A mulherada fazia a festa e dava as cartas em tempo inteiro na Província. Fosse nas “Casas de Tábuas,” naquelas outras com luzes azuis às portas, Mangueirão, Macaúba, Quatro Bocas, Entroncamento - a mulherada pintava e bordava em tempo inteiro. Umas que saíam de Goiânia, outras de Anápolis, outras de Minas Gerais, da Bahia e o pau quebrava na Província. O mercado do sexo, como sempre estava em alta. Só que naquela época era pago... e hoje... Os tempos mudaram...
Nas noites, nos finais de semana tinha festa de dança, ao som de música ao vivo. A mulherada e a macharada enchia a “Boate” e o bandalho rolava solto. Era, contudo o “lado social”, da prostituição e do sexo livre na Província.
Na boate de dança, a “Cacaolândia”, lá pelas oito e meia, antes do baile começar, ia chegando aquela distinta – uma figura carimbadíssima no local. Era um tipo sonsa, brancarana, saia rodada. estatura mediana. Já chegava com o seu andar assim um tanto maneiro, “azogado”. Nem doce nem azeda, comível no entanto. Ela chegava como quem se sente meeeira desse terreiro e já beijava os garçons de um por um. Aquilo fazia parte do seu estilo, da sua conduta, do seu jeito de ser. E aos garçons a quem porventura não beijara, ela dizia, na boa: “sintam-se todos beijados”. E jogava e espalhjava em gestos, beijos ao léu. Era como se ali ela tirasse o seu “alvará de plena licença”.
Pouco depois e sem mais demora, o baile com música ao vivo começava. Logo chegava um moreno “estiloso”, chapéu “de panamá” também como quem se sente associado do terreiro e, sem mais demora, como num jogo de cartas marcadas, pegava aquela que poucos antes beijara todos garçons, ela mesma de pleno alvará de licença, e saíam rodopiando pelo salão, propositalmente e pouco à frente do conjunto musical. Com sua “dança de salão”, suas firulas como quem diziam: “É nóis”. E achavam que roubavam a cena. E achavam que chamavam a atenção. E faziam aquilo o ano inteiro, o tempo todo. E davam os dois a impressão que só existiam eles. E não tinha para mais ninguém.
O mundo deu voltas e aquele baile da Cacaolândia, na Província, acabou. Aquele moreno de “chapéu de massa” dançante, roupa mais ou menos, desapareceu. Imagina-se que “pegou o beco” rumo à cidade de “pés juntos. Também desapareceu aquela brancarana, “dançadeira”, -ela que beijava todos garçons na chegada e obtinha o seu alvará de”plena licença”. Enfim o bale acabou e não teve nem pra mais ninguém, nem para mais nada.
Faz algum tempo aquela mulher de meia idade, saia rodada, dançante de outrora que beijava todos os garçons na sua chegada, pouco antes de começar o baile, era vista arrastando um carrinho do tipo de fazer feira pela rodoviária da vida. E, no carrinho, um isopor do qual vendia geladões. Na boa, na maior. E sem medo de ser feliz. Com aquele mesmo seu jeitão de sempre quando chegava à festa (antes de começar a dança). E já ia beijando todos os garçons e obtendo o seu alvará de “plena licença”. Hei tempão! Acaba não, mundão...
O CARA...
O cara chegou na cidade e queria por que queria saber onde era que tinha uma boate onde tinha mulheres, cerveja gelada e tudo o mas. Calma homem, mulher é só o que tem, mas vai devagar. Advertiu-lhe o seu “guia”!. E ele nem aí para esse negócio de “vai devagar”. E foi enfim dar com os costados num ”enrustidos” cabaré que havia na Província, pras banda do Bacurizal.
Chegou, “se abancou”, pediu uma cerveja estupidamente gelada e solicitou que alguma moça sentasse ao seu lado. Logo sentaram quase todas disponíveis quais encontravam-se no recinto, àquelas horas – fora de hora. E o sujeito lá... todo prosa. Endinheirado e empolgado que estava, já com três mulheres à sua escolha! Não era um Paxá, nem um Xeique mas, tinha mulheres à sua disposição. Era o quanto queria. Logo pediu uma música. E radiola engata Valdick Soriano, assim um tanto nas alturas.
Deixa que lá dentro repousava o CAMARÃO. Camarão era um cara com vocação para a pistolagem. Com aquele som nas altura Camarão acordou e já veio para o salão sem camisa e só de cueca e com um baita trezoitão cano longo, cheio de bala. Chegou e encostrou o tresoitão no bucho do sujeito. E, solene, perguntou: “Quem é o bonitão aqui do pedaço, é você? Tem medo de morrer, não?
Carambas! O cara pagou a conta, pôs o chapéu na cabeça, deixou as “moças” sozinhas e... se mandou. E não quis mais saber onde teria mulheres ou casa de mulheres na Província, para ele “curtir”. O sujeito ainda estava na saída quando Camarão se deu conta de que o indesejado escapuliu e.. caiu de bala pelas paredes e pelo chão. Aleatoriamente. Simplesmente...
OPINIÃO:
No carnaval tinha uma música que dizia “Você chora, chora de barriga cheia / Tira o dinheiro que está na meia. Pois é, o carnaval está chegando, quer dizer: Já passou. Não precisa “tirar o dinheiro que está na meia”. Você paga no PIX. Só que o PIX, agora tem uma taxa... até porque os banqueiros alegavam que “estavam comendo na tábua... como papagaio. Ai patrão foi lá e;;; fez um cala-boca.
* Viegas interpreta e questiona o social