O rufião chegou à Província como chegaram e chegam outros tantos por lá. Tinha largado da mulher, deixado os filhos para trás. Dívidas que ficaram penduradas. E foi aventurar-se na Província; que a Província é um celeiro de aventureiros.
Bom de gata e de uma gelada nas noitadas, rufião, mecânico de automóveis, vivia “zuando” pela cidade, apalpando aqui e ali, uma gata hoje e outra amanhã, até que enfim... até que enfim... deu de cara com a sorte grande! Encontrou uma mulherona, inteirona, viúva de dois casamentos; casa própria, carro na garagem, grana entocada, carente toda e... cheia de disposição para o amor e para a vida.
Pronto! Rufião encontrou a outra banda de sua laranja: A sua cara-metade! Acertou a sorte grande! Que tal? E quando menos imaginaram, lá estavam o dois morando debaixo do mesmo teto, na casa da patroa, é claro! Aí rufião, bom de gata e bom de gelada, era “minha princesa pra cá, minha princesa prá lá” e ainda levava o café da manhã na cama para sua amada. Isso é que amor prá cem anos!
- Aí era sucos, néctares, torradas, pãezinhos, pão de queijo, queijos, “caputtino”, e tudo do bom e do melhor. A “coroa” estava extasiada, nunca-jamais tinha vivido tantas emoções, tanto calor humano! E rufião, bom de gata e bom de gelada, e toda noite tinha festa na tribo: loucuras, fantasias. Emoções em alto grau. E o tambor apanhava e a coroa suava... e se entregava e se desmanchava. E se misturavam. Era tanto calor que até o arcondicionado do quarto parece que nem esfriava....
Deixa que, uma filha da patroa que estudava fora, concluiu a faculdade e... e... voltou pra casa. Moça bonita, pernuda, inteirona, quartuda, puxou pra mãe. Deveria ter lá suas milhas de vôo, quem sabe, afinal ninguém de ferro! Mas isso é “problema sexual de cada um”.
Deixa, porém, que, rufião bom gata e bom e gelada, maridão-carinhoso da mãe, “minha príncipa prá cá - minha príncipa prá acolá”, tava de olho na sua enteada, a doutora recém-formada. Rufião com aquele olhar-44, cheio de amor pra dar e arriscando Arcom a boca no arame aproveitou momentos a sós, ao aguentou, foi lá e fez aquela declaração:
“É... porque eu não consigo dormir na noite; passo noites acordado, pensando em você. E você atravessada na minha mente e no meu coração. Isso é um delírio, é um calvário. Uma tortura. Estou morrendo aos poucos. Eu não aguento mais! Pr quê???! Ah pra quê? Foi aí que a casa caiu, e agora rufião bom de gelada e bom de gata, pegou o bilhete azul e... o olho da rua. E agora não nem mais “minha princesa pra cá, minha princesa prá lá”; também não tem mais café na cama, nem loucuras e fantasias de amor todas as noites. E rufião bom de gata e bom de gelada - foi cantar noutra freguesia...
A MÃE DO CAPETA
Paulin Capeta era o capeta em forma de gente. Só faltava o rabo, diziam. Crimes de sangue e morte nas costas, era só o que tinha. Ou ainda tem? Ninguém sabe por onde anda, nem que fim levou. Sua mãe, uma coroa inteira para qualquer um tirar um chapéu, veio das bandas da paulicéia e acasalou-se com um “ladrão de carros”. E este “para o bem de todos e felicidade geral na da nação”, num de seus tantos rastros, acabou indo morar na cidade de pés juntos, vestidpo num “paletó de madeira”
E a coroa com esse currículo: viúva de um e mãe daquele outro, ainda com os traços fortes da velha onça que não perde a pinta, perdida em si, anda sozinha por aí, ninguém ousa dela se aproximar. E até parece uma morta-viva, uma alma penada. Sem ninguém. Cumprindo a sina da sua sina.
MANÉ PISTOLA
Mané era um pistoleiro sossegado. Sorridente, tranquilo e calmo. Não dava pista do quanto fazia. Ainda foi preso, mas... sem provas, logo pegou o olho da rua e foi palitar os dentes como era da sua rotina. Um dia, porém, MANÉ desconfiou de sua mulher com o seu sobrinho, este que morava em sua casa. Achava que os dois, juntos, estavam comendo a merenda, no abafado.
Aí MANÉ foi lá nos dois, “brojou” e vacilou: “Estou desconfiado de vocês dois. Se eu tiver só um pingo de certeza, mando os dois pro inferno”. Ah, pra quê?! Bem ali MANÉ selou a sua própria sorte! E Ali sim: *”Perdeu Mané”.* É que dias depois, MANÉ apareceu inerte, caído ao chão, com a boca cheia de formigas. A Polícia ainda foi lá, fuçou daqui, fuçou dali, mas... MANÉ era um novelo com muitas pontas. E... porque a Polícia tinha tanta coisa pra cuidar (???), deixou o CASO MANÉ de lado e foi cuidar de oooutras vantagens...
-Tai Machadão, mata essa.
* Viegas interpreta e questiona o social.