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07/01/2023 às 00h00min - Atualizada em 07/01/2023 às 00h00min

BUBUTE – UM ISPRITO MAU

CLEMENTE VIEGAS

CLEMENTE VIEGAS

O Doutor CLEMENTE VIEGAS é advogado, jornalista, cronista e... interpreta e questiona o social.

 
Naquele final de ano eu cheguei à casa paterna para passar as férias escolares. Férias que de férias só tinha o nome. Era serviço bruto mesmo! Na lavoura roceira do meu pai de igual para igual como qualquer outro trabalhador.

Logo comecei a ouvir insistente o nome de um sujeito “prevesso”, brigador, “isprito mau”. Um indivíduo que “vivia com o diabo no couro”. Era um tal de BUBUTE que morava pras bandas do São João, da Conserva - praquelas bandas. Um tanto distante daqueles meus capoeirões, o que, porém, me deixava um tanto aliviado.

Contavam que BUBUTE quando bêbado, cortava as pessoas que encontrava pelo caminho. Deixava as pessoas aleijadas, mutiladas. Contavam que, bêbado, ele teve uma briga no caminho com PUPUCA, a quem lhe mordeu nos lábios e deixou-lhe estragado pelo resto da vida. Em silêncio eu ouvia aquelas barbaridades estarrecedoras de BUBUTE e ficava morrendo de medo. “Deus me livre um dia me encontrar com esse sujeito”. Eu pensava.

Poucos dias se passaram e então, na companhia do meu irmão paterno Afonso e lá vamos nós para uma boiada (bumba boi) na casa de Dona Generosa, no lugar Conserva. Eu tinha a noção de que BUBUTE morava para aquelas bandas e logo imaginei que ele poderia estar naquela boiada. E então, insistente eu pedia ao meu irmão Afonso que me mostrasse aquele tal BUBUTE.

Eis que no terreiro da festa, quando ali estávamos em braços cruzados (ao peito) um costume época, em dado momento o meu irmão Afonso, abre o verbo: “Olhaí, tu não tava querendo ver o BUBUTE – e, apontando o dedo:  – é aquele ali”. Estávamos a uma distância mediana de uns dez metros. “In continenti”, um homem entrega ao BUBUTE um tamborim. BUBUTE, de posse daquilo e sem nenhuma troca de palavras servindo-se de uma estaca fincada ao meio do terreiro, deu duas, três, quatro estocadas e destruiu o “instrumento”.

E eu, qual uma estátua de sal, só vendo. A essa altura, minhas pernas estavam bambas quase nem me davam condições de manter-me de pé, ali no meio do terreiro. Era como se eu quisesse me enfiar num buraco com cem metros de profundidade, tal o pavor que ali me dominava.

Ainda pedi ao Afonso que àquela hora – umas oito da noite – pegássemos o caminha de volta. Mas o Afonso me deixou claro que, àquela hora, aquilo “nem pensar” e que ali no terreiro da boiada permaneceríamos até ao amanhecer do dia, quando então pegaríamos o caminho de volta. Tive vontade de “romper caminho”, mas como? Se eu tinha medo de visagens, de “Currupiro”, de cachorro doido, da própria noite e de tudo enfim. Eu estava a uns dez quilômetros distante de casa. E ainda por cima, lá em cima “relampiando”

O jeito que teve foi suportar aquela noite, debaixo do sereno com a boiada troando no barracão de D. Generosa lá na Conserva. Foi uma noite duramente inesquecível. A noite mais longa da minha vida. Até hoje quando me lembro daquela noite eu sinto um frio na coluna vertebral... e uma dor na barriga...

A CACHORRINHA

Assim como à catadora coube a “glória” de entregar a faixa ao ****, a cachorrinha da JANJA, encontrada no movediço de um breve tempo de prisão – a si coube roubar a cena, ora carregada; ora em seus próprios passos e meter-se pelo meio e transformar-se na estranha, incômoda e bizarra cena que todos viram.

ZÉ BAIANO – O FERRADOR

Zé Baiano do Grupo de Lampião, era o “cangaceiro ferrador”. Aprazia-lhe também em espancar suas vítimas com uma palmatória, “Professora”, para ensinar o bom comportamento. A história registra que Zé Baiano tinha preferência por ferrar mulheres que usavam cabelos curtos, decotes devassos ou saias curtas. Tanto ferrava como festejava. Fosse nos dias de hoje, Zé Baiano do Bando de Lampião, teria muito serviço! E muita festa! “Professora”, a palmatória, também tinha muito o que ensinar.

OPINIÃO:

Na multi secular palavra Sagrada está escrito em Salmos 20:7 que -... “alguns confiam em carros e outros em cavalos”. E eu, falando sozinho "Nos aviões então”! Vejo então que homens, mulheres e crianças, entregaram suas crenças aos Exércitos (dos homens) e acabaram como acabados estão:  Sozinhos!

Volto no tempo e vejo que em VOZES D’ÁFRICA, no ano de 1866 (faz 156 anos), Castro Alves escreveu:

Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? / Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes / Embuçado nos céus? / Há dois mil anos te mandei meu grito, / Que embalde desde então corre o infinito... / Onde estás, Senhor Deus?... ... ...

* Viegas questiona o social.
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