07/01/2023 às 00h00min - Atualizada em 07/01/2023 às 00h00min
O CÂNCER DO PELÉ
Um personagem importante do Brasi, no século 20, morreu em final do ano passado. Todos nós acompanhamos, entristecidos, a luta do idolatrado Pelé pela vida. Foram momentos de sofrimento, angústia, dor e resignação.
Ouvimos coisas, que para nós médicos fazem parte do dia a dia, como metástases, alimentação enteral, invasão tumoral e cuidados paliativos.
Quando chegamos ao final, como o Rei, é o pessoal de uma especialidade pouco conhecida que começa a trabalhar: os Cuidados Paliativos. Sim, é uma especialidade médica bastante difícil pelos muitos momentos angustiantes em que tenta contornar até o fim para que seja alcançado com dignidade que o momento requer.
A grande questão no quadro clínico do Rei seria saber se o câncer dele poderia ter sido evitado.
A resposta é SIM!
Seria possível para ele, bem como para milhões de pessoas, evitar e prevenir o câncer, desde que participem de programas de diagnóstico precoce e prevenção para que o diagnóstico não se realize e fases mais tardias, quando diminuem muito as chances de cura. O diagnóstico precoce, obviamente, aumenta as chances de cura evitando sofrimento físico e emocional pessoal, e da família.
As formas de prevenção do câncer podem ser ditas como primária e a secundária. A primeira que se relaciona a hábitos alimentares e de vida, chamamos de medidas comportamentais, amplamente conhecidas por todos; a segunda é realizada pelos diagnósticos precoces com exames direcionados, definidos pelos tipos de tumores, características pessoais e familiares (herança) de cada indivíduo.
O câncer do Edson era o de cólon e reto, o terceiro mais frequente no país, onde o grupo de risco médio são as pessoas com mais de 45 anos e um grupo de risco alto são famílias com síndromes genéticas, em especial a polipose e a síndrome de Lynch, além daqueles com parentes de primeiro grau portadores desse tipo de tumor, os que tiveram previamente câncer ou pólipos adenomatosos intestinais e os portadores de doenças inflamatórias intestinais.
A Colonoscopia é o exame de eleição para as pessoas com mais de 45 anos, devendo ser repetida a cada dez anos ou em intervalos menores nos casos de se encontrarem pólipos adenomatosos que são precursores do câncer e podem ser retirados praticamente zerando o risco de câncer. Nos grupos de alto risco a colonoscopia é realizada em intervalos menores de acordo com cada caso.
Os grupos submetidos à colonoscopia têm índice 20 a 30 % menor de casos de câncer esperados.
Outros tipos importantes de câncer devem ser submetidos a programas de vigilância.
O câncer de mama, é o mais frequente entre mulheres principalmente com mais de 40 anos, com parentes de primeiro grau com câncer, mutações genéticas hereditárias, nódulos com atipias celulares, devem fazer vigilância com mamografia.
O câncer de próstata o que mais acomete homens, populações de risco acima de 50 anos devem ser feito dosagens de PSA e o toque retal.
O quarto câncer é o de pulmão com exposição a fatores ambientais como amianto, fumantes que pararam a menos de 15 anos, nesses casos recomenda-se a tomografia computadorizada de tórax anualmente.
Temos no Brasil o grupo especial dos tumores do cólon uterino ocasionado por determinados tipos de HPV com cerca de sete mil óbitos anos, a prevenção e com a vacina e mulheres com vida sexual ativa o uso de preservativos e o exame ginecológico anual com realização do Papanicolau.
A ampla aplicação dessas medidas permite salvar vidas!
O Edson morreu! O Pelé é eterno!
Nós, somos finitos não somos eternos. Não vire placa, previna-se!
