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07/04/2023 às 00h00min - Atualizada em 07/04/2023 às 00h00min

A “COROA” E O SEU PRIMO

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.

 
A coroa, justiça se lhe faça, era uma mulher honesta. Quieta. Na dela. Veio das bandas da Mucuíba.  Era separada. Ou viúva?, na companhia de uma filha, que nas noites, cursava uma faculdade. Mãe e filha -  ambas comportadas e quietas, também quietas  viviam sob o mesmo teto – alugado que era – pago pela mãe. A filha, por sua vez, tinha o FIÉS para o custeio da Faculdade. E... vida que segue.

Levando uma vida quieta e “sem sobrosso”, mas eis que àquela sozinha senhora lhe aparece um primo. Velho primo de velhos tempos. Os dois na mesma faixa da vergastada idade, não estavam interessados na parte sexual propriamente dita, mas... na “companha”.  Afinal eram dois aposentados, cada qual ganhava o seu e não se tornariam “peso” um ao outro. E então aquilo se lhes parecia uma união que interessava a ambos, em partes iguais, meio a meio. E, ainda assim se rolasse “uma daqui ou outra dali”, nada mal. Até porque até mesmo o padre um dia medisse: “ninguém é de ferro”. Certo estava o padre!

A filha embora uma moça de seus vinte e poucos anos, ligeiramente deficiente visual, cursando uma Faculdade bancada pelo Governo, não se intrometeu nem nos sentimentos nem nas razões da mãe, ficou-lhe o dito pelo não dito e então aquele seu “tio” e primo de sua mãe veio morar em companhia das duas (mãe e filha).

Eram três na casa. O primo entre seus possuídos trouxe consigo uma radiola e, com esta  os seus surrrrrados e  poucos discos de vinil, via do que ele ouvia suas velhas e surradas músicas quadradas. Todavia, chegando em sua nova morada, procurou ambientar-se, tomar pé da situação para não causar nenhum desagrado com aquela sua velha radiola e seus discos de vinil. A moça (a universitária), por sua vez, vivia em volta com  os estudos de sua Faculdade e com o silêncio que reinava em casa. E tudo lhe era ideal.

Mas eis que num final de semana, o “coroa”, primo de uma e tio da outra, ele que fazia dias, não tomava uma, achou então que era hora de encher a cara. E foi ai que ele desabrochou sua radiola e os seus discos de vinil. Era só aquelas quadradonas: Valdik Soriano, Abílio Farias, Noca do Cordeon, Frankito Lopes o índio apaixonado e outras “pérolas”, de deixar qualquer um/a  peidado dos ouvidos Tudo nas alturas! E tomando todas...

Ah! Pra quê?! A moça da Faculdade, sentiu-se ofendida. Onde é que já se viu?!  E seus estudos? E sua prova na semana seguinte? E o seu silêncio de outrora? E a velha tranqüilidade que reinava entre mãe e filha? A zoada daquelas músicas do fim do mundo; umas músicas horríveis. E então o seu sossego se foi par os quintos  e... o clima ficou ruim em casa. Ficou péssimo.

Aí o coroa que veio da Mucuíba queimou ruim: “a gente não pode nem tocar uma radiola, nem ouvir minhas músicas. Isso aqui não dá pra mim”. Então pegou a sua rede, um saco com suas poucas roupas mais a sua radiola e os seus poucos e antigos e antiquados discos de vini  e... ohhhh!, caminho do feio por onde veio! E voltou para a sua Mucuíba, de onde nunca deveria ter saído. Pronto! Terminou a união, terminou o parentesco e a ideia de que teria que contribuir com as despesas da casa.

Isso é um fato da vida real. Faz só uns três anos. E... só agora... sobrou esse texto.

SEU BERNAL E A/s NAMORADA/s
Seu Bernal foi um velho chacareiro.  Por determinação própria, trabalhava ao sol e ficou todo enrugado. Mentiroso todo. Dizia que trabalhou na PETROBRÁS onde dirigia um jipe. Também tomava todas. Falava que fazia suas comidas e a esposa do patrão adoraaaaava. “Tomado”, andava de quatro pés, porque não se segurava em pé. Era contudo um homem muitíssimo trabalhador. E não tinha medo da noite. Morava só.

Dizia BERNAL, que tinha uma namorada, uma estudante, que morava nos TRÊS PODERES. Dizia que até mesmo dormia na casa da moça, tal a aceitação do pai, com quem tinha tratativas, porém com indiferença da mãe. Uma versão “sem pé e sem cabeça”. Usava um jaleco único, fazia anos. E por mais que se lhes dessem outras roupas, ele não aceitava. Dizia que o jaleco teria sido doado por sua namorada, aquela que morava nos TRES PODERES. Daí o seu apego por aquele vestuário quase único.

E, vida que segue. Até que um dia... até que um dia... o solitário BERNAL, arranjou uma cachorra para a sua companhia (que com ele foi morar), esquecendo-se para sempre da MOÇA DOS TRÊS PODERES. Mas é como dita a canção. “A dor do amor / É com outro amor que a gente cura”...

SEU MUCA
Muca era um rapagão, bonitão, assediado pelas mulheres mas... “homossexual, todo”. Quando foi “descoberto”, anos 1960, seu pai deu-lhe uma sonora surra que ele dizia ter preferido a morte. Por essa e por outras, odiava o pai. Desejava-lhe o inferno. A mulherada dava em cima do bonitão e ele nem aí. Fosse hoje, heim???!!! Seu pai estaria preso e processado e SEU MUCA, qual uma Gillette, cortaria dos dois lados, como fazem tantos outros.

* Viegas interpreta e questiona o social
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