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14/01/2023 às 00h00min - Atualizada em 14/01/2023 às 00h00min

“MOÇA NÃO EXISTE”

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.

 
Era um fim de semana. Dia de casamento. Fazia um dia bonito! Letra-DÊ, casou-se de papel passado, com véu e grinalda. Um sonho aliás de sua mãe para os quatro filhos. Os comes e bebes rolavam solto. O pai convidou até uns policiais seus amigos e até o “Presidente da Colonha”. E todos lá na maior descontração.

Debaixo daquele sombrião das mangueiras do outro lado do rio, na beira do rio, a alegria e a felicidade eram uma só. E os comes e bebes rolando solto. DONA ESTERLINA a mãe da noiva, toda “inxirida”, calçava tênis e vestia uma calça colada assim um tanto apertada. Parecia uma cocota. Ela servia uns salgados numa reluzente bandeja de inox. Foi quando um polícia já com duas do juízo, lançou uma Pérola: MOÇA? Moça não existe!

DONA ESTERLINA, ouvindo aquilo saiu dando coice no ar e soltado fumaça por todos os poros, pê da vida, como aquela frase do polícia que dizia que “Moça não existe”. Logo ela, Dona Esterlina, mãe quatro filhas em que o grande desejo de sua vida era que todas as filhas se casassem moças de papel passado do com véu e grinalda e flor de laranjeira.

Afinal, ali, no casamento da filha e, na sua casa, ela era a anfitriã. E tudo o que ela dissesse ou pensasse haveria de merecer a atenção e o respeito de todos. Então ela – ofendida dos pés à cabeça, exclamou perguntando fora das vistas do polícia: - Dizer que moça não existe?! Tai Betinha, minha filha que eu tenho certeza de que é moça. E repetia: Taí Betinha minha filha que eu sei que é moça!

Deixa que Betinha uma jovem mulher, havia estado em Brasília e para não voltar para aquele sitiozinho à beira do rio, na zona rural, acabou ficando e morando na casa de um senhor de posses, na pequena cidade, o homem mais importante do lugar, ali mesmo por perto.

Betinha morando na casa daquele homem importante, estavam todos felizes: o pai, a mãe, a moça e até os seus anfitriões (marido e mulher). Deixa, porém, que o ladino “homem importante”, estava comendo Betinha, discretamente e na boa. O caçador e a presa ambos de bico calado. Caladinho! E quando menos esperavam, Betinha apareceu de Bucho. O Pai da criança? Claro, o anfitrião que a recebeu quando Betinha toda entonada, veio de Brasília.

O sururu estava formado! Aí a esposa do patrão deu o grito: Pariu na minha casa, o filho é meu! - Eu é que vou cuidar. Negativo, disse Dona Esterlina, a mãe de Betinha. Você é uma impostora, insistiu.  A criança é filha da minha filha. Eu sou a avó. E eu é que vou cuidar da criança. Foi aquela cana de braço. E só então descobriu-se que Betinha não era mais moça. E, como diz o ditado: “Quebraram a castanha na boca” de Dona Esterlina.

O JUIZ:
Naquela província existia um juiz. Juiz de família, juiz de casamentos, etc. “Mexeu com moça tinha que casar”. Essa era a lei. Quisesse ou não quisesse, gostasse ou não gostasse, tinha que casar. Ou casava ou ia para o xadrez. Numa dessa o cabra resistiu: “Não caso e ninguém me obriga a casar”. Assim, na lata! Na cara do Juiz. Aí o “meretríssimo” segurou o homem à força, no braço e vociferou: “Teje preso seu cabra safado”. E e entregou o valente à polícia.

Preso ele mesmo impetrou um habeas corpus perante o Tribunal, que postou pelos Correios.  E expôs os seus motivos. De lá veio a ordem de liberdade e a advertência para que o juiz não mais praticasse semelhante conduta. Santo remédio! E quando não tem um Tribunal mais acima? Eu te pergunto. Aí fica como fica, aí dá no que quanto dá.

“CABELUDINHO”
Cabeludinho era um trambiqueiro profissional em meio a tantos outros na paróquia. Era trambique por sobre trambique por onde andava. Dava até uma de advogado, na maior. Era uma figura carimbada. Aí chegou a “OPERAÇÃO”. E não é que aquele maldito tinha uma “amizade” no meio da operação?! Pronto! Da noite para o dia aquele trambiqueiro profissional, caloteiro, falsário, estelionatário, virou “autoridade” com passe livre e cabresto solto no meio da operação???!!!

OPINIÃO:
“Todo tumor um dia vem a furo”. Diz a sabença popular. Tem mais: “Pise enquanto puder pisar, mas lembre-se de que o seu dia de ser pisado, chegará”. Não tenha dúvida. Quer saber mais: Não há mal que dure para sempre. E “o mundo não se acaba na nossa porta”, como diz a canção.

* Viegas  interpreta e questiona o social
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