno do comportamento, depressão, atrofia testicular, infertilidade, diminuição da libido e dificuldade de ereção. Ocorrem também efeitos masculinizantes com a queda de cabelo, acne, engrossamento da voz e aumento do clitóris sinalizam também o uso abusivo.
 
Recentemente o CFM publicou resolução restringindo os tratamentos hormonais com objetivos estéticos, restringindo sua prescrição aos portadores comprovados de deficiências hormonais devidamente comprovadas.
 
A deficiência de Testosterona se manifesta através de sintomas físicos, cognitivos e sexuais, às vezes pouco específicos. Logo, é preciso salientar que falta de energia e memória, diminuição de libido e irritabilidade, por exemplo, são comuns a outras condições médicas e comportamentais, como estresse, privação de sono, obesidade e sedentarismo.
 
O sonho do rejuvenescimento fácil, porém, prospera. Após a descoberta da testosterona, diversos pesquisadores reproduziram o experimento de Brown-Séquard, concluindo que a quantidade de hormônio obtida através da prensa de testículos é irrisória, portanto, incapaz de produzir qualquer efeito quando injetada no homem.
 
A melhora, na ocasião relatada com entusiasmo, não passou de efeito placebo. Mais uma promessa de juventude que acabou virando folclore.
 
Observem as recomendações médicas para não entrarem em uma ciranda falsa da “eterna juventude” e colherem resultados que te levarão a sofrimento e arrependimento.
 
As medidas comportamentais são efetivas! Use-as, pois não existem contraindicações.
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