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28/01/2023 às 00h00min - Atualizada em 28/01/2023 às 00h00min

O cofo que a gata pariu dentro

BANDEIRA NETO

BANDEIRA NETO

Nelson BANDEIRA NETO é cronista e funcionário do SESI-Serviço Social da Indústria, ex-vereador por Imperatriz (MA)

  
Contextualizar vale a pena desde que tenha uma “pitada” de riso nela, diante da expressão, que põe em destaque.

Comércio de secos e molhados... com gostinho de hilaridade!

Não muito distante, há uns cinquenta anos, quando a cidade começava inchar de maneira descontrolada. Tudo ainda se mesclava ao provincianismo do saudoso tempo.

Era um local onde se fazia negócios numa quitanda; era ali na travessa da Rua Bom Jesus com Coronel Manoel Bandeira e Frei Manoel Próprio - da velha 15 de Novembro.

O dono era um velho cearense conhecido na redondeza como “Bezerra”, cheio de prosa; tinha uma turma de admiradores e de saborear sua cachaça misturada com esse relvado, popularmente chamado de “vereda,” nativo do campo.

Sempre os sertanejos traziam p’ra Ele sacos cheios desse capim próprio para tempero e chás.

Então, ele mandou fazer um cofo grande de palha de palmeira para depositar esse ingrediente temperativo.

Colocando-o em cima de um assento tirado de um tronco de uma mangueira cortada no serrotão.

Certo que a bichinha (GATA) bastante curiosa... fazendo dali seu repouso matinal e vespertino. Só saindo quando o velho ia tirar a erva-mate para usar nas suas especiarias.

Por consequência disso, o pinguço batizou logo... “dar-me uma cachaça do cofo que a gata pariu dentro”.

Educadamente, o velho atendia dizendo: por não “boi de canga”; assim tratavam-se os biriteiros, indistintamente.

Naqueles idos tinham poucos médicos na cidade e que trabalhavam para a saúde pública; até porque Imperatriz ainda era uma cidade pequena num porte de 50.000 habitantes e com um percentual grande residindo na zona rural.

Mesmo assim, um doutor da medicina local foi até aquela quitanda e falou que o consumo daquela cachaça estava dando muita crise de cirrose hepática, e perguntando: qual a mistura que coloca dentro dela?...

O velho, ironicamente, disse: vereda do cofo que a gata pariu dentro, misturada com odor corporal e com cheiro de grama amassada da “bichana”.

Aí o médico disse ao dono da mercearia: essa erva é indicada para cólicas e menstruações. Arriégua!

Mas doutor!... É o perfume adocicado desse vegetal que anima os pinguços dos arredores e, agora, sabendo disso e dessa pingadeira uterina... aí é que vão beber... falou o sexagenário com seu gesto de sacanagem.

“E por isso, que um deles disse logo um verso (sic)...” “cachaça do diabo, filha do satanás, beba essa cachaça rapaz”!

Só numa parida da gata vieram seis gatinhos e morreram seis bebuns que deleitaram da cachaça com vereda do “cofo que a gata pariu dentro”.

Que digam os registros eternos do São João Batista...

“Ninguém faz mal voluntariamente”... Sócrates.

História:
Você sabe qual o país que inventou a cachaça?

Resultado... como não podia deixar de ser, num litoral brasileiro em 1516... sabe qual foi a pioneira?... Ypióca, do CE.
Para fechar a trilogia de “cachaça gata e vereda”, nada melhor como falou o poeta nordestino Ascenço Ferreira...
“Em jejum eu te recebo/como xarope dos bebo/tu puxas, eu arrepucho/bate comigo no chão/bato contigo no bucho”.

Beba com moderação...

                                                                                                                  INTÉ! 

 
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